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Torço pra ele não virar e me ver,pra eu poder ir embora sem ele me notar.

Vou saindo de ré,mas acabo pisando no pé da Ainê que chama a minha atenção.

-aí Julia!-Ainê diz e Philippe se vira pra trás junto com Maria. Seu olhar estava triste e assim que ele me viu eu vi a raiva dele. Ainê assim que percebeu a besteira,ficou calada.

-Philippe...-digo e ele levanta entregando a Maria pra Ainê.

-eu já vou embora-ele diz indo a porta,mas eu entro na frente. O porque? Não sei!

-da tchau pro papai e pra Julia-Ainê fala pra Maria que está caindo de sono. Dou um aceno pra ela que retribui.

-eu te amo papai-ela diz deitando no colo da Ainê. Isso desestabilizou o Philippe,vi os olhos dele que antes tinha raiva,brilharem. Ele se virou pra Maria e encarou a Ainê que estava sorrindo. Eu não entendia o porquê.

-você falou oque filha?-Philippe pergunta de novo e Maria o olha sonolenta.

-eu te amo-ela fala e ele enche ela de beijos que dá algumas gargalhadas fracas.

-eu te amo demais filha. Você ouviu isso Ainê? Ela falou pela primeira vez que me ama-ele diz com os olhos marejados e isso me fez ter uma sensação estranha.

-eu ouvi Philippe,agora eu te peço...conversa com a Ju!-Ainê pede e mais uma vez essa mulher me salv...espera,que? Eu não quero falar com ele!. Mas porque eu entrei na frente dele?. Caralho eu não to me entendendo.

Philippe ia negar,mas Ainê o olhou severa e ele bufou sentando no sofá,apoiando os cotovelos na coxa e de cabeça baixa.

Ainê pisca pra mim e sobe com a Maria. Suspiro fundo e encosto na parede que eu segurava. Eu estava apreensiva. Eu nunca fiz isso,nunca cheguei precisar que a pessoa me ouvisse.

-Philippe...-tento começar falar,mas ele me interrompe.

-porque acha que eu devo fazer isso?-ele pergunta e eu fico sem entender.-quando eu quis que me ouvisse,você não ouviu. Você deu as costas pra mim Julia,depois de tirar suas conclusões e se quer saber a minha versão. Eu não quero saber oque você quer falar comigo,pouco me importa oque você tem pra dizer...de verdade. Estou apenas em uma posição desagradável,onde eu não queria estar por uma enorme consideração que eu tenho pela Ainê. Queria que soubesse disso-ele diz olhando nos meus olhos. Engulo seco e sento no sofá enfrente o dele. Tento formular minhas palavras em mente,mas nenhuma vinha. Tudo oque ele disse era tão verdade,que eu estava me sentindo a pessoa em que eu quis mudar a dois meses atrás,pelo visto não mudei tanta coisa.

-bom...tudo que você falou é verdade,eu não deixei você falar e estou hoje na mesma posição que você. Mas Philippe,eu quero que você entenda que ele me beijou-por que eu estava falando isso? Meu Deus,to abaixando minha guarda de novo não!!! Eu não tenho que me explicar.

-você não tem que me dizer nada Julia-Philippe diz olhando pro chão,ele não queria me encarar.

-tenho. Porque eu quero que saiba que não foi uma provocação,ele me beijou,eu não sou tão infantil assim Philippe. E em relação eu não te deixar falar mil desculpas,mas eu não consigo.-me abro pra ele involuntariamente. Minhas mãos suavam frio e minha barriga estava quente.

-não consegue ser madura pra enfrentar a realidade? Isso eu concordo,mas acorda Julia,faça isso quando só o seu estiver na reta. Porque sua atitude foi infantil e não pensou na minha situação,você só se importa com você Julia-Philippe dizia tão calmo que me levou aos tempos que meu pai falava isso.

Flashback

-Como assim você saiu com essa boca vermelha Julia? Filha minha não usa essas coisas!-meu pai me repreende e eu me nego tirar. Meu pai de um modo esperado me dá um tapa na cara.-você é puta! Tudo oque nos da é desgosto,você só se importa com você.

Flashback

Não posso evitar as lágrimas descerem,eu levanto e aponto o dedo na cara dele,eu estava me sentindo um lixo.

-você não tem o direito de falar assim comigo-digo chorando num tom alto. Philippe levanta na mesma altura que eu.

-essa é a verdade Julia-Philippe diz e eu nego.

-eu me importo sim Philippe,você me fez fazer isso. Você nunca me deu motivos pra ficar.-ainda choro por me sentir mal com a lembrança.

-você nunca me deu motivos pra te mostrar. Tudo oque você faz é cada vez mais se fechar. Porque você não se abre?-Philippe pergunta e eu limpo as lágrimas. A mesma coisa que pegar um balde e tirar a água do mar. As lágrimas não paravam.

-eu tenho meus pesares,não preciso de ninguém pra carregar. Você nunca se importou comigo,quando eu conheci o Leandro ele me tratou de uma forma que você nunca fez Philippe. Eu me senti desejada,não sexualmente. Tudo oque você vê em mim é sexo. Eu não sou a mulher dos teus sonhos e já me conformei,eu só fui embora porque eu cansei de ser sua putinha particular eu sou muito mais do que isso-digo pro Philippe que me encara com certa raiva,talvez por eu comparar ele com o Paredes.

-nunca mais me compare com esse filho da puta. E se você acha que era apenas uma putinha pra mim você está enganada Julia. Você sempre foi muito mais do que sexo. Agora não jogue na minha cara que a culpa de tudo isso é minha.-Philippe diz se aproximando e falando cada vez mais alto,por um momento eu achei que ele fosse me bater,então me encolhi um pouco.

-a culpa é sua,Philippe-digo apontando o dedo na cara dele que não estava tão longe.

-é sua!-ele diz mais alto que eu eu estava desbulhada em lágrimas,eu não aguentava mais brigar.

-é...sua,mas que droga Philippe vai se foder. Eu não quero mais brigar com você,eu só queria que me tratasse bem,eu só queria que dissesse em voz alta oque você acha...queria que fosse claro como deseja que sejamos claro com você. Eu abaixei a porra da minha guarda,tirei minha armadura pra você. Cada gemido que eu dava era uma confissão do quanto eu precisava de você. Em dois meses você me bagunçou,tá tudo do avesso e eu não sei por onde organizar. Eu só sei que eu te odeio ,seu filho da pu...-sou interrompida por um beijo. Philippe do nada me beijou. Eu até tentei relutar,mas eu queria tanto,acabei cedendo. Diferente de todos os nossos beijos,esse era delicado,ele me segurava nos braços como se eu fosse de vidro,meu polegar acariciava o rosto dele. Estávamos em uma peça de teatro onde as cortinas nunca se fecham.

Naquele beijo eu encontrei a paz.

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Dramatic

IndecenteOnde histórias criam vida. Descubra agora