Capítulo: 14

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   Beatriz acordou com o toque insistente só telefone. Estendeu o braço para desconectar o fio e congelou quando viu o número no indentificador de Chamadas: Paco Álvarez.
   Mesmo sabendo que seria impossível, ela teve esperança de ouvir a voz do marido.

-- Paco?

-- Beatriz? - Uma voz femenina se fez ouvir. - Dulce María Álv... Digo, Dulce Saviñon.

-- O que vc quer? - As palavras soaram mais agressivas do que ela pretendia.

-- Recebi a visita do proprietário de uma casa de penhores para quem Paco deve... Quero dizer devia muito dinheiro.

-- Se vc ligou para pedir dinheiro, esqueça. - Beatriz respirou fundo. De acordo com seu contador, ela já não tinha um centavo na conta do Banco.

-- Não liguei para pedir dinheiro! Acontece que o proprietário da loja me mostrou uma relação de ítens que Paco penhorou no ano passado, supondo que alguns fossem meus. Não identifiquei nada que me pertencesse, mas se vc estiver interessada, posso lhe enviar a lista.

-- Acha que Paco roubaria objetos dessa casa sem que eu percebesse? - Beatriz desafiou irritada.

-- Desculpa mas ele tinha outras duas esposas e vc não percebeu.

   A observação deixou Beatriz sem palavras por alguns segundos.

-- Está ligando da prisão? - Contra a tacou, revoltada.

-- Sinto muito por te-la aborrecido. - Magoada, Dulce estava a ponto de desligar quando ouviu:

-- Espere! Eu gostaria de ver a lista, apenas por curiosidade. Vou passar o número do fax. Por favor, anote o número. - pediu ditando com vagar.

-- Posso enviá-lo agora? O endereço e o telefone a da loja de penhores estão no formulário.

-- Está bem. - Beatriz hesitou antes de continuar: - Obgda Dulce.

-- Não há de que. Até logo.

   Beatriz desligou, ponderando se teria a mesma calma se estivesse no lugar de Dulce. Não, não era capaz de ser nobre e generosa. E a médica, ao contrário dela própria, jamais seria capaz de planejar e executar um crime.
    Passou a mão pelos cabelos em desalinho, sentindo-se a última das criaturas. Num impulso, procurou o cartão do advogado na bolsa e apanhou o telefone.

-- Gaylord, marque uma entrevista com o detetive Aldrich para amanhã cedo... Sim, eu sei que é domingo, mas se não for amanhã, receio que eu perca a coragem de falar.

(...)

    Christian sentou-se no banco do motorista da BMW e fechou a porta com um suspiro de tédio.

-- Chris, vc não tem que ir comigo. - Dul insistiu pela décima vez. - Eu mesma posso dirigir.

-- Não é esse o problema. Eu só acho estranho ver  visitar a esposa gravida do seu falecido marido no hospital em que ele morreu.

-- E vc acha que vou visitá-la porque quero? - ela recrutou com secura.

    Quando o telefone tocou as 04:30hr da madrugada de Domingo, ela atendera com o coração aos pulos. Levou alguns segundos para reconhecer a voz de Ruby, que chorava sem conseguir articular as palavras. Por fim, a moça conseguira dizer que estava sentindo dores no ventre e receava que houvesse algo errado com o bebê.
    O profissionalismo de Dulce a impelirar a fazer o que seu senso ético exigia: esquecer-se de que se tratava da terceira esposa de Paco e incorporar o papel de médica. Assim, a conselhara a jovem a chamar uma ambulância e ir ao mais próximo, consciente de que não havia mais ninguém que pudesse ajudá-la.

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