Ontem foi a definição de um dia merda, literalmente, eu tentei esconder as marcas de dedos do meu braço antes da janta e de encontrar meus pais, e isso obviamente não deu certo.
Porque eu não faço nada direito. Foi um surto coletivo e mais uma vez eu tive que mentir pra deixar eles tranquilos.
Falei que uma amiga me segurou com força para que eu não caísse, foi a única coisa que pensei na hora, foi uma desculpa péssima, horrível aliais, mas boa o bastante para meus pais acreditarem.
Mas não o bastante para o meu irmão:
—Vai me dizer quem fez isso ou eu vou ter que descobri sozinho?
Ele diz quando nossos pais se afastam, com o olhar que eu sei que se eu não mentir melhor, ele vai acabar fazendo besteira.
—Não foi uma amiga que fez isso, foi uma vaca da aula de economia que não gostou do meu tom de voz. -minto de novo. —Mas já está tudo bem, ela levou uma advertência.
E minto outra vez e dessa vez parece adiantar.
No total, 90% das coisas que falei ontem foram mentiras, é isso, virei uma baita de uma mentirosa.
Observo Brown sumir enquanto entrava no meio das pessoas.
Suspiro frustrada, me encostando no armário, as coisas não têm sido fácies desde que cheguei, mas uma hora vai melhorar, Tem que melhorar.
—Você vai pra festa? -levo um susto quando a Bride aparece do nada ao meu lado.
—Da onde você saiu? Meu Deus. -falo rindo.
—Você que estava toda distraída ai. -ela ri também e continua. —falta um mês para as férias, isso significa que acontece uma baita festa um mês antes e a festa das festas, no dia das férias.
Bride diz eufórica, só faltava dar pulinhos.
—E é domingo a primeira festa, depois de amanhã, você vem né ? -Ela diz me puxando pelo corredor, olho em volta com receio de encontrar o Theo por aí.
Graças a Deus ele já está no último período, então não tenho que ver a cara nojenta dele quase todos os dias.
—Entãooo? -ela chama minha atenção. —Domingo me parece um péssimo dia pra ir pra uma festa.
Comento, sem interesse em ir.
—Essa é a graça, na segunda todo mundo vai estar que nem morto vivo. -diz ela achando graça, o que tem de bom nisso?
—Por favor, vai. -insiste ela. —Vai ser bom pra você se enturmar.
—Eu posso até ir, mas vou voltar cedo, tá bem? -o meu cedo seria ficar no máximo uma única hora na festa.
—Vai ser incrível.
Me distraio com Bronw, que estava a três mesas de distância de mim, totalmente alheio a tudo e a todos, lendo cada parágrafos.Olho pra minhas folhas cheias de códigos penais e bufo cheia de tédio, achando que ficar o encarando é melhor.
Observo ele, seus cabelos tinham um corte, mas mesmo assim, eram mais ou menos grandes, sempre com uma mecha fora do lugar, o que me deixa morrendo de vontade de arrumar.
Acho que ele percebe que eu estou olhando, porque ele vira e olha diretamente pra mim, com aquele olhar de "para com isso".
Desvio o olhar com pressa, mas não consigo disfarçar a risada baixa que saiu da minha boca.
Droga.
Levanto os olhos, vendo se ele ainda me encarava e felizmente ou infelizmente, não.
E com um sorriso no rosto, eu volto para as minha folhas cheias de códigos penais, mas meus olhos automaticamente desviavam-se pra ele, observo ele virar as páginas e eu nem li a primeira.
Os pés dele batiam contra o chão repetidamente e mais uma vez, os olhos dele vão em minha direção e eu mais uma vez desvio.
Me surpreendo quando ele se levanta, trazendo a atenção da sala toda pra ele, que da uns 5 passos em minha direção e fala com a pessoa sentada ao meu lado.
—Pode trocar de lugar comigo, Sam? -ele pede de forma autoritária e ela nem sequer pensa duas vezes antes de se levantar e ir pra onde ele estava.
O encaro surpresa, mas ele não estava nada feliz.
—Da pra você parar com isso? -ele pede de maneira grosseira ao se sentar ao meu lado. —Com essa merda de perseguição e de ficar me encarando, essa porra é um saco.
O encaro sem nenhuma reação, fora a surpresa que eu sentia e talvez eu me sinta ofendida, magoada, não sei.
Olho em volta, perecendo que ninguém ouviu e ele continua:
—Eu não vou sair com você, eu não vou comer você, eu não gostei de você. -Ele diz ácido e eu fico mais ainda sem reação.
Desvio minha atenção dos olhos penetrantes dele e olho pra minha mesa, me sentindo constrangida.
E ele não fica, ele se levanta e sai, batendo a porta com força, atraindo todos os olhares novamente, até o do professor que estava totalmente alheio no celular.
Respiro fundo, tentando não deixar nenhuma lágrima escapar, olho pra trás e vejo a Bride me olhando curiosa e eu dou de ombros, fingindo não saber de nada.
E definitivamente eu acho que não sei de nada.
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CAOS
Romance•livro totalmente independente, porém se quiserem entender melhor, leiam sem razão antes• Ele não é bom, ele não é a luz, não é a calmaria, muito menos a paz. Ele é um caos, formado por cacos que cortam a quem tocar. E ele sabe que não é bom pra ni...