Capítulo 3

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Passaram ainda um tempo ali debaixo da árvore frondosa, Kara não conseguia relaxar, ao contrário de Tobias que adormeceu

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Passaram ainda um tempo ali debaixo da árvore frondosa, Kara não conseguia relaxar, ao contrário de Tobias que adormeceu. Ela pegou-se pensando em tudo que viveu nas últimas horas e olhando para o rapaz adormecido ao seu lado se sentiu grata por ele ter estado ali naquele momento. Uma coisa era certa que ela naquele momento não saberia dizer como seria o futuro, não sabia onde estava e como estavam seus pais e todos os escravos seus amigos que foram levados cativos. Pensou em Leon seu melhor amigo, se voltaria vê-lo ou não. Pensou também como seria sua vida de escrava, como seria ter que fingir gostar e estar namorando com Tobias; ele será que iria respeitar a palavra de não tocar nela? Mil perguntas rondavam sua mente.

- Não fugiu. - Tobias diz acordando e vendo que ela ainda está sentada ao seu lado. - Acho que adormeci.

- Para onde iria? Não tenho para onde ir. Você está me dando uma oportunidade de sofrer menos, não posso desperdiçar. - Ela para de falar, suspira e olhando bem em seus olhos fala: - Por isso, estou lhe dando minha palavra, como vou cuidar de sua casa, suas roupas e ser uma boa ouvinte, quando quiser desabafar. Só não lhe garanto... é..

- Eu sei. - ele a corta, entendendo o que ela estava com vergonha de dizer e ele já sabia. - Eu sei bem o que um homem faz com uma mulher entre quatro paredes, minha avó nunca me deixou participar das festas que os feitores fazem, mas fui várias vezes espiar. Não vou mentir a vosmecê que te achei linda e que um dia iria gostar de que você e eu gostasse um do outro para fazer isso. - Ele faz uma pequena pausa e observa que ela está um pouco assustada. - Mas menina, desde que vi aquela negra com olhar desesperado para lhe proteger, pensei em fazer por você, o que fizeram por mim um dia. Acredite que só quero lhe ajudar. - Ele suspira esgotado, já está sentindo algo por essa moça e não quer aceitar e tem medo de a assustar. Mas a vontade de lhe pegar nos seus braços e lhe proteger em um abraço é enorme.

- Rogéria. - Ela diz tímida. - Me chamo Rogéria.

Ela decidiu mudar seu nome de batismo, pois é um nome raro que sua avó trouxe da corte da Europa e talvez possam descobrir quem ela é e a matem. Por isso irá usar o nome de sua bisavó.

Tobias sorriu, passou a mão pelo cabelo e colocando o chapéu falou: - Vamos para a fazenda. 

Ajeita o cavalo, ajuda ela a subir e subindo também seguem para o futuro que os espera, ele sabe que sua vida também vai mudar, que não vai mais ser aquele garoto mimado pela avó e pelo capitão. Sabe que vão lhe cobrar responsabilidade e que da sua atitude a vida dessa moça está em jogo. Kara sente-se melhor, com mais confiança, ansiosa para conhecer a avó que ele tanto fala e que segundo ele cozinha muito bem.

- Tobias? Como se chama a fazenda que vamos morar? - ela pergunta querendo quebrar o silêncio que se instalou.

- Fazenda Joventino Braga.

- É grande e bonita?

- Como era a sua. - ele diz seco e ela percebe que ele não quer conversar.

Não faz mais perguntas, decidiu esperar e ver o que estava por vir. Com pouco tempo de estrada ela vê a fazenda ao longe. Uma grande e suntuosa fazenda, campos cheios de escravos e muitas flores decorando os jardins. A casa era enorme e com ar acolhedor. Do lado esquerdo ela pode ver uma grande fila de casas de sapê e do lado direito a enorme e terrível senzala. 

- Chegamos. - ele desce e a ajuda descer também. - Fique aqui que vou chamar a minha avó. - sai olhando para os lados e ajeitando a arma em seu coldre, indo em direção aos fundos do casarão. Ela fica ali olhando ao seu redor com olhar curioso. Não demora muito e ele volta acompanhado de uma velha forte, com roupa de escravo da casa e jeito ameno. Tobias vem ao seu lado falando empolgado e fazendo a mulher sorrir.

- Rogéria, essa é minha avó Maria.

- Encantada senhora. - ela diz com um sorriso. - Tobias não para um minuto de falar da senhora.

- Mas ela é uma jóia de menina! - diz olhando para ela avaliando tudo e pegando suas mãos geladas diz: - Não se preocupe menina, já sei de tudo e seu segredo está seguro comigo. - olha para o neto na sua frente com um sorriso bobo e diz: - Leve-a para casa, não é bom ela ser vista por enquanto aqui. Vou preparar comida e levo lá.

- Quer ajuda? - ele pergunta e a velha nega com a cabeça dando as costas aos dois e saindo com um requebrado em suas largas cadeiras.

Já na pequena casa de sapê, ele tenta fazer com que ela fique confortável, ela olha tudo com curiosidade e respeito, lembra das casas dos escravos que seu pai mandou fazer e sente pena por não terem uma casa como aquela. Ele a adverte que até falar com o capitão não saia de casa, pois os feitores poderão vê-la e não se sabe como agirão.

 Ele a adverte que até falar com o capitão não saia de casa, pois os feitores poderão vê-la e não se sabe como agirão

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