Capítulo 4

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Oi meus amores!

Estava muito ocupada esses dias por isso estou voltando hoje, mais um capítulo da nossa escrava querida!

Estava muito ocupada esses dias por isso estou voltando hoje, mais um capítulo da nossa escrava querida!

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Ao se vê só na casa, ela senta-se na cadeira perto da janela e um filme começa a passar em sua mente. Pensa na sua infância, nos seus alunos, nos seus amigos, nos escravos que eram como amigos para a família, nos seus pais e sente suas bochechas húmidas pelas lágrimas que insistem rolar em seu rosto. Olhou ao seu redor para a casa tão singela e ao mesmo tempo aconchegante, iria ter que se acostumar ali. Era isso ou ser vendida no mercado negro. Olhou a sua pele, não era uma jovem muito branca como as moças da aristocracia eram, havia puxado mais para a família da mãe, seus bisavós que eram índios e todos tinham os olhos esverdeados, menos ela que nasceu com os olhos num tom de mel escuro.

- Trouxe algo para você comer. – a avó de Tobias falou um pouco baixo, olhando o aspecto sofrido da jovem a sua frente. – Venha sentar aqui. – indica a cadeira da pequena mesa que havia ali.

- Estou com pouca fome. – a jovem diz, levantando e indo até a senhora.

- O que comer já serve. – a velha simpática e com jeito acolhedora insiste. A menina não consegue se esquivar, diante de tanto mimo. Seca as lágrimas, passa as mãos no vestido já sujo e vai até a mesa comer.

- Acha que vão me deixar trabalhando na casa grande? – pergunta após um breve silêncio entre as duas. Onde Rogéria comia calada e a velha lhe observava.

- O que sabe fazer?

- Eu ensinava as crianças ler e escrever na fazenda. – diz abaixando a cabeça para o prato que ainda estava farto do sanduíche, bolachas, bolo e suco de laranja.

- Não ensinam as crianças por aqui. Mas vou ver como faço, os patrões vivem fora e o Pereira fica por dono na ausência deles. Falarei com ele antes que o feitor veja você.

- Como são tratados os escravos aqui?

- Digamos que somos tratados melhor que na fazenda Abiaí e pior que na fazenda Primavera de onde veio.

- Usam senzalas?

- Não só elas, mas também temos tortura e o famoso tronco. O feitor é um cara ruim, nossa sorte é a compaixão que Pereira tem com agente.

Rogéria faz uma cara assustada, temendo encontrar-se com esse feitor e volta a comer seu lanche.

Ainda estão em silêncio quando Tobias entra afobado falando pelos cotovelos, característica típica dele que Rogéria já observou.

- Vó, vó... Vó! – ele grita desde antes de entrar na casa.

- Onde é o fogo menino? – a velha pergunta com calma.

- Vamos para a fazenda Abiaí agora, uns escravos fugiram e vamos procurar, não sei quando retorno, vim lhe avisar que Pereira não retornou a fazenda por causa disso então não sei o que fazer com ela. – diz apontando a menina assustada para ele.

- Calma menino. Estarei aqui e tomo conta dela. – a mulher diz pegando no braço de Rogéria e puxando um pouco para trás como se a protegesse de algo. – Você diz ao Pereira que eu vou colocar ela para trabalhar na casa grande até vocês voltar e ver como fica.

- Tenho medo do feitor. – ele diz com jeito esgotado.

- Eu também, acho melhor fica aqui na casa, fico escondida. – ela diz olhando para a velha em sua frente.

- Pereira nos coloca em cada situação. Deixa de vir em casa para sair procurando escravos dos outros. – a velha diz revoltada.

- Vó volte para a casa, feitor estava por perto da cozinha quando passei, não deixe saber que temos Rogéria aqui. É boa a ideia de esconder ela até nossa volta. – ele diz fechando a janela da frente da casa. – Avisarei aos nossos vizinhos e creio que irão nos ajudar.

Assim ficou decidido e cada um foi fazer o que tinha que fazer, Rogéria se sentiu só novamente e agora com um medo dentro de si, o feitor lhe ver ali. Abriu a sacola que a senhora lhe trouxe e tinha roupas limpas, parecidas com as roupas que as escravas usam para trabalhar na casa grande, decidiu tomar um banho e tirar o vestido que sua ama de leite lhe fez com tanto carinho e que agora não passava de um trapo sujo e rasgado. Suspirou amargando sua atual realidade e quando entrou no quarto para colocar as coisas nele, viu em uma mesinha um livro e se dirigiu até ele.

- Uma Bíblia. – disse passando a mão no livro e tirando dele a poeira existente. – Encontrei algo que ler, passar o tempo, apesar de nunca ter lido a Bíblia, será um bom passatempo.

 – Encontrei algo que ler, passar o tempo, apesar de nunca ter lido a Bíblia, será um bom passatempo

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Uma Escrava, uma missãoOnde histórias criam vida. Descubra agora