Uma Escrava, uma missão

Capítulo 41

Liberada do quarto, passou a dedicar tempo em investigar junto com Pedro e Tobias o paradeiro de Lucas e como se livrar do casamento. Para ele não desconfiar ela passava muito tempo na cozinha fazendo comida com Sara e vó Maria. Não tinham onde conversar então aproveitavam a cozinha para isso, acabava que era divertido e o tempo passava rápido.

- Gente eu tenho uma pista. - Pedro entra na cozinha correndo com um de seus colegas da vila.

- Fala baixo menino! - Vó Maria ralha com ele e vai olhar no corredor.

- Pista de que Pedro? - Kara questiona.

- Do duque. - ele diz e olha para o amigo. - Fala Juca você quem viu.

- Eu não sei de nada, só vi um dos homens daqui da fazenda entrar na antiga fábrica perto do porto.

As mulheres se olham e Kara fala: - Juca não é? - o garoto assente. - Por favor vá lá na fazenda Primavera e conte isso para o capitão. Você vai? 

O garoto a olha com os olhos radiantes como se estivesse se sentindo importante e acena com um gesto de confirmação, bate continência com Pedro e se vai.

- Acha que eles escondem algo lá. - Sara pergunta.

- Eu mesma iria olhar se não tivesse que pedir permissão para sair de dentro de casa. - ela diz e as duas se olham.

- Ele te soltou só do quarto não foi?

- Por favor vocês não ouviram isso, eu falei demais só isso, não quero que...

- Ele está te ameaçando? - Vó Maria lhe interrompe. - Mas eu boto veneno na comida dele e é hoje. - elas sorriem e Kara fala: - Vó a Bíblia ensina diferente eu creio que tudo isso passará.

- É verdade, se o duque estiver preso lá o capitão irá soltar e será uma prova contra ele.

São interrompidas com a voz do doutor Teles chamando Kara da sala. Quando ela chega ele avisa que os papéis do casamento ficarão prontos dentro de cinco dias. Ela fica ali ouvindo ele fazer planos para o futuro e percebe que ele não pretende ter filhos com ela, então talvez ele nem consuma o casamento. Isso é uma chance de ela se livrar depois.

O garoto Juca sai da fazenda Riachuelo e ao se encontrar com o capitão do mato lhe conta tudo que está acontecendo e o que viu, esse pega dois de seus homens e segue para o galpão, quando chegam lá encontram Lucas amarrado, sentado em um pedaço de madeira, pela aparência dele havia apanhado e as marcas estavam ainda cicatrizando. 

- Duque, viemos lhe soltar. - ele diz ao entrar no lugar por uma fresta de tábua quebrada na lateral.

- Por favor, não aguento mais estar na mesma posição. - ele diz abatido.

- Faz muitos dias que está preso?

- Por volta de quinze dias. - ele diz passando as mãos nos punhos machucados pelas cordas. - Só não sei quem é, eles me vendam e vem aqui me mandam comer vendado e me batem as vezes, mas uma coisa é certa. Quem mandou me prender aqui não me quer com Kara. Ouvi quando um disse que por ele já havia me matado mas a ordem era para deixar vivo e que talvez depois do casamento eu morreria, ainda disse que a ex escrava era muita areia para mim.

- Doutor Teles então.

- Teles? - ele pergunta espantado.

- Sim, ele é o duque que o pai de Kara prometeu ela, ele a mantém presa na casa grande e irá se casar com ela em uma semana. - Pereira diz.

- Não. A princesa garantiu que pela quantidade de bens que o pai dela tinha no Brasil ele era da realeza e que eu poderia casar com ela, disse ainda que acha que o duque era eu, pois o imperador presenciou o acordo nupcial e pela descrição e nome era meu pai com o dela. Eles ficaram de vir ao Brasil. Já chegaram?

- Ainda não. Mas se é assim o rapaz lá está mentindo e precisamos saber em que tanto.

- Preciso de uma prova concreta para poder libertar ela Pereira.

- Vem, vamos para a Primavera, lá ficará escondido até resolver tudo.

- Preciso vê-la. - ele diz ao homem quase como uma súplica.

- Vamos pensar numa forma.

Seguem para a fazenda Primavera, como é a noite, não são notados pelas estradas, ao chegarem Lucas toma banho e se alimenta conversando com Pereira formas de desmascarar o duque falso.