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Deby recebeu uma ligação pra lá de inusitada num sábado, um pouco depois do almoço. Estava na televisão assistindo Vale a pena ver de novo quando o celular tocou debaixo da coxa. Pegou um susto pois assistia uma cena tensa de briga de casal. O telefone era desconhecido, não costumava atender ligações de desconhecidos porém naquele instante se entregou à curiosidade.

— Alô. Pois não.

— Alô, Deby?

— Sim, é ela. Quem está falando?

— É o Vítor. Como vc está?

— Vítor, que Vitor?

— Vitor_alfa. Não se lembra mais dos amigos?

Deby revirou o olho, desinteressada e com um ponto de interrogação na ponta da língua.

— Oi, Vitor, como você vai?

— Vou bem. Com saudade de você mas vou bem.

— Que bom, Vitor. Mas me diz, como conseguiu esse número?

— Tenho minhas fontes.

Merda, na certa uma de suas amigas que não podem ver pica deram o número de Deby para ele.

— Hum, sei. Mas e aí, o que você queria de mim? — ela pergunta.

— Só queria ouvir sua voz, meu bem. Você sumiu mesmo, não deu mais notícias, excluiu a sua conta, trocou de número. Poxa éramos amigos.

Aff!!!!! Era só o que faltava. Não devia nada a ninguém, mas aquele cara parecia um chiclete grudado na sola do sapato, depois que foi cuspido.

— Sim éramos amigos, Vitor. Mas quero me desligar daquela vida, sabe. Claro que ainda entraria contato com você, as meninas. Só estou dando um tempo mesmo. A gente precisa.

— Sei não. Parece que você se afastou pra sempre.

— Sim, também pode ser. — disse Deby, já chateada. — Eu já tava cheia daquela vida.

— Cheia daquela vida? Você quer dizer de mim?

Era hora de ser mais grosseira com aquele idiota. Dar um fim nele para nunca mais procurá-la. Que cara mais escroto.

— Acho que sim, Vitor. Já estava cheia, se é isso que quer ouvir. Chega uma hora que dói no saco tudo isso, e a gente quer largar tudo, viver a vida em off, sem essa de fake e sexo virtual.

— Era isso que eu queria ouvir. Por que não me disse logo?

— Tô dizendo agora!!

— Beleza. É assim que a gente conhece as pessoas.

— Ah, Vitor, assim como? Me esquece tá bom? Tem tantas meninas lá no grupo ainda. Vá falar com elas, eu não tenho mais nada com você.

— Mas eu tenho.

— Como assim? — Deby franziu o cenho, confusa.

— Eu tenho algo seu.

— Algo meu? E o que seria? Nunca tivemos nenhum contato físico, você não pode ter coisas minhas.

— Pois é, né! Mas eu tenho, Deby. E várias delas.

Deby, nervosa, continuava, as mãos suavam.

— E o que é? Você vai continuar nessa mentira até quando, Vitor? Agora já deu, depois dessa nunca mais me ligue. Ade...

Antes de concluir o adeus, Vitor responde, astutamente.

— Eu tenho várias fotos sua, chuchuzinho!

Deby quase cai pra trás com aquela. Não podia ser, o homem estava blefando.

Dormindo com o Sobrinho Onde histórias criam vida. Descubra agora