Com muito esforço, Rogéria consegue morder a mão que tapa-lhe a boca e grita um pedido de socorro a plenos pulmões, este é abafado pelo seu raptor que lhe põe um lenço na boca e segura ela com mais raiva e brusquidão. Não foi o suficiente o ato do homem para impedir que o duque e dois dos seus homens ouçam o grito da moça, todos se direcionam na direção do grito e como o duque era o mais próximo, chega primeiro.
- Soltem-a - ele grita fazendo os dois capangas olharem para ele e um deles rindo diz: - Nunca, ela nos renderá muitas moedas. - eles aceleram os passos e o duque atira em um deles lhes fazendo se esconder por trás de uma árvore e revidar os tiros. Um tiro acerta o duque e Rogéria se desespera, pensa que ele não sobreviverá, começa a se debater mais e chorar, tentando se soltar. Quer ir para perto dele, estar com ele, ver se não vai morrer e se morrer que esteja ao seu lado, que ela possa dizer que o ama, mas os dois homens não a permitem, jogam-na em cima de um cavalo de qualquer jeito e montando em seguida galopam a trotes rápidos de volta para a fazenda.
Na fazenda o coronel manda que todos os capangas levem os presos para o porão, incluindo a princesa e sua esposa, esta olha para ele com uma grande interrogação na testa sem entender.
- A única coisa que quero é minha escrava comigo, se não aparecer todos vão morrer, inclusive você, é por sua culpa e a inveja que sente da mãe da escrava fugida e da princesa que tudo isso saiu do controle. - cerra a porta do porão sem dar chance para ela falar.
Jurema que voltou para o quilombo conta lá o que está acontecendo na fazenda, o pastor pede que ela e mais duas mulheres protejam as idosas e as crianças e sai em direção a cidade com a esperança que a polícia e as autoridades lhe ajudem a diminuir os estragos. Tobias consegue se arrastando chegar na estrada, é visto por um fazendeiro que lhe oferece ajuda.
- Está ferido. - o homem diz. - O que houve?
- Um atentado a vida da princesa, estávamos tentando lhe proteger mas temo que seja tarde demais. - o rapaz diz com voz fraca.
- A princesa Isabel? - o homem pergunta.
- Sim moço, a princesa Isabel está hospedada na fazenda Riachuelo e o dono de lá planejou o atentado.
- Vou lhe colocar no cavalo, lhe deixo no hospital e vou até a polícia. Me diga uma coisa onde estão os guardas da princesa?
- Alguns mortos e oito se venderam ao dono da fazenda. Tem muita gente ferida. - ele completa antes de desmaiar de dor por ter sido suspenso.
Na cidade muitos se preparam para sair de suas casas para o baile e a cidade está uma tranquilidade, o pastor chega a delegacia quase ao mesmo tempo que o rapaz que ajudou Tobias e começam a relatar a policiais diferentes o caso, quando os policiais entram para falar com o delegado, que as histórias batem, este manda avisar nas casas que ninguém saia de casa e reúne homens para que sigam imediatamente para a fazenda Riachuelo. O pastor e o bom feitor que é um advogado vindo da corte recentemente também seguem na caravana.
No meio da mata Lucas é socorrido pelos guerreiros que estão com ele e um deles pega a jovem Eliza lhe levando até a cidade para ser atendida. - Duque o senhor está ferido. - um deles diz tentando levar ele também ao médico.
- Não estou, foi de raspão, eles levaram Rogéria. - ele fala tentando subir no cavalo e sendo impossível sozinho. - Andem me ajudem eu aguento.
Os homens sem ter o que fazer o ajudam e seguem atrás dele, estão preocupados com o duque e não tem a mínima ideia de como encontrarão a fazenda. Tendo em vista terem saído e tudo tenha ficado um caos.
- Abram o salão de baile, se chegar algum convidado deixem entrar. - o coronel diz. - Vou matar todo mundo se Jurema não aparecer. - profere com raiva. Ele amava do jeito dele a mulata, o problema que não sabia fazer as coisas, estava sofrendo tanto com o sumiço dela que a dor da bala no braço não lhe machucava tanto como o pensamento de nunca mais a ver. - Tragam Isaura aqui. - ordena.
Quando trazem a sua esposa até sua presença ele lhe bate muito, proferindo palavras duras, ela fica calada, teme pela primeira vez na vida a alguém. Sempre se achou superior a todos e agora está com medo do marido. Ele ainda bate nela quando ouve barulho vindo de fora.
- Coronel pegaram ela. - um guarda diz ao entrar na sala. - Ele sai a passos largos pensando ser Jurema e quando vê Rogéria profere: - Tudo isso foi sua culpa, coloquem ela no tronco. - volta pra dentro e diz a esposa: - Sua escrava está aí, mandei colocar no tronco, se não me devolver a minha escrava vai morrer queimada agarrada a ela.
- Manoel eu não sei dela, já lhe disse o que sei, deve obrigar um deles lhe mostrar o quilombo, onde deve estar os que saíram daqui. - ela diz chorando.
- Vou fazer isso mesmo. - Olha para um guarda e diz que tirem a escrava do tronco após cinco chicotadas e a levem para senzala. - Levem essa daí para meu quarto, não a deixem sair por nada de lá. - ele ordena se referindo a esposa.
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Uma Escrava, uma missão
SpiritualKara é uma jovem filha de fazendeiros, se vê sendo vendida como escrava em véspera de completar quinze anos, mas ela não desfalece, o amor e paz que traz dentro de si lhe dão forças para continuar a viver e prosseguir na missão que Deus colocou em s...