Foster observava Anne andar de um lado para o outro com a mão na cintura a pouco mais de meia hora.
– Ela está grávida — Repetiu pela vigésima vez — Daquele aspirante a bombeiro miserável.
– O que irá fazer? Obrigar que ela tire o bebê só fará com que ela a odeie.
– Ela já odeia.
– É bem óbvio que essa sua afirmação não passa de uma mentira — Anne passou a mão nos cabelos e a deixou ali.
– Eu ainda não posso acreditar nisso, não posso.
– Lisa deve estar assustada com a notícia, precisa ter calma e apoia-la — Anne o olhou pronta para falar — Ela ainda acha que fui eu quem colocou os remédios e a pomada em sua bolsa, nós sabemos ben que os colocou lá, você deveria deixar que ela se aproxime de você.
– Não diga asneiras, Foster.
– E não estou, você sabe como um aborto pode destruir uma mulher, pense bem no que irá fazer de agora em diante — Disse levantando-se — Eu irei me deitar, você precisa ficar um pouco sozinha e pensar, boa noite Anne — Ela não fez questão de responde-lo, apenas seguiu para a janela do escritório vendo as luzes da cidade, definitivamente não sabia o que iria fazer.
Não sabia se queria um filho de Lisa com Sean, nem mesmo aquilo deveria importar-se, poderia usar o bastardo para propagar como o casal feliz que resolveu que quanto mais cedo tivessem um filho, mais renderia amor ao matrimônio, aquela afirmação iria lhe servir quando a gravidez de Lisa estivesse evidente, também não queria obriga-la a tirar o bebê, não com o passado que teve.
[...]
Lisa abriu os olhos vendo a cama vazia assim como o quarto, levantou-se seguindo para o banheiro, tomou um banho demorado e após se arrumar, desceu seguindo para a sala de jantar vendo Anne concentrada no jornal daquela manhã, Lisa sentou-se em silêncio e serviu-se com o café enquanto a empregada lhe servia com a salada de frutas e saiu.
– Irá trabalhar? — Perguntou olhando-a após tomar um pouco do café.
– Sim, eu irei — Disse ríspida, deixou o jornal de lado e encarou a morena — Desde quando sabe dessa gravidez?
– Desde ontem e pelo que sei, isso não deveria importar.
– Não importa, poderá ficar com essa criança, mas se o aspirante a bombeiro souber sobre ela, considere-se sem o seu pequeno bastardo — Disse tentando transparecer a voz raivosa.
– Eu não vou tirar meu filho, Anne e você não irá me obrigar a isso.
– Eu que desconfie que ele sabe para você ver se eu irei ou não obrigar você — Disse saindo da sala.
Lisa não demorou a escutar o barulho da porta, sentiu seus olhos transbordarem, levou as mãos ao ventre, jamais havia sentido medo de Anne como sentiu naquele momento.
Não pensava em contar nada a Sean, principalmente depois de descobrir a verdade sobre ele — ele já não era parte de sua vida a tanto tempo, principalmente ao começar a ver Anne de outra forma, com desejo.
Levantou-se sentindo o estômago embrulhar ao imaginar perder o ser que crescia dentro de si e correu para o banheiro mais próximo, abaixando em frente ao vaso e vomitando tudo o que havia comido.
Foi encontrada por Foster minutos depois, ele a ajudou a ir até o quarto e mandou que lhe preparassem um chá ao qual ela tomou de maneira hesitante, com medo do que poderia contar no conteúdo, logo dormiu sem nem ao menos percebeu o momento.
[...]
Anne passou horas a mais no trabalho, seus pensamentos estavam conturbados, naquele momento sentia medo, medo de que a criança fosse algo que tirasse Lisa de si e a levasse de volta para Sean.
Não sabia se Lisa seria capaz de passar por cima do passado de Sean e ficar com ele novamente, afinal foram amantes durante os últimos meses, não sabia se mesmo com a ameaça que a pouco havia feito, — mesmo que fosse para manter o controle, — Lisa continuaria com ela, afinal ela poderia simplesmente ir embora, sem deixar rastro algum, até porque dinheiro elas tinham o suficiente para isso.
