Capítulo 28

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Olhando pela janela do escritório o coronel vê movimentos de várias pessoas no canavial, manda investigar e começa a prever que acontecerá algo antes da hora do baile

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Olhando pela janela do escritório o coronel vê movimentos de várias pessoas no canavial, manda investigar e começa a prever que acontecerá algo antes da hora do baile. Entra na sala onde Jurema estava presa. Soltou ela, mandou tomar banho, vestiu com uma das roupas de sua mulher, alimentou e voltou amarrar ela dizendo: - Eu vou te deixar aqui só um pouco depois vamos embora para um lugar onde será minha esposa. Lá não estará amarrada e sim andando ao meu lado tomando conta de nossa casa. - a moça ficou olhando para ele assustada, não imaginava que se passava na cabeça do homem em lhe falar aquilo. - Agora fica quietinha para não te encontrarem. - dá um beijo nela quase devorando a sua boca e volta lhe amordaçar.

Ao sair do escritório, os capangas estão só esperando as ordens dele para agir, ele pergunta pelo cunhado e fica sabendo que está em seu quarto, manda que fique dois guardas impedindo a saída dele do quarto e dois com a princesa (já que os guardas da princesa estavam corrompidos pelo coronel).

- Você avise minha mulher que a festa vai começar mais cedo. - fala pegando uma arma e munições.

No caminho para a fazenda o capitão do mato está com Tobias observando os movimentos da fazenda. Como esse conhece muito bem a fazenda olha para todas as janelas e acha estranho a janela do escritório estar aberta.

- Tobias, tem algo estranho no escritório. Acho que alguém está na passagem secreta.

- Passagem secreta? - o garoto se espanta.

- Sim essa casa é cheia de passagens secretas, tem uma que dá para o porão que entra pela sala e por aí vai.

- Será que Jurema está em uma delas? - o menino fala. - Como vou saber?

- Comece pelo escritório, está estranho as janelas de lá nunca ficam abertas e hoje estão. Só pode ser para entrar ventilação no quarto. Você vai encontrar ele puxando a tocha que tem ao lado esquerdo da estante de livros. - ele explica e vira-se para os guardas para os separar. A ordem é uma só retirar todos dali em segurança e amarrar os culpados. - Tobias esses dois vão com você, pegue sua Jurema e saia daqui não tente dar uma de herói entendeu?

- Entendi. Se cuida capitão. - o garoto diz saindo em direção a janela do escritório, seria por lá que ia entrar.

Tudo aconteceu muito rápido, os guardas do coronel viram os guerreiros do capitão e iniciou-se uma guerra, uma parte dos guerreiros que estavam escondidos, saíram por dentro da casa procurando os alvos. A princesa nessa hora estava só em seu quarto e foi amarrada em uma cadeira por seus próprios guardas que lhe pediram desculpas mais mesmo assim a prenderam. O duque teve que lutar com dois homens para poder sair do quarto mesmo assim ficou um tempo desacordado. A Isaura ficou muito assustada com a guerra tão repentina, escondeu-se em uma das passagens com Rosa e Maria que estavam com ela organizando os últimos detalhes do baile, ela pensava ser algum tipo de bandido e nunca que fosse os quilombolas.

Tobias quando chegou no escritório que abriu a passagem encontrou Jurema amarrada sentada ao chão vestida como uma sinhá e amordaçada. Ele a soltou e questionou: - Você está bem? Porque está vestida assim? - a jovem o abraçou e suspirando alívio disse: - O homem é louco me vestiu assim e disse que vai me levar para um lugar onde serei sua esposa. - Não Jurema, você vai embora comigo agora. - ele diz para ela lhe fazendo abrir um sorriso.

Rogéria e Eliza que nesse momento tinham ido até a senzala orientar os negros de como agir na hora do baile,  foram pegas pelos guardas da princesa que a prenderam e saíram lhes arrastando até uma carruagem. Como Tobias viu que elas estavam sendo levadas e não era por nenhum guerreiro, pois não tinha lenço vermelho no pescoço, mandou um dos que estava com ele interceptar a carruagem e as levar para o quilombo.

Lucas acordou um pouco desorientado, muito tumulto no meio da casa, muita coisa destruída, saiu a procura da princesa e de Rogéria, encontrou Sara machucada na escada e questionou pelas outras: - Lady Sara você está bem? Onde está todo mundo?

