XV

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Ser policial em cidades do interior é tirar a sorte grande. Os crimes praticados por aqui sequer se comparam aos das grandes metrópoles e quando a coisa aperta, o delegado não pensa duas vezes em pedir reforço.
As noites de plantão geralmente não requerem maior atenção, o mais difícil é permanecer acordado.
Tiago era investigador, recém formado pela academia de polícia e fora designado a cidade de Barra do Ribeiro. E querendo demonstrar serviço ele logo se prontificou a cobrir os plantões.
Assim que o expediente acabou todos desejaram boa sorte a Tiago em seu primeiro plantão. O delegado explicou como tudo funcionava e deu seu telefone particular ao novato.
-Qualquer coisa não hesite em me ligar.
-Pode deixar chefe!
A noite não tardou em chegar e com ela uma espessa neblina. O investigador preparou uma jarra de café para enfrentar a madrugada e se postou ao lado do telefone. As horas iam se passando e nenhuma denúncia ou coisa do tipo. Tudo corria bem.
...
Tiago acordou com um estrondo na porta dos fundos de delegacia. Ele não acredita que pegou no sono. Esfregando os olhos ele olhou o relógio: duas da manhã. Menos mal que era cedo e nenhuma ligação perdida na bina do telefone. O investigador saca sua arma, uma pistola .40 e faz a ronda. Tudo absolutamente normal e nem sinal de arrombamento. Ele volta ao seu posto e repara na câmera de vigilância interna 3, onde estão localizadas as celas. A cada piscar da lâmpada parece que uma sombra se forma dentro da cela. Um arrepio lhe percorre a espinha. Novamente ele saca a arma e se dirige a ala oeste da delegacia. Ao abrir a porta que dá no corredor das celas uma brisa gelada lhe causa calafrios.
-Estou no corredor e com a arma em punho, se isso for um trote podem aparecer - disse Tiago, engatilhando a pistola.
(Silêncio)
O recém formado investigador engoliu a seco. Pelo visto não era pegadinha da equipe.
Ele se aproxima da cela em questão e repara que não há nada lá dentro. Devia ser algum problema com a câmera. Ele respira aliviado e guarda a arma no coldre. Mas, assim que ele se vira para retomar ao seu posto, a lâmpada se apaga e novamente um arrepio lhe percorre o corpo. Instintivamente ele saca a arma e aponta para a cela. O investigador cai sentado no chão e tremendo assim que vê claramente uma sombra dentro da cela, a mesma que estava vazia segundos atrás. Com dificuldade ele pega a lanterna. O medo lhe consome por inteiro assim que ele ilumina a cela e vê alguém alguém com o rosto encoberto e em vestes negras.
...
São duas horas da manhã e Tiago acorda. A camisa ensopada de suor, a pistola em uma de suas mãos e a lanterna em outra. Ele está tremendo e não tem coragem de olhar para a câmera de vigilância interna 3.
São sete e meia da manhã quando o delegado entra na delegacia e encontra Tiago em estado de choque.

Diário do Fred - O serial killer Onde histórias criam vida. Descubra agora