CAOS

Capítulo 18

É óbvio que ela tem alguém.

Penso enquanto observo Cora andar de mãos dadas pelo campus com um cara.

Não sei por que os encaro por tanto tempo, nem o porque isso parece me incomodar, nem ao menos a possibilidade de tentar algo com ela passou na minha cabeça.

Sou pego no flagra quando seus olhos caem sobre mim, ela acena animada, como se realmente estivesse feliz em me ver.

Isso é exatamente irritante nela, ela parece sempre estar feliz e animada.

Pessoas assim não existem.

Os encaro por mais milésimos de segundos e mudo minha atenção para o céu cinzento, mostrando que provavelmente vai chover.

—Cara, eu soube o que o theo fez com você. -cole aparece, se sentando ao meu lado na grama. —Eu tive que faltar esses dias...fiquei doente.

Justifica ele e eu dou de ombros, pouco me importando.

—O que você vai fazer com ele agora? -pergunta ele animado, como se estivesse esperando o próximo episódio de sua série favorita.

—Nada. -Murmuro, desviando minha atenção para o casal novamente, que agora pararam no meio do campus pra conversar.

—Como assim nada? -Ele pergunta indignado. —O cara deixou uma marca na sua cara.

Fala ele mais indignado ainda, apontando para meu rosto, aonde ainda estava um pouco roxo.   Se ele visse as marcas roxas que estavam no meu abdômen, não falaria de tão pouco.

—Um dia ela sai. -falo sem interesse naquela conversa.

Eu não estou puto com o Theodoro pelo que eles fez comigo, porque eu sabia exatamente o que iria acontecer se eu saísse por aquela porta e fosse em direção a ela.

Ele é fraco demais pra agir sozinho.

Eu estou puto por pensar o que eles iriam fazer se eu não fosse atrás dela, não ligo pelos hematomas, um dia eles saem.

—Sabe quem é o cara? -Pergunto, indicando ao acompanhante da cora.

—Não. -responde ele, me olhando desconfiado. —Por que você está perguntando isso?

Ele pergunta, ainda com a desconfiança.

—Não te interessa. -retruco ele, me levantando logo em seguida, deixando-o pra trás.

Estou sem um pingo de paciência pra aturar Cole enchendo meu saco, passo pelo casal que ainda conversavam e a ignoro totalmente quando ela me chama.

Quase dou meia volta quando vejo Bride andar na minha direção, puta que pariu.

—Antes que você me deixe falando sozinha, eu só vim te convidar pra minha festa, vai ser amanhã. -ela diz rápido, para que eu escutasse tudo antes de ignorar ela por completo.

—Não vou. -respondo a deixando pra trás.

Bride realmente foi umas das únicas que eu me recusei a pegar todos esses anos, não porque ela é atraente, mas sim porque ela lembra a mim mesmo.

Eu só não consegui provar minha própria tese até agora, mas sinto que não vai demorar.

Sento no meu lugar de costume, sabendo que em alguns minutos a garota irritante vai se sentar ao meu lado e tagarelar sobre coisas que eu não ligo ou não me interessam.

Enquanto espero o inevitável, acabo pensando no próximo sábado, em uma batalha interna de vou ou não vou.

Se fosse há anos atrás, eu iria sem nem hesitar, só pra remoer minha inveja em um ato de autopunição.

Mas dessa vez eu não sinto inveja, sabe o sentimento de quando você faz alguma merda e se sente mal não pelo que fez, mas por como seus pais te olharam? Com pura decepção.

É esse sentimento que eu tenho e com certeza levaria comigo, foi assim que ele me olhou pela última vez, com decepção nos olhos.

Minha atenção vai para a porta da sala, encontrando uma Cora feliz e radiante entrando, ela acena novamente e caminha até mim.

—Desculpa a demora. -ela praticamente se joga na cadeira. —O Luke insistiu em me acompanhar hoje, foi legal, menos a parte que eu descobri que ele estava tentando me vigiar.

Torço o nariz enquanto a ouço tagarelar, ela não parece o tipo de garota que aceitam caras assim, continuo a escutando:

—Ele está chateado porque eu menti pra ele, acho que agora ele acredita em mim quando eu falei que estava bem. -ela faz uma pausa, sorrindo abertamente. —Porque eu não menti, eu estou mais que bem.

Ela da um soco animado no meu braço e eu junto as sobrancelhas.

—Eu ia apresentar vocês, mas você com certeza ignorou quando eu te chamei, né? -ela pergunta como se já soubesse a resposta e eu concordo.

—Eu imaginei. -murmura ela enquanto observava outras pessoas entrarem na sala. —Vai na festa da Bride? Ela convidou ele.

—Não vou. -respondo tombando a cabeça pra frente, a apoiando no punho.

—Você está bem? -ela pergunta, cutucando minha costela pra chamar minha atenção, me afasto dos dedos agitados dela, a encarando.

—Claro. -respondo sem por convicção, porque não faço a menor ideia.

—Você quer tomar sorvete depois da aula pra animar? -ela pergunta, fazendo-me encarar aqueles olhos castanhos e pidões.

—Não. -respondo, vendo por fim a professora entrar.