Desde o assassinato na ERS-709, Barra do Ribeiro voltou ao marasmo característico das cidades interioranas. As notícias que cobriam o jornal Nova Era deixavam Lázaro entediado. E ele bem que tentou escarafunchar junto a polícia alguma coisa daquele brutal assassinato, mas não deu em nada. Para piorar a situação acabaram caçoando dele e de suas suposições. Então Lázaro guardou para si a teoria de que um serial killer estava nascendo na cidade.
Os dias se passaram, o caso ainda estava em aberto e restou a Lázaro noticiar os roubos de galinha da cidade e o descontentamento da população com o prefeito. A rotina se fazia presente como nunca antes. Até seu telefone tocar...
-Lázaro, tenho uma boa pra ti - disse a voz rouca com empolgação.
-Aham, e quem fala?
-Não posso me expor...
-E como vou poder confiar então?! - questionou Lázaro, já sem muita paciência.
-Não precisa confiar. Vá ver com seus próprios olhos, mas antes que a polícia chegue. Assassinaram o padre João Francisco!
Geralmente ligações anônimas não levam há lugar nenhum. Lázaro estava acostumado a elas, eram trotes que o faziam perder tempo. Mas essa foi diferente, não ousariam brincar com uma coisa dessas. Lázaro tremeu e emudeceu.
-Alô, você ainda tá aí?! -disse a voz, quase sussurrando.
-Tô. E você tem certeza disso?
-Se eu tivesse seria investigador da polícia.
-Ok, entendi. Vou investigar.
-Confio mais em você do que na polícia, Lázaro - e desligou a ligação.
A última frase do informante anônimo encheu Lázaro de orgulho, finalmente alguém reconheceu seu trabalho e mais do que isso: confiava nele para resolver casos.
Após a massagem no ego, o jornalista-detetive desenterrou do sub-consciente a teoria que lhe envergonhou alguns dias atrás: o serial killer de Barra do Ribeiro. Se ele conseguisse provar que os assassinatos envolvendo o jovem na estrada e o padre tivessem correlação, a polícia teria de dar o braço a torcer.
Apesar da morte do padre, Lázaro dava pulos e corria dum lado para o outro. Rapidamente ele se aprontou: vestiu o chapéu fedora, guardou no bolso o bloco de notas, pegou sua inseparável câmera e correu pra igreja, torcendo pra que chegasse antes da polícia na cena do crime.
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Diário do Fred - O serial killer
HorrorAqui você lerá os diários dum serial killer brasileiro. Desde os primeiros dias, acompanhando sua evolução, os assassinatos, pensamentos e tudo mais que acontecer na sua volta. A história se passa em Barra do Ribeiro, pequena cidade do interior do...