—Luke...-O chamo, chamando a intenção dele, que estava superconcentrado no celular. —Eu sou uma pessoa atraente?
Pergunto olhando meu reflexo no espelho da sala.
—Não, eca. -ele responde como se estivesse com nojo. —Por que a pergunta?
Ele joga o celular no sofá, prestando mais atenção.
—Eu acho que levei um fora. -Falo forçando um sorriso.
Não foi bem um fora, eu nem tentei fazer nada e muito menos dei em cima dele, só tentei fazer amizade na primeira vez e agora eu só fui agradecer.
Mas tudo bem.
—Você tá muito estranha, cora. -ele fala como se estivesse me alertando disso. —Desde que você chegou, vem agindo estranho.
—Eu só não me acostumei ainda. -Murmuro dando de ombros.
—Você nunca chegou bêbada em casa até quarta, nunca arrumou confusão em sala de aula e muito menos se importou com um fora. -Luke faz uma expressão de preocupado.
Me sento no balcão da cozinha que dava pra eu o ver tranquilamente.
—Você é a garota mais confiante que eu já vi na face da terra, então você vai me dizer qual é o problema?
Ele pergunta se levantando do sofá, atravessando a sala e indo até mim, se sentando ao meu lado, esperando alguma resposta do meu silêncio.
Não, eu não posso falar.
Não posso falar sobre os comentários malvados que o Theo me fez desde o meu primeiro dia, não posso falar em como a nossa situação tem tirado toda minha concentração e em como eu me sinto incapaz diante de tudo.
Não posso dizer que as marcas do meu braço são por causa de um idiota que não gosta de mim e eu nem sei o porque.
E nem posso dizer que as palavras de um desconhecido mexeu com a minha cabeça, suspiro enquanto invento uma outra mentira.
—É que eu tentei arrumar um emprego e olha que incrível, fui rejeitada nos quatro que eu fui. -Tento explicar, não é de fato uma mentira.
Ele bufa.
—Você sabe que você não precisa, mamãe conseguiu uma proposta e o papai tem recebido bastantes pedidos. -Ele suspira.
—Mas eu estou cansada de só ver eles pra dar boa noite.
Murmuro triste, de fato eu eu estou farta disso, antes meu pai sempre fazia uma pausa durante o dia pra ficar com a gente e quando não dava, ele sempre aparecia no meio da noite feliz, nos acordando só pra dizer que chegou.
Minha mãe trabalhava em um em um escritório de administração, que surpreendente ela amava, agora ela não para em casa, procurando algum emprego que ela provavelmente não gosta.
—As coisas vão melhorar. -Ele diz firme e esperançoso. —Hoje eu fui procurar emprego.
Ele admite.
—Nada disso, nem pense nisso. -falo autoritária. —Você vai fazer inscrições em toda faculdade que você ver pela frente e é só isso que você tem que fazer.
Não posso permiti que ele faça isso, ele não pode perder as melhores oportunidades que ele vai ter por isso, o que me deixa mais determinada em conseguir algo.
—Fica tranquila, cora. -ele suspira. —Já me escrevi em uma e vou trabalhar meio período.
Luke diz me aliviando e eu sorrio, grata por ter um irmão como ele, mesmo sendo implicante pra caralho e que ame roubar minha comida, ele sempre cuida de mim e eu faço o mesmo.
—Que faculdade vai ter o desprazer de te ter? - brinco bagunçando o cabelo dele.
—Você não vai ter o prazer de saber. -ele diz se levantando.
—Por que? -Pergunto indo atrás dele.
—Porque você não tá me contando toda a verdade. -ele responde magoado. —Não sei o que fiz pra você não confiar mais em mim, mas te conheço a 19 anos e sei quando você mente, não sei se você se lembra, mas nós sempre mentíamos juntos.
Ele se afasta, voltando a se sentar no sofá.
—Quando você tiver pronta pra me contar, eu te conto pra que faculdade eu fiz a inscrição.
Eu fico parara, o encarando sem conseguir dizer nada, passo as mãos no rosto sem acreditar que tudo isso está acontecendo.
Subo pro meu quarto correndo, acho que essa é a hora de derramar todas as lágrimas que eu guardei esses dias.
Eu confio no meu irmão mais que tudo, mas lembro bem o que aconteceu há um ano atrás, quando um garoto tentou me forçar a dançar com ele.
O garoto foi para o hospital e meu irmão pra cadeia, eu só não quero que as coisas fiquem piores.
—Seu irmão é um pecado. -Bride diz dramática enquanto fecha a porta. —Ele é solteiro?
Pergunta ela, deixando claro sua malícia.
—Pelo que eu sei, é sim. -Falo sorrindo, me sentindo melhor que ontem. —Como estou?
Pergunto passando a mão pelo comprimento do vestido preto colado em meu corpo.
—Gostosa. - responde ela enquanto observava meu quarto, ainda tinha algumas caixas com roupas, mas estava quase tudo em seu devido lugar.
—Você também. -observo o vestido dela, tão justo quanto o meu, combinava com ela.
Me olho no espelho do meu quarto, não me sentindo bem o suficiente pra querer ir, mas bem o suficiente pra encarar mais essa.
Vai ser bom.
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CAOS
Romance•livro totalmente independente, porém se quiserem entender melhor, leiam sem razão antes• Ele não é bom, ele não é a luz, não é a calmaria, muito menos a paz. Ele é um caos, formado por cacos que cortam a quem tocar. E ele sabe que não é bom pra ni...