Diário do Fred - O serial killer

XVIII

-E então doutor, o que há com o Tiago? - questionou o delegado, preocupado com o recém formado instigador.
-Ainda é cedo para termos um laudo conclusivo. Estranhamente o estado de choque persiste. Vocês desconfiam de algo que pode ter ocorrido na madrugada da delegacia? - o médico não quis assustar o delegado, mas casos assim podem ser irreversíveis.
-Nada que justifique o estado em que atuado ficou.
E realmente a equipe de polícia não encontrou nada que levasse Tiago a ficar daquela maneira, pelo menos não pela ótica deles. E poucas coisas comovem tanto a Polícia Civil quanto um colega de profissão envolvido num caso tão delicado. Eles fizeram um pente fino na delegacia. Averiguaram tudo e ate tomaram depoimento dos vizinhos e nada. Nenhuma ligação durante a noite, sequer haviam portas forçadas e tudo estava em seu devido lugar. O único acontecimento estranho foi que, por volta das duas horas da manhã aconteceu um apagão geral na delegacia, coisa de segundos e assim que a energia voltou Tiago foi fazer a ronda. Ele ficou algum tempo na ala das celas e quando voltou ao seu posto parece que congelou, ficou na mesma posição por horas, até ser encontrado pelo delegado.
Após darem maiores detalhes ao médico, o mesmo sugeriu que Tiago fosse encaminhado ao hospital psiquiátrico em Porto Alegre.
-O que o senhor está insinuando, Doutor? - questionou um dos investigadores.
-Que seu colega precisa de cuidado específico, sinto informar vocês, mas ele não voltará ao normal do dia para a noite e sem tratamento - falou o médico, finalmente colocando as cartas na mesa.
Assim que o clínico geral da cidade terminou sua fala, o telefone do delegado tocou.
-Delegado Abel!
-Precisamos do senhor aqui, uma coisa horrível aconteceu - disse uma voz quase que sussurrando.
-Aqui onde? Quem fala?
-Na casa do padre João, aqui é a freira Dalila...
O delegado teve um mau pressentimento e tentou imaginar o que de tão ruim poderia acontecer a um padre duma cidade igual Barra do Ribeiro.