Looking into your eyes

Deep inside my heart

Marinette mal podia acreditar. Ela estava esperando outra resposta, outra realidade. Até mesmo que ele fosse viúvo. Mas nunca, um homem abandonado.

Olhou para Emma. Sentiu um aperto no coração quando a viu brincando com o presente que lhe deu. Aquela criança ali, que não fazia ideia do que tinha acontecido na sua vida... Tão frágil... com aquele olhar inocente... tão... pequena...!

- Eu sinto muito... - murmurou abaixando os olhos para o chão a sua frente.

- Não sinta. - Porém ao ouvir a resposta de Adrien tão séria, voltou-se para ele com o olhar atônito, vendo o mesmo a encarando.

Engoliu seco sentindo-se péssima, mais ainda, por saber exatamente o que poderia estar se passando na cabeça dele. O pior de tudo: ver e sentir que ela estava com pena, dele e da sua filha.

- Eu só-

- Você pode até... achar estranho eu ter te contando sobre essas coisas tão íntimas da minha vida, já que não nos conhecemos tão bem assim... mas eu prefiro que as pessoas saibam da minha realidade, pois eu sei que muita gente tem uma ideia errada quando me vê sozinho com a Emma.

Marinette suspirou profundamente entrelaçando seus dedos uns nos outros. Não era nada confortável ouvir aquelas coisas, não por causa de Adrien, mas por tudo o que ele lhe falava, ser exatamente o que tinha pensado antes, sobre tê-lo visto sozinho com sua filha. Seu coração pesou mais um pouco.

- Ninguém imagina a nossa realidade Marinette. Então eu prefiro ser claro.

- Eu entendo. Imagino como deve ser difícil...

Ele negou balançando a cabeça. - Não, não imagina Marinette e eu te falo sinceramente, espero que nunca passe por isso...

- Adrien...

- Já faz um ano. - suspirou voltando a olhar para Emma. - Um ano que estamos só eu e ela... mas você quer saber? Mesmo que eu tenha que passar por muitas dificuldades... por todos os desafios de criar uma criança sozinho, quero dizer, eu tenho a minha mãe, mas ela é avó...

- Eu sei o que quer dizer, ela não deveria estar fazendo o papel de-

- O papel da mãe, sim. E é por isso que eu sempre falo pra todo mundo Marinette, que eu prefiro seguir cuidando da minha filha sozinho. Eu não preciso da mãe dela, eu não quero vê-la nunca mais. Estamos muito bem assim.... Não é filha? Vem cá.

As palavras das quais proferia, eram totalmente carregadas, preenchidas por um sentimento ruim, uma tristeza na qual conseguiu afetar Marinette mesmo que ela não soubesse e de fato não entendesse, o que ele estava passando por aquele tempo todo.

Enquanto o via segurando Emma em seus braços a balançando, sentiu uma enorme e profunda vontade de se aproximar... de tocar tanto nele quanto nela ao menos, nem que fosse somente por um momento... e lhes dizer que um dia, as coisas ficariam bem. Que tudo ficaria bem, tudo iria se resolver.

Voltou a abaixar a cabeça, remoendo seus próprios pensamentos quando ouviu Emilie ao fundo chamando-os para jantar. Por fim, os dois se entreolharam e trocaram um sorriso pequeno, indo ao encontro dela.

Assim, pelo menos enquanto comiam o clima ficou mais leve, justamente por causa de Emilie que era muito divertida e fazia questão de realizar comentários espontâneos. Muito diferente do filho que somente a correspondia com sorrisos fechados, expressões sérias e o tempo todo com o olhar sobre Emma. Com muito custo ele comeu, já que Emilie insistiu que iria servir a menina.

Parecia que era de uma extrema necessidade sua estar com sua filha o máximo que podia, preenchendo seu olhar, seu espaço, como se dissesse à ela, através das suas atitudes, que jamais estaria sozinha no mundo e que ele nunca iria fazer o que sua mãe havia feito.