" sabe aquela sensação de ter levado um tapa na cara sem esperar, tipo do nada sem merecer, foi assim que Dulce se sentiu. "
Quando a porta do quarto se abriu e o Médico esbarrou em seu braço Dulce soube que não estava sonhando com toda aquela história louca.
-- Sr. Álvarez? -- disse o Médico.
Com se tivessem ensaiado uma coreografia bizarra, as três se voltaram para o médico e responderam em uníssono:
-- SIM!?
-- Eu sou a senhora Álvarez! -- Beatriz se adiantou. -- Meu marido vai ficar bem?
Confuso, o médico lançou um olhar para as três mulheres.
-- Ele está estabilizado, mas sofreu um infarto grave. Temos que levá-lo para a UTI.
Dulce se aproximou para falar com o colega, porém Beatriz se interpôs entre eles.
-- Quero ver meu marido. -- exigiu com voz trêmula.
-- Senhor Paço Álvarez está inconsciente. Não é o melhor momento para...
-- Ele sempre fica inconsciente quando temos que ter uma conversa seria. -- Beatriz retorquiu afastando o médico. -- com licença...
-- Também quero falar com ele. -- Dulce declarou.
-- Eu também! -- foi a vez de Ruby se manifestar.
-- Vocês são parentes próximas do Sr. Álvarez?
-- SIM! -- As três responderam em coro. E o médico arqueou as sobrancelhas confuso.
-- Sinto muito Senhoras, mas não vou permitir que entrem. Por favor, queiram se afastar, ou terei de chamar o segurança.
Sem dizer mais nada o médico entrou e fechou a porta
Dulce María odiou o marido por fazê-la passar por aquela situação embaraçosa, marchou até o elevador, consciente de que as duas auto-proclamadas esposas de Paco a seguiam.-- Oque faremos? -- Ruby quebrou o silêncio tenso que pairava dentro do espaço restrito.
-- Não sei o que vocês farão mais eu vou a procura de uma máquina de café. -- Beatriz declarou, saindo para o saguão com passadas firmes.
Em silêncio, o trio se encaminhou para a lanchonete anexa a recepção e munidas de copos duplos, sentaram-se a uma das mesa.
-- Quem vai falar primeiro? -- Ruby perguntou, encomoda com o silêncio.
-- Porque não começa, Beatriz? -- Dulce propôs. - Afinal você conhece Paco há mais tempo do que nós.
Fixando o olhar no copo já vazio, Beatriz respirou fundo e assentiu.
-- Paco e eu nos casamos a Vinte e dois anos atrás. Ainda moramos na mesma casa em Northbend, Tennessee. Em Função das vendas, Paco sempre viajou muito e...
-- Vocês se divorciaram ou não? - Dulce interrompeu, Impaciente.
-- Não, nunca nos divorciamos. -- disse Beatriz e a verdade caiu sobre Dulce como um raio.
-- Vocês tem filhos? -- perguntou, Dulce receando ouvir a resposta.
-- Não. Não posso engravidar, e ele nunca quis adotar uma criança. - Beatriz ergueu a sobrancelha. - E voces?
Dul balançou a cabeça em negativa e ambas olharam para Ruby que negou com um gesto quase imperceptível.
-- Como descobriu que ele estava aqui? -- Dul indagou a Beatriz.
-- Recebi uma ligação do hospital para confirmar a a validade do seguro-saúde.
-- E você? - Perguntou a Ruby.
-- Ele me telefonou. - Os olhos Azuis se arregalaram com uma inocência infantil.
Dulce engoliu o café para tentar se livrar do amargo na boca. Era óbvio que ele preferia que Ruby estivesse ao lado dele.
Avaliou rapidamente as duas mulheres. Beatriz era sem dúvida, a mas elegante das três. Corpo perfeito, pernas bem torneadas e pele morena acetinada. Os cabelos pretos bem cuidados, longos e anexados, dava-lhe um charme especial. Tinha bom gosto para se vestir e na certa muito dinheiro.
Ruby transpirava Jovialidade. Cabelos longos louros emoldoravam um rosto arredondado. As sobrancelhas finas e os olhos azuis e boca e lábios cheios chegavam a ser desproporcionais, mas certamente lhe emprestaram uma beleza exótica. Parecia ter menos de 18 anos e deixava óbvio que era a mas ingênua delas.-- Em todos esses anos, nenhuma de vocês suspeitou de nada? - Ruby perguntou, alheia a avaliação discreta de Dulce.
As duas mulheres se voltaram para Ruby e Dulce sentiu uma ponta de cumplicidade com Beatriz. Ao menos ambas tinham uma história com Paco.
-- Quantos anos você tem? - perguntou Beatriz com superioridade.
-- Vinte e um.
-- E como o conheceu?
-- Meses atrás ele começou a visitar o lugar em que trabalho. Depois de um tempo... - ela ergueu os ombros, como se a sequência dos fatos estivesse implícita.
-- Onde exatamente você trabalha? - Beatriz insistiu no mesmo tom pedante.
-- Sou dançarina no Pink Pady's em Leander, Kentucky.
Dulce mal registrou a palavra. Três mulheres em três Estados diferentes! Não era para menos que Paco viajava na maior parte do tempo!
Uma nova onda de fúria cresceu dentro dela. Paco ia pagar por aquilo! Pensou apertando as mãos até que as unhas feriu as Palmas.-- Alguma de vocês sabem o histórico de doenças cardíacas na família Álvarez? - perguntou Dul pra se destrair dos pensamento de vingança.
-- Não os pais dele morreram de câncer quando ele era criança. -- Beatriz informou.
-- Achei que tinham morrido em um acidente de barco. - Murmurou Ruby.
-- Pois ele me disse que tinham morrido em um passeio panorâmico de helicóptero. -- Dulce apresentou sua versão pertubada.
-- Mas Paco estava bem. - Beatriz comentou. - Fez um Check-up recentemente.
-- Eu sei eu mesma analisei os exames dele. - Dul suspirou. - Acho que o choque de nos ver juntas foi o que causou o ataque do coração.
-- Aposto que aquele bastardo nunca considerou essa possibilidade! - Beatriz amassou o copo descartável com fúria contida. - Não acredito nessa comédia!
Entre tanto uma delas riu.
-- O que faremos se ele morrer? - Ruby indagou, preocupada.
-- Pior o que faremos se ele viver? - Beatriz riu a beira da histeria.
-- Por falar nisso é melhor voltarmos ao quarto. -- Dul observou. - Vou exigir que o médico me deixe falar com ele.
Então as três Sras. Álvarez seguiram juntas para o saguão do elevador, Unidas num estranho tributo ao marido em comum.
...
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Um Amor de Verdade
DragosteDulce Maria Álvarez tinha tudo pra ser feliz: Um casamento perfeito com um homem que era o sonho de toda mulher, a profissão que sempre sonhará ter e uma linda casa na pacata cidadezinha de Smiley. Então,por que ela tinha a sensação de que uma Catá...