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A primeira noite de Narcisio no sótão foi demasiado aconchegante. Ora, Deby havia saído ainda naquela manhã para comprar um colchão para o seu bambino dormir. Por pouco, muito pouco mesmo, Fenanda não a vê chegando com aquele estofado acompanhada de um jovem que trouxe o objeto num carrinho acessível. Rapidamente Narcisio pegou o estofado levando para o sótão.

— Rápido! Rápido! A Fernanda está vindo ali na esquina. Ai meu Deus, tomara que ela não tenha visto.

E Fernanda entrou, normalmente. Disse um oi pra mãe e se dirigiu para o seu quarto.

Narcisio percebeu que havia duas frestas no piso de madeira. Uma levava ao quarto de Frankie e Deby, a outra para o quarto de Fernanda.

— Que sorte essa minha. — disse de cócoras brechando a garota trocar de roupa. Fernanda tirou a roupa da faculdade ficando de calcinha. Era a segunda vez que a via com aquele traje mínimo, e mais uma vez a calcinha estava enfiada no bumbum. De fato, Fernanda tinha um bumbum muito gostoso do formato de um coração. Lisinho, sem marca alguma. Aquele bumbum devia estar no seguro, pensou o garoto.

Na sua segunda noite na casa, no entanto, Narcisio começou a se sentir isolado, na completa solidão. Se sentia como os ratos que habitavam o sótão. E será que não seria mesmo como eles? Sem valor algum, andando pela casa à noite roendo sobras da geladeira, sempre ao escuro. Recebia mensagens de sua mãe, única que afirmava que lhe amava de verdade, dizia a ela que estava na casa de um amigo que conheceu na cidade e que não tinha pretensão alguma de voltar pra casa para conviver com seu padrasto.

Com o tempo na casa, Narcisio começou a perceber que não passava de um brinquedinho de Deby, um brinquedinho pervertido, assim cono o vibrador que escondia em algum canto do quarto. A tia lhe trazia coisas para ele comer em troca de sexo. Advertia para que ele não descesse muito, que permanecesse mais no sótão pois aquilo podia ser perigoso, alguém, algum vizinho podia lhe ver andando pela casa colocando em risco tudo aquilo.

— Mas eu me sinto só, tão só, meu amor. — ele dizia à Deby.

— Eu sei, minha vida. É difícil, mas o que podemos fazer? Eu te amo tanto. Nunca pense o contrário, viu.

— Às vezes eu acho que você não me ama.

— O quê? Nunca mais repita isso. Eu te amo de verdade. Daria a minha vida por você.

Mas à noite, Narcisio espiava pela fresta do piso o casal, Frankie e Deby na maior intimidade. "Ela realmente só está me usando", dizia. Mas logo depois via a tia pensativa, olhando para o teto, imaginando estar nos braços do seu bambino. Sim, ao contrário que pensava Narcisio, Deby amava o novinho de verdade. Nada podia fazer, afinal o garoto estava escondido na casa, foi o trato que fizeram até ele poder arranjar um lugar para ficar.

Mas Narcisio não conseguia um emprego. Saía para arrumar trabalho em lojas, supermercados, mas não tinha experiência alguma. O currículo que Deby criou não tinha respaldo suficiente para poder emprega-lo. Conseguiu arrumar num barzinho, quinhentos metros da casa, mas achou perigoso. Frankie as vezes colocava os pés ali para esfriar a cabeça. E se visse o menino por ali, o que não ia pensar. Na certa que o garoto ainda estava na casa sob o aparato da esposa.

Numa manhã, após fazer amor com Narcisio, Deby recebeu uma gratificante visita, mas que não caiu bem devido o segredo que guardava no sótão. Sua sogra, a pomposa senhora
Soraia, bateu à porta com um sorriso gostoso na cara. Deby a adorava pois era uma idosa de vital energia e de um humor inigualável. E a reciprocidade era verdadeira pois a sogra também amava a nora.

— Sogrinha, que surpresa agradável.

— Como está, minha nora preferida?

— Estou ótima. Mas quanto tempo! Como a senhora está bem. Peraí que vou pegar meu caderninho de anotações.

Dormindo com o Sobrinho Onde histórias criam vida. Descubra agora