—Como foi a festa de ontem? -pergunto, aqui eles tem uma mania estranha de fazer festa no meio da semana, ela insistiu pra mim ir, mas eu estava aproveitando que meu pai teve folga, pra ficar com ele.—O de sempre. -ela da de ombros enquanto lia um livro de ação. Não é estranho as pessoas lerem algo de ação? Eu mau entendo as cenas dos filmes, quem dirá em um livro.
Estamos sentadas na grama, esperando o intervalo de uma hora acabar. Aceno para o Brown que estava sentado na árvore de sempre, ele percebe, me olha por alguns segundo e põe um cigarro na boca, eu nem percebi que ele estava com algum na mão.
Sorrio e volto minha atenção pra Bride, que me observava.
—O que foi? -pergunto ainda com o sorriso nos lábios.
—Nada. -ela diz voltando pro livro, dou de ombros e me concentro em puxar a grama do chão, totalmente tediada.
—Meu irmão conseguiu um emprego de primeira, eu tentei quatro vezes e fui rejeitada nas quatro. -desabafo pra Bride.
—Pra homens sempre é mais fácil. -ela diz sem tirar os olhos do livro.
—Isso é um saco. -Falo, desistido de entender e resolvo me deitar na grama, olhando o céu, é a primeira vez que o vejo tão limpo aqui.
O primeiro dia do meu irmão é hoje, ele não quer me contar em que ele vai trabalhar, ou onde ele vai trabalhar. Ele está bravo por eu não está contando tudo, mas se eu contar tudo, ele vai surtar.
—Eu o vi ontem. -Bride diz, finalmente deixando aquele livro de lado. —Ele estava meio mal.
Ela se deita do meu lado.
—Mal como?
Pergunto, ainda me sinto mal pelo o que aconteceu e culpada também, agora eu mal vejo o Theo por aí e dou graças a Deus por isso, eu quebraria a cara dele se eu tivesse força.
—Não sei explicar, parecia agoniado. -ela diz e meus olhos vão automaticamente pra ele, que ainda estava acompanhado com seu cigarro, olhando para nada como sempre.
—Acha que eu devo ir lá? -pergunto a ela, sem tirar os olhos dele.
—Vai adiantar o que? Não é como se ele fosse falar algo. -suspiro diante das palavras dela.
—Eu gosto do silêncio dele. -Falo sem pensar, mas não ligo pro olhar estranho que a Bride me lançou.
—Eu sei que você ainda é novata e não sabe de um terço do que já aconteceu aqui...ele é praticamente intocável, a única coisa que você pode tirar dele é uns amassos, uma transa boa e nada mais.
Ela avisa.
—E como você sabe disso? Você escutou por aí? -pergunto mesmo já sabendo da resposta. —E eu nunca disse que queria algo dele.
Acabei soando arrogante, mas ela pareceu não se importar.
—Então tá bom, tenta a sorte.
Bride fala dando de ombros e eu me levanto, determinada em falar com ele, não fiz disso um desafio, mas sim um impulso.
A deixo pra trás, caminho até ele, que dessa vez não demora me notar e diante do silêncio dele, eu me sento ao seu lado.
—O que é? -sorrio ao ouvir a voz grossa dele, é a primeira vez que ele fala comigo sem eu falar uma palavra.
Podemos chamar isso de avanço?
—Bride me disse que viu você na festa e que você não parecia bem. -mordo os lábios nervosa. —Você está bem?
Pergunto, observando a fumaça sair de seus lábios e seu movimento de apagar o cigarro na grama.
—Isso te interessa? -Brown pergunta com a testa franzida.
—Sim, mas só se você quiser responder. - falo, não quero parecer invasiva.
—Não quero. -ele diz e eu sorrio, ele me trouxe uma lembrança boa.
—Eu tive um gatinho filhote, ele era apavorado. -solto uma breve gargalhada, lembrando de como o nico era. —Pelo menos nos primeiros dias, quando ele via alguém, ele saia desesperado pra se esconder debaixo das coisas.
Suspiro.
—Você me lembra esse gatinho. -Brinco, observando os cantos da boca dele se levantarem, acho que isso quase foi um sorriso.
—E o que aconteceu com esse gatinho? -ele pergunta me olhando.
—Eu não sei, ele fugiu. -Falo observando um quase sorriso se formar de novo. —Ele me odiava.
Completo, feliz por ter conseguido algo dele.
—Também tenho a história do coelho medroso. -falo sugestiva.
—Se eu responder, você para com essas histórias? -ele pergunta e eu me aproximo ainda mais, ansiosa.
—Claro. -respondo.
—Eu estou bem. -ele responde pausadamente. —Satisfeita?
Brown pergunta e eu aperto os lábios.
—Não, mas acordo é acordo né ? -falo erguendo a mão pra ele, mas ele ignorou ela no ar. —Você precisa apertar ela pra selar o acordo.
Falo ainda com a mão no ar, ele olha pra ela e depois pra mim.
—Eu quero saber da história do coelho medroso. -Ele diz ignorando minha mão, com um sorriso, um sorriso com covinhas.
E eu estou derretendo.
Eu tbm cora
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CAOS
Romance•livro totalmente independente, porém se quiserem entender melhor, leiam sem razão antes• Ele não é bom, ele não é a luz, não é a calmaria, muito menos a paz. Ele é um caos, formado por cacos que cortam a quem tocar. E ele sabe que não é bom pra ni...