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No dia da visita de dona Soraia à Deby, Frankie também recebeu uma visitinha nada agradável, assim que sua mãe saiu da farmácia para se dirigir à casa de Deby. Três homens encapuzados entraram no estabelecimento de Frankie pedindo para que os funcionários e dois clientes fossem para o deposito e não saíssem de lá por nada. Frankie foi acuado no canto do caixa com uma 38 na cabeça. Os homens foram sucintos, sem enrolar.

— Estamos aqui para lhe dar um avisinho, meu amigo: pague o que deve senão, na próxima visita, você vai virar espaguete. Ouviu? Ouviu?

— Sim, sim. — dizia Frankie, tremendo. Nunca havia passado por uma situação como aquela. Quer dizer, já foi assaltado outras vezes, mas nunca com o cano do revolver pressionando a tez.

— Se você não pagar o que deve daqui a quarentae cinco dias, você morre. Veja bem o quanto o patrão é generoso, está lhe dando bastante tempo para quitar a dívida, então não desaponte ele.

— Mas da onde é? Quem está me cobrando desta forma maligna? — Frankie teve coragem de dizer.

— Você sabe muito bem. Quarenta e cinco dias. Não se esqueça.

E saíram. Mas Frankie continuou ali, acuado, como se os homens ainda estivessem apontando o revólver na sua cabeça.

— Por favor, não me matem. Eu tenho família. — depois se arrependia de ter mencionado a família. — Eu vou pagar o que estou devendo, mas me deem mais tempo. Eu preciso de mais tempo por favor.

Os funcionários saíram do depósito e viram o patrão jogado ao chão, chorando e falando com ele mesmo.

— Senhor Frankie...meu Deus, o senhor está bem?

— Não me mate. Ainda não.

— Somos nós. Calma.

Frankie levantou o queixo e viu seus funcionários atentos, preocupados com o patrão.

— Eles já foram. O senhor está bem? Eles lhe machucaram?

Frankie pôs a mão na testa sentindo uma desagradável dor.

— Eu não sei. Acho que estou. Eles já foram mesmo?

— Sim. O carro não está mais aí na frente. Eles já foram sim.

Nisto, os dois clientes que ainda estavam no depósito, saíram pedindo explicações a Frankie.

— Que situação que o senhor nos deixou, hein, meu amigo! — disse um deles, um homem de boa estatura e olhos claros.

— Onde está a segurança da sua farmácia? — interveio outro.

— Por sua falta de pagamento, você nos deixou numa situação constrangedora, poderíamos processá-lo por isso.

— O que vocês estão dizendo? Eu quase morro. Me dão um tempo.

— Sim. E poderíamos ser mortos também por sua falta de caráter.

— Escuta aqui, seu engomadinho. — disse Frankie se pondo de pé agarrando o sujeito pelo pescoço. — Você não sabe o que estou passando, então fica de bico calado aí, seu merda. Quer me processar? Vai, seu filho da puta. Eu não tenho mais nada pra tirar mesmo.

— Calma, senhor Frankie. — interveio os funcionários de Frankie tentando acalmá-lo. — Senhor, por favor queira se retirar.

— Isso não vai ficar assim, seu caloteiro de merda.

— Eu não acredito nisso. Não mesmo. Acabo de ser ameaçado de morte e esses caras vêm falar merda.

— Esquece eles, senhor Frankie.  Quem eram aqueles caras? A mando de quem eles vieram?

Dormindo com o Sobrinho Onde histórias criam vida. Descubra agora