XVII

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O estresse diário do trabalho me consumia por inteiro. De uma carteira de cigarro por dia, passei para duas e em pouco tempo seriam três. Suportar um chefe igual ao Seu Chico era de fazer qualquer um surtar, até o mais paciente dos monges.
Curiosamente eu estava neste estado de nervos quando cometi meu primeiro assassinato. Eu vinha duma semana sobrecarregada, repleta de horas extras e trabalhando aos finais de semana. Era preciso desopilar, colocar pra fora tudo que eu vinha acumulando ao longa da vida. Ninguém sabia, mas eu era uma bomba relógio prestes a explodir.
E, por sorte minha e azar do Paulo, o destino cruzou nossos caminhos naquela fria noite na ERS-709. O final daquele história vocês já sabem como terminou: Paulo a sete palmos do chão e eu finalmente me livrei do fardo que carregava. Paulo, que tem nome santo, me apresentou um caminho de redenção, uma maneira de livrar as tensões do dia a dia. E agora, depois de um tempo acumulando tanto estresse, desaforo e tendo que engolir meu chefe, me encontro novamente sobrecarregado. Já está passando da hora de desopilar e tenho pena de quem cruzar meu caminho.

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