Com medo e sem saber direito o que fazer, teme ser seguida e servir de isca para o quilombo ser achado, ela decide prolongar o caminho até lá, sai correndo no meio do canavial, se escondendo de negros e brancos, sabe que enquanto ouvir o rio estará sabendo a direção do seu destino, só pensa em chegar lá e encontrar na amizade de Tobias o alento que tanto precisa nessa hora. Saber que Lucas pensa que ela estava com o feitor lhe trouxer muita dor, ela nunca se deitaria com homem nenhum, antes nem cogitava a hipótese de se casar, mudou os pensamentos ao conhecer o duque e agora não sabe o que será dela no futuro.
Na fazenda quando o coronel está saindo da senzala é interceptado por um certo garotinho que tem um conselho muito bom para ele.
- Coronel permite que lhe fale?
- Diga moleque o que quer?
- O senhor fez uma coisa boa abrindo a cela e soltando a menina, mas ela ainda pode ser vendida para o monstro da fazenda Abiaí, quando o inhô Lucas chegar não irá gostar e se o senhor se antecipar e a comprar do coronel, vai ganhar créditos com o duque e a menina pode lhe levar até Jurema. - o coronel engasga ao ouvir a voz da sua amada, negra que ele admirava e sonhava em se juntar com ela e nunca teve oportunidade. Fugiu com uma leva de escravos em uma noite de chuva lhe deixando com o coração em fangalho.
- Você fala demais moleque e está ouvindo atrás das portas? - ele fala pegando o menino pelo braço com brusquidão.
- Perdão coronel só quero o bem do senhor e da Rogéria. - ele diz gemendo de dor do apertão no braço. - Não se preocupe que não falo essas coisas com ninguém não. - o homem o solta e sai andando calado, mas por dentro se revirando em pensamentos. Ao longe vê o coronel Abílio já saindo e o detém dizendo que também irá pelo mesmo caminho. Antes de pegar o seu cavalo avisa ao feitor que Rogéria fugiu e que a quer intácta ao voltar na cozinha ajudando.
O feitor sai com alguns capangas a procura da escrava fugida e com ajuda de Pedro sabem a direção que se foi, ele disse que ouviu alguém correndo por ali. Ninguém sabe se seria melhor para ela fugir ou voltar, mas agora já é tarde para isso, pois o coronel está negociando a escrava com Abílio inclusive lhe pagando o dobro, sua intenção não é só encontrar Jurema, mas também subornar o cunhado tendo a posse da escrava que roubou seu coração.
No meio do canavial, Rogéria para um pouco para respirar, passa a mão na testa para diminuir o suor, quer sentar e descansar mais sabe que é impossível, podem estar lhe procurando ou terem tentado lhe seguir, apoia as mãos nos joelhos controlando a respiração para continuar e é surpreendida por um homem, um dos capangas do coronel Abílio que lhe agarra por trás.
- Hum um lanchinho foi o que encontrei aqui. - diz o homem com um bafo de cana em seu pescoço.
- Nãaaooo me solta! - ela grita tentando se soltar só que é em vão. O homem está decido a lhe fazer mal.
É muito normal no meio dos capatazes eles ou os senhores pegar a negra que quer e fazer o que bem entende. Rogéria sabia o risco que estava correndo nas mãos desse homem que lhe joga com brusquidão no chão e se põe por cima dela, beijando seu pescoço e lhe fazendo gritar e chorar. Foi com ajuda dos gritos que deu que os capangas da fazenda Riachuelo lhe ouviram e tiraram o homem de cima dela, por sorte ele não conseguiu chegar a lhe ofender, apenas estava com a roupa um pouco rasgada. Foi amarrada e puxada por um deles que lhe entregou na mão do feitor, esse ao vê-la disse:
- Eu tivesse com meus homens teria ficado assistindo ele fazer com você o que eu quero fazer e não posso. Tome um banho e vá ajudar na cozinha, ordens do coronel Manoel.
- Eu não fui vendida? - ela pergunta.
- Foi mas para o coronel Manoel, ele quem manda em tu agora. - chega perto dela e diz: - Cada dia mais fácil para eu tomar você para mim. - empurra ela dentro do quarto e tranca a porta, esperando ela se arrumar para ir para cozinha.
Ela ora agradecendo a Deus o livramento do estupro e pedindo que o coronel não lhe faça mal e nem deixe o feitor fazer, toma banho e bate na porta avisando estar pronta. Iria voltar a enfrentar Rosa e Isaura, não sabe se seria melhor ter fugido ou ter sido recapturada iria ter que conversar com o coronel e sabe com que propósito lhe comprou.
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Uma Escrava, uma missão
Tâm linhKara é uma jovem filha de fazendeiros, se vê sendo vendida como escrava em véspera de completar quinze anos, mas ela não desfalece, o amor e paz que traz dentro de si lhe dão forças para continuar a viver e prosseguir na missão que Deus colocou em s...