XXIX - Atrasado

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O celular toca insistentemente. Fred acorda e percebe que aquela não era a primeira ligação. Ao todo já somavam trinta e oito ligações, todas de seu chefe. Era segunda-feira e ele estava com as chaves do mercado. Passa das nove horas da manhã...
-Não acredito! Aquele merda vai querer meu rim numa bandeira - esfregando o rosto.
Só então Fred se da conta que está no carro, será que ele havia dormido ali dentro? Ou o sonambulismo da adolescência teria voltado? Questões que perturbavam sua mente, além de alguns flashbacks que de tão reais não poderia ser apenas um pesadelo.
Rapidamente ele sai do carro e entra na casa. Sequer toma uma ducha, somente troca de roupa e lava o rosto.
Por sorte o mercado fica perto de sua casa. Fred acelera e dentro de alguns minutos estaria no estacionamento, pra alegria de seu chefe. Mais uma semana se inicia. Da pior maneira possível. Atrasos rendiam compensação de horário no sábado, ou desconto do salário.
-Atropelou um cachorro? - disse um dos seus colegas, assim que Fred estacionou.
Ele não entendeu a brincadeira até ver o pára-choque, lavado de sangue.
Um tremor lhe percorreu o corpo é aquela imagem de estar no meio dum descampado, com as mãos ensopadas de sangue não pareciam somente um sonho.

Diário do Fred - O serial killer Onde histórias criam vida. Descubra agora