- Lucas, minha tia eu não vi, a sua irmã vi entrando ali (apontou para uma das passagens) e Rogéria com Eliza ouvi gritos das duas lá fora, acho que as levaram não sei, não consigo andar. - completou a frase chorando muito.

- Vou lhe levar em segurança para uma das passagens e volto para lhe pegar assim que estiver calmo. - ele diz e a leva em direção ao seu quarto onde tem uma passagem que dá no escritório. - Fique aí e não saia a não ser que tenha certeza que sou eu ou um dos que estão de lenço vermelho no pescoço. Não confie nos guardas da rainha. - ela assente e ele vai em direção a parte externa da casa. Imaginando onde esta o seu cunhado e o que apronta contra a princesa. Dois guardas que não se corromperam dos oito que acompanhava ela se aproximam dele pedindo para ajudar. Eles contam que Rogéria foi levada em uma carruagem e que a princesa está sumida.

- Amarrem lenços vermelhos no pescoço de vocês, tirem o brasão e vão atrás da princesa, vasculhem a casa e procurem por todos os cantos e passagens secretas, no meu quarto tem o mapa das passagens. - dá as ordens e com o gesto leva dois guerreiros com ele em direção a saída para pegar os cavalos e ir atrás de Rogéria.

- Lucas! - ouvem um grito vindo de muito longe e quando procuram ver o que era, viram o coronel fazendo a princesa de refém do alto da varanda que dava pro quarto dela, com certeza ela estava em uma das passagens, como ele havia imaginado. - Solte a arma e se entreguem. - ele ordena apontando a arma para cabeça dela.

- Manoel não faça nenhuma maluquice, ela é autoridade máxima no Brasil. - ele diz colocando a arma no chão.

- A  essa altura sua amada está longe, presa e sendo torturada a rigor. - ele rir. - vou partir para morar com minha amada e não quero deixar vocês vivos para contar história. Essa aqui quer alforriar minha mulher e não vou deixar, ela livre não vai viver comigo. - ele diz.

Ouvem-se disparos  e Lucas fica desesperado pela princesa, foram os guardas dela que atiraram no cunhado dele e a princesa está caída no chão. Ela apenas faz um gesto para ele indicando que vá atrás de Rogéria e se deixa cair nos braços de um guarda que se aproxima dela. 

Na estrada as duas meninas estão assustadas, sendo conduzidas amarradas por um guarda que deveria proteger a princesa e está agindo contra. Ouvem gritos e balas e a carruagem se desgarrar, imediatamente uma tenta soltar a outra das amarras e conseguem ao tempo de pular da carruagem que ia cair de penhasco abaixo.

- Viu quem estava lutando contra o soldado? - Rogéria perguntou a Eliza.

- Não vi, só ouvi vozes, acho que está ferido ou morto, junto com o guarda.

- Vamos entrar na mata, precisamos nos manter escondidas, quem queria nos rapitar não queria para tomar chá. - diz puxando Eliza que reclama de dor. - Está machucada? - ela pergunta olhando para o pé da moça ferido. - Que pergunta a minha, venha cá sente aqui. - aponta a pedra e a outra obedece, Rogéria rasga o vestido que foi feito com tanto capricho e amarra no corte que a outra tem no pé, não pode fazer mais que isso no momento e é perigoso ficarem na estrada. - Acho que vai dar para andar, precisamos sair daqui.

Com muita dificuldades as duas descem o caminho íngreme que é sua única opção no momento, ela não sabe onde está, só sabe que é mata fechada. - Rogéria nós vamos conseguir ser vistas por alguém do nosso bando, eu creio. - Eliza diz gemendo de dor enquanto desce.

- Vamos sim. Vou lhe deixar num lugar seguro sentada e vou tentar me localizar, tenho andado muito por essas matas, mas esse caminho eu não conheço. - ela diz tentando ser forte. O pensamento na princesa e no seu amado, não saber como estão todos é terrível e ela se sente mais uma vez culpada por tudo que aconteceu.

 O pensamento na princesa e no seu amado, não saber como estão todos é terrível e ela se sente mais uma vez culpada por tudo que aconteceu

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