Um suspiro reprimido escapou por suas narinas provocando um pequeno ruído de pesar, havia ignorado diversas ligações de Foster, não queria falar com ninguém e nem ver ninguém, então afundou-se no trabalho durante todo o dia.
Assim que às sete da noite chegou, ela saiu da sala e seguiu para casa, ao estacionar o carro, desceu e seguiu para a porta de entrada e entrou, fechou a porta descendo o pequeno degrau seguindo para o sofá e colocou a bolsa.
– Ela passou mal durante toda a manhã depois que você saiu, não comeu absolutamente nada depois disso, além de ter enjôos por horas, eu liguei para avisar, porém você não atendeu.
– Ligou para o médico?
– Ela não quis, apenas tomou um pouco de chá e adormeceu.
– Onde ela está?
– No quarto — Anne não disse mais nada, apenas seguiu para as escadas e a passos apressados subiu, caminhou pelo grande corredor rapidamente e parou em frente a porta do quarto ao abri-la vendo Lisa dormir.
Aproximou-se da cama sentando ao lado da mais nova e a acariciou os cabelos enquanto tinha um sorriso de canto.
– Oi — Disse em um murmúrio ao ver a mais nova abrir os olhos.
– Oi — Disse friamente, porém rouca por causa do sono.
– Como se sente? Foster me disse que se sentiu mal durante boa parte do dia.
– Eu estou bem e não precisa fingir que se importa.
– Eu não finjo — Lisa riu amargamente.
– Você é tão bipolar, há horas atrás queria tirar meu filho, agora age como se fosse a mãe dele — Anne ficou em completo silêncio e isso seguiu por longos minutos até ela realmente ter coragem de quebra-lo.
– Essa criança é um pretexto para voltar para ele?
– O que?! Mais é claro que não, Anne, eu não planejei essa gravidez, eu nem mesmo planejava ter filhos, eu não quero mais nada com Sean, ele mentiu pra mim por anos, não por horas.
– Tudo bem — Deu-se por vencida e tirou os sapatos subindo na cama e ficando ao lado da mais nova, Lisa a observou com atenção.
– O que está fazendo?
– Não posso deitar com minha esposa? — Lisa riu.
– Você é tão, tão bipolar, Anne — Anne revirou os olhos e continuou a observa-la, Lisa a olhou de volta sentindo afagos nos cabelos.
[...]
Lisa saiu do banheiro vendo Anne sentada na poltrona ao lado da cama e ergueu a sobrancelha.
– O que faz ai?
– Esperava você para irmos jantar.
– Poderia ter me esperado lá embaixo.
– Algo contra eu espera-la no quarto, Lisa Ruiz-Montgomery?
– Jamais senhora Montgomery, eu vou me vetir — Disse seguindo para o closet.
Anne encarou a porta do closet por alguns segundos e logo a viu Lisa sair com um vestido que lhe parecia confortável, então levantou-se seguindo para a porta, a abriu e esperou que Lisa passasse, a seguiu fechando a porta em seguida.
– Podemos tomar um vinho em frente a lareira depois, o que me diz? — Perguntou enlaçando a cintura da mais nova, Lisa riu deixando-a confusa.
– Nada de álcool para mim durante os próximos... Oito meses ou talvez um pouco mais do que isso.
– Oh, claro — Disse e entortou os lábios — Um café ou chocolate então.
– Você pode tomar o vinho, não precisa beber o mesmo que eu.
– Eu sei, mas eu quero — Lisa sorriu de canto e aproximou-se da mesa, sentando-se.
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Consequence
FanfictionLisa se ver envolvida com Anne em uma noite que era para ser apenas de trabalho, onde ambas vêem soluções para o que estavam procurando, a solução para seus problemas... Um contrato foi assinado. As consequências de um contrato estão começando a apa...