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Dulce logo soube que ainda havia muito por acontecer. Depois de passar horas intermináveis na prisão sob acusação de homicídio, ela fora liberada no começo da tarde, quando Masterson tinha pagado a fiança e ameaçado processar o detetive Aldrich por abuso de autoridade.
Sentindo-se a última das criaturas, ela se trancara no quarto e se deitara, desejando dormir até que aquele pesadelo tivesse fim.
Apanhou o telefone e ligou para o consultório.-- Consultório dos drs. Álvarez e Morán, um momento por favor...
-- Zora, é Dulce. Onde está a Secretaria? Pq está atendendo ao telefone?
-- Dulce María! Eu estava tão preocupada! Glória está lá fora, tentando expulsar os repórteres. Como está?
-- Estou bem.
-- Mas os Jornais...
-- Não acredite em tudo que lê nos jornais.
-- A polícia esteve aqui e revirou seu consultório de ponta a ponta, além de fazer milhares de perguntas. É verdade que Paco...
-- Sim, ele foi assassinado. O resultado da autópsia indica presença de Ouabaina no sangue.
-- Oh meu Deus! Mas eu ia perguntar se é verdade que Paco...
-- Também, ele tem mais duas esposas além de mim.
Dulce ouviu quando a enfermeira irrompeu em lágrimas do outro lado da linha.
-- Há alguma coisa que eu possa fazer pra ajudar? - Ela perguntou entre soluços.
-- Apenas ajude Mário a encontrar as fichas dos meus pacientes.
-- Dulce, não sei como lhe dizer mas... - Zoraida Clareou a garganta. - Minha irmã me telefonou dizendo que há um novo hospital em Rilley... O salário é bom, além dos benefícios. Mandei um currículo e... - Ela hesitou antes de prosseguir com voz chorosa: - Eu não queria me mudar, mas não posso perder essa oportunidade. Espero que compreenda.
-- Claro... Vc tem que pensar no seu futuro. E quanto a Eddy?
-- Sua situação foi um alerta para mim, doutora. Eu ficarei melhor sem ele.
Dulce suspirou. Nem todos os homens eram como Paco, mas dizer isso soaria falso.
-- Está certa em pensar em vc. Por favor, diga ao Dr. Morán para me telefonar se tiver alguma dúvida sobre os pacientes.
-- Esta bem, precisa de alguma coisa do consultório?
-- Não obrigada. Apenas telefone antes de se mudar.
Dulce desligou com a incomoda sensação de que estava cada vez mais sozinha. Foi para cozinha, anciosa por tomar uma xícara de café, e encontrou Christian colocando Chantilly em uma caneca.
-- Alguma novidade? - ele lhe estendeu a xícara transbordando de creme.
-- Sim. A enfermeira que trabalha comigo vai embora, conseguiu um trabalho melhor.
-- Sinto muito, vc vai conseguir outra pessoa e...
-- presumindo que continuarei a exercer minha profissão. - Dulce atalhos com acidez.
-- Pq diz isso? - enquanto falava Chris serviu-se de café e sentou-se diante dela na mesa da cozinha. - Não está sendo pessimista demais?
-- Estou sendo realista. Depois que a notícia sobre minha prisão se transformou num escândalo, os pacientes desaparecerão. Até minha enfermeira já me abandonou.
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Um Amor de Verdade
RomanceDulce Maria Álvarez tinha tudo pra ser feliz: Um casamento perfeito com um homem que era o sonho de toda mulher, a profissão que sempre sonhará ter e uma linda casa na pacata cidadezinha de Smiley. Então,por que ela tinha a sensação de que uma Catá...