VI - Visão do padre sobre uma confissão peculiar

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O Sacerdote de Deus acordou cedo naquela manhã e com uma ressaca que martelava sua cabeça. Se arrependimento matasse o Padre estaria a sete palmos do chão, porque ele sabia que aquele vinho barato cobraria caro no dia seguinte. Sair da cama foi mais difícil do que ele imaginava e dar um dedo em troca de passar o dia na cama não lhe pareceu má ideia. O Padre sorriu e agradeceu a São Pedro assim que as primeiras gotas de chuva caíram do céu, pois assim poucos fiéis dariam o ar da graça na igreja.
O Padre roncava no confessionário e acordou somente quando o fiel começará sua confissão. Atordoado pela ressaca ele não se apegou aos pormenores naquele momento, foi somente a noite, ao realizar sua oração e deitar que algumas coisas começaram a se encaixar e fazer sentido. Apesar da idade, tinha memória de elefante e relembrou que alguém fora brutalmente assassinato na estrada da cidade há alguns dias e hoje surge um fiel assumindo que desrespeitou um dos dez mandamentos. Será só coincidência? Aquilo inquietava o Padre e lhe tirava o sono, afinal de contas ele poderia estar diante de um assassino e nada poderia fazer, pois o segredo sacramental da confissão é inviolável.
João Francisco, o Padre, tomou um cálice de vinho e outro e depois mais outro, quase uma garrafa e adormeceu.
No dia seguinte ele acordaria novamente com uma ressaca horrível e tendo a impressão que deveria lembrar de algo importante que aconteceu no dia anterior.

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