VII

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Era domingo, o céu estava encoberto e o abafamento indicava que a chuva estava porvir. Naquela manhã ninguém ousou abrir as portas de seus estabelecimentos, a cidade inteira estava comovida e de luto após a perda brutal de um dos seus "filhos". Quisera o destino que o enterro de Paulo fosse um dia após o feriado de Nossa Senhora Aparecida.
Para não levantar suspeitas tive de ir ao sepultamento e somente lá pude perceber a dimensão da minha "obra". Foi difícil conter a empolgação e meu contentamento ao notar que eu não havia ceifado somente uma vida, o estrago era muito maior. Paulo deixou prematuramente seus pais, uma avó, esposa e filha. Não pude deixar de escapar um leve sorriso, o destino havia sido generoso demais comigo.
Assim que o padre terminou a oração, alguns familiares e amigos foram dar seu último adeus e quando não restava mais ninguém, me aproximei da cova, ajoelhei e sussurrei: obrigado, Paulo!
Tão logo eu terminei minhas palavras um trovão rasgou o céu e começou a chover. A multidão se dissipou rapidamente, enquanto eu caminhava lentamente pela chuva, senti que era necessário lavar a alma

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