O quilombo havia virado Vila Feliz, estavam estruturando as casas para serem feitas de alvenaria, com ajuda de alguns fazendeiros simpatizantes da causa abolicionista, na cidade havia muito movimento, pois os documentos estavam sendo emitidos, alforriando os escravos de todo o Brasil. Havia fiscais do Império acompanhando os trâmites para que tudo fosse feito legalmente.
Rogéria estava na Vila Feliz o dia todo, havia ensinado as crianças e resolveu ficar para almoçar com as senhoras que tanto gostava. Estava procurando saber notícias de Leon e sua mãe, se estavam bem e onde estavam e ficava pesquisando sobre os escravos junto com o pastor. Após o almoço, deitou um pouco para ler e acabou adormecendo, foi quando uma notícia pegou a Vila de surpresa e a menina teve que ser acordada por Pedro.
- Sinhazinha. - ele dizia. - Acorde, precisa se juntar com os outros. - ele insistia até que não aguentou e pegou em seu braço para lhe despertar. - A senhora está quente sinhá. - ele disse e saiu correndo para comunicar ao pastor.
Rogéria acordou com muita gente em volta de si, uma das negras que servia de curandeira na Vila lhe fazendo compressas e suas roupas trocadas.
- O que houve? - ela questiona olhando para todos ao seu redor.
- Você teve uma febre muito alta, dormia sem parar. - a esposa do pastor falou com jeito doce.
- Minha mãe ficará preocupada. - ela diz tentando se levantar e sente a dor na cabeça muito forte. - Minha cabeça dói.
- Não se preocupe, lá na fazenda estão sabendo que está aqui. Só não disse o que você tinha pois eles iriam ter mais uma preocupação.
- O que há? - ela questiona e todos se entre-olham. - Me contem ou levanto dessa cama e vou até a fazenda. - ela diz tentando se levantar e sendo impedida com um gesto pela senhora que lhe cuidava.
- O capitão do mato está preso. Tobias está tentando soltar ele, mas não temos ainda nenhuma notícias, o duque embarcou para Portugal e pediu para lhe entregar isso. - a mulher do pastor lhe diz passando uma carta.
Rogéria pega a carta em sua mão, sente que não é algo bom e se preocupa pelo capitão e por sua mãe. Precisa se levantar, voltar a fazenda e entender tudo que está acontecendo, talvez essa carta seja uma despedida, ela não quer se despedir de Lucas. - Quanto tempo eu dormi? - pergunta.
- Cinco dias. - respondem e ela arregala os olhos. - Tome essa sopa precisa de alimento no estômago. Não se preocupe, foi um cansaço físico, devido tudo que passou, estará em pé logo logo.
Ela recebe a sopa, deixando a carta de lado, perdeu o jantar com Lucas, cinco dias longe da fazenda, talvez ele pense que ela não o quer, não o ame e isso não é verdade, começa a tomar a sopa, vê nela a esperança de poder se levantar e ir embora, sua mãe está precisando dela e ela não pode ficar deitada. - Agora descanse, Tobias está vindo e lhe contará tudo que está acontecendo na cidade. - a mulher lhe diz recebendo o prato quase vazio de suas mãos.
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Uma Escrava, uma missão
SpiritualKara é uma jovem filha de fazendeiros, se vê sendo vendida como escrava em véspera de completar quinze anos, mas ela não desfalece, o amor e paz que traz dentro de si lhe dão forças para continuar a viver e prosseguir na missão que Deus colocou em s...