- Desculpa, eu não queria que visse isso. - Tobias diz voltando e vendo o estado de pranto da menina. - Mas se eu não faço o que mandam podem até me matar.
Ela apenas assentiu e deu um pequeno grito ao sentir ele lhe suspender para sentar no cavalo. Ela sabia cavalgar muito bem, mas com as mãos atadas como estavam seria impossível subir no cavalo. Sentiu-se grata por Tobias estar sendo cordial com ela e deu mais uma ultima olhada na fazenda que fora seu la até então.
- Você nasceu aí? - ele pergunta quebrando o silêncio entre os dois e tentando deixar a situação menos desconfortável.
- Sim. - ela se limitou a dizer.
- Menina, você não tem jeito de escrava, mesmo as escravas alfabetizadas são diferentes de você. A velha mentiu para o capitão não foi? - ele perguntou e Kara virou olhando para ele incapaz de responder, pois o olhar de Luísa era certo ao implorar que ela guardasse o segredo. - Tudo bem eu vou guardar o seu segredo, mas temo pelo que possa passar, as vezes os humanos podem ser bem ruins com os escravos.
- Obrigada. - ela disse sentindo as bochechas corarem ao meio que confirmar a verdade. - Você é filho dele? - ela pergunta olhando o capitão que se aproxima dos dois a galope.
- Não. Meu pai morreu tentando proteger a fazenda que trabalhava, como aqui todos foram levados escravos, na época eu tinha seis anos e o capitão meio que gostou de mim e me adotou. Evitou com isso que eu fosse vendido ao mercado negro.
- Eu vou ser vendida? - ela pergunta mais não dar tempo Tobias responder, pois o homem bruto e com cara de poucos amigos se aproxima.
- Tobias eu estava pensando, se você quiser ela pode ir para a fazenda, vi que gostou dela e talvez seja um bom divertimento. - disse olhando com cara de safado para Kara que se encolheu ao entender o que o que ele quis dizer com divertimento.
- Então não a venderemos no mercado? - Tobias diz surpreso.
- Não se você a quiser para você, está na época de você se divertir mesmo. - diz piscando o olho para ele e saindo em seguida da maneira que voltou.
- Menina, eu acho que é uma boa ideia, quer dizer, a parte de você não ser vendida, se ele pensar que temos algo vai lhe deixar ficar na fazenda e vão lhe obrigar a lhe respeitar porque é mulher de um dos bandos. Mas você quem sabe. - Tobias diz para ela que está chorando novamente.
Kara não quer ser vendida, não quer ser mulher de capitão do mato ela só quer ter a vida dela de volta, mas sabe que é impossível no momento. Olha para o céu como quem está pedindo uma luz e fala:
- Faça como achar melhor, não sei tomar nenhuma decisão agora. - ela diz deixando o garoto simpático para decidir seu destino.
- Se ficar com agente na fazenda ninguém tocará em você como homem e mulher. Irá trabalhar com as outras escravas e dormirá na minha cabana, podemos dar um jeito de separar os lados. Não quero fazer o que ele disse garota, só quero lhe ajudar.
- Tudo bem por mim. - ela diz esboçando um sorriso forçado. - Tenho que me acostumar com minha realidade a partir de agora.
- Então vamos voltar por esse caminho. A fazenda é para lá.
- Tobias, posso saber dos meus pais?
- Eu não sei nada do seu pai, talvez tenha sido morto no caminho da viagem que fez, mas sua mãe um dos fazendeiros que encomendou o ataque mandou levar ela para lá e matar os herdeiros.
- Sabe quem foi?
- Não menina, se soubesse lhe dizia. - ele disse descendo do cavalo e a descendo também. - Vem cá vamos soltar isso aqui. - disse desatando as cordas do pescoço e mãos que a prendiam.
- Está longe da sua fazenda?
- Ainda não, só vamos tomar assento aqui um pouco para combinar como vamos fazer pois temos que enganar o capitão do mato, se ele sonha que não tenho nada com você ele te vende ou te toma para ele. - Kara fez uma careta horrível fazendo o menino rir da situação. - Calma o que eu puder fazer para lhe ajudar farei.
Sentaram os dois e ela esfregava as mãos nas marcas das cordas em seus pulsos, percebeu que seu vestido estava também rasgado e passou a mão pelo rasgão. Olhou para ele e com um suspiro disse:
- Eu preciso fazer o que para ele não descobrir? - ele a olhou de lado e colocando um pedaço de galho na boca sorriu e disse:
- Não sei, nunca tive uma mulher. - ela não queria rir, mas não teve outro jeito se não começar a rir. - Ei não ria do seu homem. - ele diz dando um leve empurrão no ombro dela.
- Eu acho que seremos amigos, dormiremos na mesma casa e eu tenho que cuidar das suas roupas, é o que sei de casamento.
- Por mim está bom. - ele diz sorrindo. - O resto vemos depois. - ele falou de uma maneira simples mas que ela corou imaginando que ele tentasse um dia lhe beijar. Não que Tobias seja um rapaz feio, mas ela havia prometido a si mesma nunca fazer isso com homem nenhum.
Preciso saber o que estão achando.
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Uma Escrava, uma missão
روحانياتKara é uma jovem filha de fazendeiros, se vê sendo vendida como escrava em véspera de completar quinze anos, mas ela não desfalece, o amor e paz que traz dentro de si lhe dão forças para continuar a viver e prosseguir na missão que Deus colocou em s...