XXVII

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O dia transcorria como de habitual. A arquidiocese de Porto Alegre não demandava grandes preocupações, até que...Às pressas um seminarista invade a sala do arcebispo Jonas.
-Senhor?! - diz o rapaz, quase que colocando o pulmão boca a fora.
-Senhor está no céu, jovem. Pode me chamar de Jonas.
-O o o, pa pa pa, padre João - disse ofegante e gaguejante o pretendente a padre.
-Primeiro respire e depois me conte o que tem o Padre João.
Vitor, o seminarista apressado, frequentava a igreja católica desde garoto. Era figurinha tarimbada nas missas e de mais eventos da igreja. Rapidamente e por vontade própria, se tornou coroinha. Muitos diziam que ele tinha vocação divina para ser padre e parece que o próprio Vitor concordava, pois decidiu seguir a carreira religiosa. Na sua breve carreira de coroinha e seminarista nada havia lhe surpreendido até a esta tarde, quando um telefonema lhe deixou mais branco que as hóstias da igreja.
-Arcebispo Jonas, o padre João morreu! - disse sem mais delongas o seminarista, agora com fôlego recuperado.
A notícia acertou em cheio o arcebispo. Ele e João eram conhecidos de longa data, foram colegas de seminário e nutriram a amizade após serem designados a suas respectivas paróquias.
-Você tem certeza? - disse Jonas, pálido e sentando na cadeira para aliviar a tontura repentina.
-Absoluta! A irmã Dalila e a polícia acabaram de confirmar.
-Pois então arrume suas malas, vamos pessoalmente a cidade averiguar o que aconteceu.
Não era comum o arcebispo da região se deslocar frente a morte dum padre, mas essa era uma ocasião especial. João era amigo íntimo de Jonas e isso era o mínimo que ele poderia fazer. E além do mais, padres dificilmente morrem em exercício e isso causava estranheza ao arcebispo.
"Não há de ser nada. Apenas um infortúnio..." pensou consigo mesmo.

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