24. É Um Coração Bem Potente

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Três meses depois...

Lisa olhou para a tela parcialmente escura com os olhos marejados e sorriu escutando o som potente que vinha do monitor, apertou a mão de Anne com certa força e a olhou sorrindo, Anne nem ao menos piscava, estava atenta aos rabiscos e sons que vinha dali.

– É um coração bem potente — O médico disse sorrindo — Gostariam de saber o sexo?

– Sim, por favor — Lisa disse olhando-o, o homem de cabelos loiros voltou a olhar para a tela.

– Parabéns mamãe, é um menino.

– Menino? — A voz de Anne saiu em um sussurro, Lisa a olhou enquanto lhe acariciava o dorso da mão.

– Sim, um menino muito saudável — O médico disse sorrindo e afastou-se de Lisa — Pode limpar a barriga — Disse entregando o lenço de papel para ela, Anne lhe ajudou mesmo estando um pouco fora de órbita ainda — As recomendações continuam sendo as mesmas, nada de esforços, uma alimentação saudável e balanceada e muito repouso, os enjôos matinais melhoraram?

– Sim, são bem raros de acontecer ultimamente, às vezes os tenho após comer.

– Logo não sentirá nenhum, está em seu quinto mês, a partir do sexto, já não sentira absolutamente nada, mas se sentir, é bom procurar sua médica, ela irá orienta-la melhor.

– Claro, obrigada doutor.

– Não foi nada — Disse sorrindo.

As duas saíram da sala e Lisa a olhou enquanto caminhavam pelo corredor.

– Não gostou dele, não é?

– Não, muito simpático para meu gosto — Lisa riu.

– Deveria admitir que sente ciúmes.

– Não irei admitir o que não sinto, Lisa.

– Tudo bem então, você quem sabe, o que acha que irmos escolher os móveis que faltam para o quartinho dele?

– Você precisa descidir um nome pra ele.

– Todo os que eu falei você odiou, Anne.

– Então estamos empatadas, pois a maioria dos nomes que eu disse, você odiou.

– Acho melhor irmos cuidar do quarto — Disse puxando-a para fora do consultório.

[...]

Anne analisava a maneira eufórica com que Lisa escolhia os móveis do quarto infantil, via os olhos da ruiva brilharem e escutava cada ideia mirabolante para a maneira que o quarto seria montado, Lisa parou de repente e olhou para Anne preocupando-a.

– Algum problema?

– Olha aquilo — Anne olhou para o local que havia tomado a atenção da ruiva, os tons de marrom, beje e branco tomavam conta da pequena montagem, ursos de pelúcia completavam o ambiente.

– É muito bonito.

– Acho que encontramos a decoração do quarto do nosso bebê — Disse animada e lhe deu um breve beijo.

– Com licença — Lisa virou-se para a atendente — Eu posso ajuda-las?

– Não — Disse séria, ao notar que a atendente não tirava os olhos de Anne — Nos já escolhemos.

– E há algo a mais que eu possa ajuda-las?

– Se precisarmos, chamaremos — A mulher deu um sorriso de canto e saiu após encarar Anne mais um vez.

– Essa Lisa ciumenta, eu não conhecia — Disse com um sorriso nos lábios enquanto a puxava para perto, Lisa a abraçou pelo pescoço.

– Sou muito pior do que você pode ver — Anne riu e a beijou lentamente, era a primeira vez desde que acordou que brincava com Lisa ou lhe beijava daquela maneira, Lisa sabia que era sobre as restrições que a gravidez causava a Anne.

– Vamos escolher o que falta, temos que ir para casa.

– Por que? — Perguntou manhosa.

– Querida, eu tenho trabalho.

– Irá me deixar em casa sozinha? — Fez um pequeno bico que Anne achou adorável e beijou-lhe fazendo-o desfazer-se.

– Não, Eu irei trabalhar no escritório de casa — Lisa revirou os olhos e seguiu em direção a decoração.

[...]

Anne encarou as diversas folhas sobre sua mesa e respirou fundo, havia tanto para fazer, tantos assuntos burocráticos e contratos incansáveis. Haviam prazos que ela mesma havia imposto, por isso corria contra o tempo, na noite anterior havia passado horas ali e pelo jeito naquele dia não seria diferente.

O seu telefone tocava a cada instante, os longos minutos que ela passou em cada chamada a cansava mais, estava realmente exausta, olhou para o relógio vendo que já era tarde, não havia parado desde que entrará ali, mas sabia que havia chego cedo.

Saiu do escritório vendo tudo completamente escuro, o silêncio reinava, provavelmente Lisa já dormia, seguiu para a cozinha comendo algo rápido, já que não tinha tanta fome, subiu para o quarto e entrou silenciosamente vendo Lisa dormindo agarrada a um grande travesseiro, ela seguiu para o banheiro e despiu-se adentrando o Box.

¤

– Pelo amor de Deus, Anastácia, quem seria o louco e querer uma vida com você sendo que poderia ter qualquer mulher aos meus pés? Eu não sou louco, tenho os olhos que enxergam perfeitamente bem, você é feia, ouso dizer que a mulher mais feia que eu já vi, como iria ter filhos com você? Você não serve para ser mãe, não serve para ter nada — Disse vendo-a caída no chão em meio às lágrimas — Agora saía daqui, não quero que vejam você, seria humilhante demais pra mim.

¤

Anne desligou a água, seus fantasmas estavam todos ali, todos vieram a tona, ela saiu do Box e puxou a toalha secando-se, foi até o closet vestindo-se e seguiu novamente para o quarto, aproximou-se da cama puxou o cobertor, seus olhos seguiram para Lisa que agora tinha sua barriga de cinco meses completamente exposta por conta do pijama erguido, Anne a analisou com atenção e em um ato involuntário, acariciou-lhe a barriga sentindo os lentos movimentos da barrigada da ruiva.

– Ele sente quando é você –– Lisa sussurrou rouca e suspirou — Já é louco por você — Lisa segurou a mão da mais velha e a olhou — Não precisa ter medo de nos querer, Anne, somos sua família agora e não importa quem o colocou aqui dentro, se foi um médico, Sean ou quem quer que seja, ele continua sendo seu — Lisa não esperou resposta puxou-a para perto fazendo-a deitar e abraçando-a, Anne prontamente correspondeu ao abraço, sentia-se bem ali, nos braços de Lisa.

– Acho que Matteo é um belo nome — Sussurrou sem tirar a mão do vetre da ruiva, Lisa riu ao sentir os movimentos mais intensos de sua barriga.

– Acho que ele gosta de Matteo.

– É, eu acho que sim — Disse sorrindo, Lisa lhe acariciou o rosto.

– Obrigada Anne...

– Pelo que?

– Por confiar em mim, mesmo quando já não confia em mais ninguém — Anne sorriu de canto e beijou-lhe o pulso.

– Só não me faça perder isso.

– Não irá — Disse abraçando-a um pouco mais, Lisa sentiu outro chute em sua barriga — Matteo concorda comigo — Anne riu — Agora ele precisa se acalmar para que eu possa dormir outra vez — Anne começou a fazer carinhos involuntários na barriga da ruiva e a beijou.

O beijo que começou lento, tornou-se intenso, Anne desceu a mão até a coxa da mais nova apertando-a.

– Acho que precisamos cansa-lo um pouco — Disse maliciosa, Lisa riu.

– Eu concordo plenamente com você, amor — Disse voltando a beija-la.

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