Diário do Fred - O serial killer

XXIV

O som era alto demais e sem dúvida haviam mais pessoas naquele espaço do que era permitido por lei. Fred estava claramente desconfortável, tremendamente arrependido e pensando seriamente em desistir dessa maluquice de se deixar levar por um sonho. Assassinar alguém no banheiro duma balada seria arriscado demais. Então estava decidido: aquela noite terminava por aqui.
Até Fred esbarrar numa garota e ela lhe sorrir.
-Desculpa, tem tanta gente aqui que eu mal consigo me mexer - disse ele, meio sem jeito.
-Você acostuma - respondeu ela, enrolando o cabelo na ponta do dedo.
-Eu acho que não, já estou de saída - diz Fred, dando as costas.
-Hey! Pelo menos me paga uma bebida. Você esbarrou em mim e virou meu copo e além do mais, conheço um lugar mais tranquilo aqui dentro - falou a garota, puxando ele pelo braço e sorrindo.
Fred não resistiu, atendeu ao pedido e rapidamente eles estavam na área de fumantes, realmente um espaço mais tranquilo. Ali eles conversaram, trocaram amenidades e gargalharam sobre a vida e um pouco mais. Ela se chama Ana Clara, é enfermeira e mora em Guaíba. E depois de algumas doses ambos estavam no banheiro, feito no sonho de Fred. A lâmina gelada e afiada da faca incomodava. Matar aquela garota não era uma opção. Fred abraçou Ana Clara e viu no reflexo do espelho a bruxa de seus sonhos, em vestes negras. Assustado ele rapidamente se vira e não há ninguém. Ana Clara apenas sorri, sem entender nada.
-Que foi? Parece que tu viu um fantasma...
-Acho que bebi demais - diz Fred, ainda assustado.
-Cara, você é estranho - e assim que ela termina de falar, se aproxima dele e lhe beija.
Ao contrário do sonho, Fred não esfaqueou a garota. Transaram no banheiro da balada e só pararam porque alguém batia na porta. Trocaram telefone e ele promete ligar pra ela, quem sabe até marcar um almoço juntos.
Fred acenou para Ana Clara enquanto ela partia num táxi. Já ele teria um longo caminho até sua casa e seu estado de embriaguez complicaria e muito a viagem.