Capítulo 12

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Três dias que Rogéria está trancada na senzala, comendo os restos de comida que Rosa lhe trás, sendo humilhada e atormentada pela escrava invejosa e pelo feitor

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Três dias que Rogéria está trancada na senzala, comendo os restos de comida que Rosa lhe trás, sendo humilhada e atormentada pela escrava invejosa e pelo feitor. Ninguém a procurou, ninguém veio falar com ela com excessão de Pedrinho um garoto de dez anos que passa pela fresta da tábua que forma a parede e vem conversar com ela. Ele é filho do feitor com uma das escravas, por isso ainda não vai para lavoura, disse que o pai o está ensinando ser igual a ele, mas que ele quer ser igual a Pereira. Ao perguntar a diferença ele é certeiro na resposta: - O Pereira é cristão, faz as coisas com temor a Deus e pai não é sangue no olho.

- Sabe onde Pereira foi? - ela perguntou ao menino.

- Fiquei sabendo que tinha uma missão na fazenda Abiaí, mandado de inhô Lucas. - ele diz convicto. - A sinhazinha vai casar com o doutor? - ele a surpreende com essa pergunta.

- Claro que não menino. - ela diz nervosa se sentindo ficar rosada. - O duque não é nada meu não, só fazia seus mandados. - diz sentindo uma tristeza lhe invadir.

- Mas ele disse que você era a menina dele. - o menino diz em grande naturalidade lhe fazendo engasgar com saliva.

- Que história é essa? - ela questiona nervosa.

- Eu vinha do riacho com ele, fomos pescar e ele perguntou o que eu queria ser quando crescer e eu disse que queria ser médico. Ele disse: Peça a Rogéria para lhe ensinar. Eu duvidei e ele completou: Não duvide ela lhe ensina. E quando perguntei se ele ia se casar com a professora, ele só disse que Deus havia lhe dado a ele e que você era a sua menina.

- M-mas ele nunca me disse nada disso. - diz ela surpresa, sentindo como se lágrimas fossem rolar dos seus olhos.

- Precisa dizer não sinhazinha, ele gosta e todo mundo vê. Meu pai mesmo disse para o outro capataz que não faz o que quer com a sinhá porque se o duque descobrir ele é um homem morto. - Rogéria abre um leve sorriso, sente-se melhor que o feitor teme Lucas e isso lhe dá uma certa segurança.

- Pedro não conte isso a ninguém é segredo entre nós dois. - ela diz ao menino com medo de Rosa ouvir essas conversas. 

- Pode deixar sinhazinha. - ele diz fazendo um gesto engraçado.

- Pare de me chamar sinhazinha. Se sinhá Isaura ouvir pode me punir por isso. - ela pede ao menino. Mas param de conversar quando ouvem passos de alguém vindo, o menino sai pelo buraco que entrou e ela se põe em pé em alerta de que seja o feitor ou Rosa para mexer com ela.

Quando a cela é aberta quem ela vê passar, deixa ela de boca aberta, mas ela trata em disfarçar olhando para o chão. É o cunhado de Lucas que entra calado lhe avaliando, circulando seu corpo como quem está se preparando para falar algo.

- O que trás o coronel aqui? - ela pergunta ainda de cabeça baixa.

- Vim lhe livrar do cárcere. - diz sorrindo. - Só não sei o que vou ganhar em troca.

- Precisa me soltar não senhor. - ela diz sendo encurralada por ele que caminha em sua direção.

- Não seja malcriada. Estou lhe fazendo um favor, Isaura está negociando com o coronel Abílio lhe vender. - ele diz passando as mãos no braço desnudo de Rogéria. - Meu cunhado não está aqui e sei que ele não quer que caia nas mãos do coronel. Então se me oferecer algo que eu goste, lhe solto agora. - diz alisando os cabelos dela.

- Senhor eu sou virgem e estou prometida a seu cunhado. Se me tocar lhe peço que me mate, não quero lhe colocar contra seu cunhado que lhe tem tão grande consideração. - ela diz tentando se afastar.

- Ele viajou pensando que você foi para cachoeira com o feitor. - ele diz e ela o olha com os olhos cheios de lágrimas. - Acha que ele não vai aceitar casar com a moça que a princesa lhe apresentará? - as lágrimas começam a rolar por seu rosto.

- Então que eu seja vendida. - abaixa a cabeça se rendendo a dor.

- Eu o escrevi Rogéria. Contei a verdade, não concordo com a inveja que minha mulher tem de sua beleza, só quero de você que me leve ao tal quilombo. - ela o olha espantada.

- E-eu não sei se devo coronel. - gagueja tentando encontrar as palavras.

- Ande garota, fuja e vá salvar sua vida, não me faça perder a cabeça com você. Sei que através de você alguma hora chegarei no quilombo e encontrarei quem eu quero.

A jovem lhe olha, seca as lágrimas e com dúvida do que realmente deva fazer, sai da cela correndo em direção ao riacho.

A jovem lhe olha, seca as lágrimas e com dúvida do que realmente deva fazer, sai da cela correndo em direção ao riacho

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Uma Escrava, uma missãoOnde histórias criam vida. Descubra agora