Uma Escrava, uma missão

Capítulo 36

Advogado Teles Lobo (vamos conhecer um pouco dele, o que houve na época onde o enredo começou.)

Meu pai era muito amigo do Coronel Castelli, viviam se encontrando nas viagens ao ministério e ele sempre falava de sua filha, que era uma jóia, bondosa e delicada. Eu me encantava em ouvir as histórias do homem babando por sua filha. Me apaixonei por ela mesmo sem nunca ter visto. Até que um dia soube que iriam para a missa do final de ano e fiz de tudo para estar ali. A jovem era realmente muito linda, pele bronzeada, cabelo torneado com cachos delineados, parecia uma boneca. Me apaixonei e comecei a traçar planos para desposar a moça em questão. 

Falei com meu pai sobre o assunto e ele me informou que o amigo já estava negociando um duque para sua filha, haviam combinado desde o nascimento da jovem, mas como sua esposa era muito delicada e pensava diferente dele, estava tudo no mais profundo sigilo. Não pensei duas vezes, me aproximei mais do senhor Castelli e passei a conhecer os detalhes do acordo. O duque em questão era das imediações, se tornaria duque assim que o pai do rapaz falecesse, então já estavam planejando o futuro dos filhos os dois coronéis juntos. Não seria difícil reverter a situação ao seu favor.

Lamentavelmente uma tragédia se formou na família e o velho coronel faleceu muito cedo. Vi aí uma oportunidade de mudar a realidade dos fatos. Li o testamento do velho e me surpreendi em saber que ele tinha um filho bastardo e que havia deixado tudo para o garoto. Junto com o testamento ele cita que não se preocupa com a filha pois está prometida a um duque. Não cita o nome do duque em questão, ingenuidade de meu pai e do coronel. Procurei um amigo que imita letras e fiz uma carta do coronel Castelli para o futuro pretendente da moça, como o pai do rapaz já sabe do acordo, não podemos colocar minha pessoa como sendo pretendente, mas posso dizer que o falecido se arrependeu do acordo e tomar a situação para mim.

- Dr. Teles, o rapaz está no navio vindo para a corte. - diz um dos homens que contratei para descobrir o paradeiro do filho bastardo e sua mãe que foram vendidos na época da invasão.

- Leve ele para a casa de campo. Mantenha-os preso lá e muito bem vigiados. Ninguém pode sabe onde estão e eles não podem sair de lá nem para ser enterrados entendeu?

- Sim senhor, pode deixar que já providenciamos tudo. - ele diz se despedindo e partindo para o porto.

Vou manter o bastardo preso como garantia que a moça aceite casar comigo, não posso correr riscos, o duque em questão eu me livrarei dele facilmente. Investigando sobre o duque, comecei a tratar da sua irmã, mandei pegarem uma escrava da casa e a ameaçava administrando doses diárias na comida da irmã do duque, se ela ficar com distúrbios será melhor no futuro se livrar dela. Não quero nada deles, mas ela estando indefesa não poderá como irmã mais velha se meter nos meus planos. O duque busquei em meus contatos formas de o prender cada vez mais na corte, inclusive fiz a cabeça da princesa sobre ele ser ótimo para casar com a sua sobrinha.

Mas como nem tudo sai como esperamos, ele chegou a conhecer minha morena e pior, a princesa apoiava a união dos dois, tive que reverter os planos. Aproveitei a pinta de herói do moço e usei meu poder de persuasão para que fosse obrigatório que ele se casasse com alguém da realeza. Eu sei que merecia um prêmio por ser um gênio. Mas me contento em conseguir meu alvo. Para garanti  o êxito nos meus planos, vou para o Brasil e cuidarei de algumas coisas pessoalmente.

Já no Brasil...

Após ter sido grosso com ela e ainda a deixar só no escritório resolvi que não vou mais me demorar, melhor o duque sumir e eu a enganar achando que sou duque e que sou seu prometido. Vou entrar em ação e agir o mais rápido possível.

- Dr. Teles, o que faremos com a escrava? - havia me esquecido que mandei prender Rosa para ela não falar que a senhora dela agia daquela forma por meio de remédios.

- Não é hora dela aparecer, dê um jeito de a manter fora de circulação. Outra coisa, o duque Lucas está mesmo voltando?

- Sim senhor, foi visto entrando no navio.

- Eu o quero vivo, sabe que não trabalho com morte, mas preciso que ele receba um corretivo e seja afastado da sociedade por tempo indeterminado. Conseguem?

- Claro que sim, não gostamos mesmo do duque abolicionista.

Quando os capangas saem, fico pensando no que colocar na carta, volto para o escritório da fazenda e decido começar a escrever, não posso falhar. Vou mandar chamar ela e explicar a situação de que se seu irmão não aparecer (que não vai) ela só ficará com tudo se estiver casada com quem seu pai quer. Isso me dará uma chance dela dizer sim. Não me importo com o gostar dela por mim, pode seguir amando o outro, com ele ela não fica. Diz rindo e recostando na poltrona. Ela é minha e moverei céu e terra para tê-la.