Capítulo: 26

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-- Olhe pra isso tudo. - Disse ele, fazendo um gesto abrangendo o ambiente. - Esta cozinha tem dezenas de eletrodomésticos escondidos na bagunça. Nem minha loja é tão caótica! Não posso negar, ela é uma mulher excêntrica.

-- Você acredita na história dela. - Dulce perguntou, enchendo uma xícara com café.

-- Suponho que sua intuição sobre a inocência dela seja correta, a mulher misteriosa ainda está por aí.

-- Mas por que estaria atrás dela? Não faz sentido. Por que o assassino, ou assassina se arriscaria tanto, já que todos os indícios colocam Beatriz como autora do crime? - Ela tentou entender. - Não acha que seria a oportunidade perfeita pra ele ou ela se livrar das acusação?

-- Sim mas se Beatriz estiver morta...

-- Um suicídio fecharia o caso, mas um tiro em um carro em movimento? - Ela balançou a cabeça com descrença. - Deixaria óbvio que o assassino ainda está a solta. Não acredito nisso. Além do mais, por que Beatriz não procurou a polícia?

-- Ela está certa ao dizer que não acreditariam na história dela... - Poncho ponderou, fitando-a com seriedade. - A final, você mesma duvida.

-- Tem razão. - Ela suspirou. - Começo a acreditar que Beatriz tem alucinações. Lembro-me de Paco ter dito que ela possuía problemas mentais. Vou telefonar para Masterson e pedir a opinião dele.

-- E eu vou encontrar sacos para me livrar desse lixo. - Ele resmungou, tirando as frutas apodrecidas da Fruteira sobre a mesa. - Tenho a impressão de que ninguém limpa essa cozinha a séculos.

    Dulce Maria foi para o hall tão grande quanto a sala de estar de sua casa. Logo que pisou no mármore do chão, a campainha tocou, provocando-lhe um sobressalto.
   Beatriz descia as escadas, amarrando o cintondo robe. Ergueu a mão para impedir que Dulce abrisse a porta e espiou pela janela que oferecia vista para o jardim.

-- É o florista. - Disse aliviada. - Mas flores para nosso amado Paco!

-- Quer que eu atenda a porta pra você?

-- Sim. Mas não dê gorjetas ao entregador. Eu já dei o bastante para garantir a formação universitária dele.

    Notando que a sobriedade havia restaurado o bom humor de Beatriz, Dulce destrancou a porta e a abriu com cautela.
   Seu primeiro pensamento foi que alguém fora imensamente generoso ao enviar aquele imenso buquê de rosas vermelhas.
   O segundo foi que ela se reuniria com sua amada tia Rosa Maria mais rápido do que imaginara... As rosas vermelhas se espalharam pelo chão, revelando a arma na mão do florista, a poucos milímetros de seu rosto.
    Somente então Dulce percebeu que o uniforme do entregador disfarçava curvas femininas. Seu olhar percorreu as mãos encobertas por luvas e pousou no gorro sobre sua cabeça, do qual escapavam mechas de longos cabelos loiros.

-- Ruby!!? - Balbuciou, mortificada.

-- Para trás! - a moça ordenou ao entrar e fechar a porta.

-- Beatriz! - Dulce a chamou, aflita. - Vá para o quarto!

   A falsa florista agitou a arma, deixando evidente que poderia disparar a qualquer momento quando, em vez de obedecer, Beatriz desceu os degrais lentamente.

-- Ruby não faça isso...

   A jovem virou o rosto para ela, e o brilho da ira se refletiu em seus olhos escuros.

-- Quase acertou... - Ela riu, e o som reverberou na memória de Dulce. - Vou deixar mesmo que a pobre Ruby leve a culpa, mas acho que será mais divertido se vocês souberem a verdade. - Ela riu alto e com gestos lentos, removeu a peruca loira.

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