Capítulo: 16

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Trailer de Ruby...

-- Quer que eu faça alguma coisa pra vc comer? - Dulce sugeriu, sentada na pequena sala do trailer de Ruby.

    A jovem estava tão interessada no relato de Christian sobre sua experiência na prisão, porém que não ouviu.
   Com um suspiro, Dulce acariciou os sapatinhos de crochê parte do enxoval que Ruby fizera questão de mostrar. Quase podia ver o bebê rechonchudo com os olhos adoráveis da mãe... E a boca sensual de Paco.
   O pensamento a perturbou, e ela se levantou para respirar ar puro do lado de fora.
   Ao levar a mão a maçaneta da porta, a campainha soou e Miss Mame começou latir.

-- Abra a porta Srta. Hicks. - A voz de Aldrich ecoou dentro do trailer. - Sabemos que a Dra. Dulce Maria esta com vc. Precisamos conversar.

   Dulce arregalou os olhos e ficou o irmão em um pedido de silêncio de ajuda.

-- Deixe-o entrar. - Ele aconselhou. - Será inútil ficarmos escondidos aqui.

   Dulce assentiu e abriu a porta. A expressão satisfeita no rosto de Aldrich sugeria que ele havia encontrado o que procurava.

-- Bia tarde, Senhores. Está se sentindo melhor Srta. Hicks?

-- O que o senhor quer? - Dulce tomou a frente em um gesto instintivo de proteção.

-- Eu sei porque ele está aqui, Dul... - Ruby balbuciou. - E estou pronta para confessar.

...

   Minutos depois, na sala do detetive, Dulce ainda tentava compreender o que acontecia. Ela e Beatriz assistiam emudecidas, enquanto a jovem prestava depoimento.

-- Eu matei Hammon Jackson.

   Dulce Maria olhou para Ruby sentada do outro lado da mesa. Os advogados das outras esposas também se encontravam presentes, assim como o detetive Aldrich e o promotor Peter.

-- A senhorita admite o assassinato de Hammon Jackson, ocorrido cinco anos atrás?

-- Sim. Minha mãe estava trabalhando, e eu fiquei sozinha com Ham. Ele estava embriagado, com sempre, e... - Ela suspirou, os olhos marejados. - Tentei resistir, mas ele era muito mais forte que eu e me violentou. Quando terminou, fechou o zíper das calças e se sentiu na poltrona, eu estava atordoada porque não tinha tomado minha dose de insulina. Fui a cozinha, peguei o frasco na geladeira e enchi a seringa. Antes que eu pudesse aplicar a injeção, ele voltou e segurou-me pelos cabelos, tentando me violentar de novo. Eu me debati e sem querer espetei a agulha no braço dele.

-- E ele morreu por como insulinico. - Dulce Maria concluiu horrorizada.

-- O que a senhorita fez depois disso? - Aldrich inquiriu, sem se comover.

-- Joguei a seringa vazia dentro de uma garrafa e fui ao cinema. Eu estava desesperada. - Duas grossas lágrimas rolaram por seu rosto. - Ham merecia morrer, mas eu não devia ter mentido quando fui interrogada pela polícia. Eu disse que Ham havia se suicidado com veneno de Rato, e essa foi a causa da morte registrada no atestado de óbito. Minha mãe não permitiu que o corpo fosse submetido a autópsia.

-- Por que está contando tudo isso agora? - Peter quis saber.

-- Ontém quando me senti mal, fiz a promessa de que se o bebê estivesse bem, eu contaria tudo a polícia.

-- O Sr. Entendi senhor Lewis, que tenho motivos suficientes para prender sua cliente? - O detetive se dirigiu a Billy o advogado de Ruby.

-- O senhor ouviu o que ela disse! Ruby foi violentada! Aquele bastardo merecia morrer.

-- O homem estava embriagado.

-- Não tão embriagado que não pudesse violentá-la. - Masterson interveio, incapaz de permanecer em silêncio. - Ademais, não houve intenção criminosa. Ruby estava apenas tentando se defender.

-- Eu vou para prisão? - Os olhos da moça pareceram bem maiores que o normal agora.

-- Verei o que posso fazer. - Peter prometeu. - Como o Sr. Masterson lembrou, não houve intenção criminosa. Além disso, vc era menor de idade e foi vítima de abuso.

-- Acredite, não vou perder meu sono por saber da morte de um homem que abusava de menores, mas parece muita coincidência que Paco Álvarez tenha morrido de forma tão semelhante. - Aldrich passeou o olhar lentamente pelas três mulheres. - E parece coincidência ainda maior que duas de vcs sejam amigas. Acrescente isso ao fato de que a jovem estava sozinha com o Sr. Álvarez na sala de terapia intensiva... Bem, meu trabalho esta muito claro. - Ele se voltou para Peter. - Detenha Ruby Hicks, promotor.

-- Mas ela acabou de sair do hospital, onde esteve internada por choque de insulina! - Dulce se levantou indignada. - Ela precisa descansar.

-- A Srta. Hicks terá supervisão médica. - Peter assegurou.

-- Bem creio que isso resolva tudo. - Beatriz declarou levantando-se.

-- Não exatamente. - Aldrich a fitou com um brilho no olhar. - Enquanto estávamos aqui, mandei fazer uma busca na sua casa.

-- O quê? Como ousa?

-- Detetive, o senhor não pode discutir evidências que possam ser usadas contra minha cliente diante de suspeitas acusadas do mesmo crime.

-- Sente-se Sr. Gaylord. - Aldrich ordenou ao advogado de Beatriz. - No meu ponto de vista, temos três mulheres que tinham motivo, conhecimento e oportunidade para executar o crime individualmente e ainda há possibilidade de uma conspiração entre as duas ou até mesmo três delas. Acho importante para cada uma de vcs saber o quanto estão comprometidas.

-- O que o senhor tem contra minha cliente? - Gaylord exigiu, esquecendo do Protocolo de sigilo.

  Aldrich sorriu e tirou um saco plástico que continha o que parecia uma folha de papel. Beatriz engoliu em seco.

-- Uma lista contendo várias formas de assassinato, escondida sob o colchão da Sra. Álvarez. - O detetive abriu a folha e começou a ler: - Passo número 1: Aumentar o seguro de vida de Paco... - Interrompeu-se e olhou para Beatriz. - Devo continuar, Sra. Álvarez?

    Atônita, Dulce observou o sangue se esvair do rosto de Beatriz.

-- Posso explicar. - Ela disse em um sussurro.

-- Claro. Terá muito tempo para isso. - Aldrich fez um gesto para chamar o policial que esperava na porta. - Oficial... Prenda essa mulher também.

                 XXX

Éh eu sei esse capítulo foi curtinho né...

Um Amor de VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora