Capítulo 42

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Antes...

2018

Mason

Eu estava sentado no chão amarrado por correntes, entre quatro paredes e um teto de concreto, com uma única coisa para encarar que era uma maldita porta de ferro. Estava sujo, e o chão era bem frio, Bernard mantinha o lugar aquecido apenas em casos extremos, mas quando ele sabia que eu podia sobreviver, me deixava de qualquer jeito no chão gelado.

Já não me lembro mais quanto tempo estou aqui, e acho que também não me importo mais, só o que eu quero é morrer. E toda vez que Bernard entra nesse lugar eu sinto que minha hora chegou, só que o desgraçado nunca me mata. Ele não tinha hora certa para aparecer, não tinha um padrão para que eu pudesse boicotar e tentar fugir, fazia isso propositalmente, eu sabia, mas ele só não sabia que quanto mais eu ficava aqui, mais o meu pressentimento ficava mais aguçado. Eu já começava a prever quando ele ia aparecer, sempre que eu sentia um arrepio na espinha, já sabia que aquele dia eu seria torturado. E hoje era um desses dias.

- Bom dia, Mason. - Ele diz ao abrir a porta de ferro e me olhar sentado no chão. – Espero que você se anime hoje, tenho uma coisa nova para você.

Eu me encolho no canto sem dizer nada, apenas tentava manter o máximo de distância daquele monstro com cara de homem. Vejo Bernard pegar uma cadeira e colocar na frente da porta aberta, e logo se senta nela com um envelope na mão.

- Nós, da Deepweb, somos muito bons em achar coisas sobre as pessoas, e é claro que com você não seria diferente. O seu "segredinho" não iria ficar escondido por muito tempo, pelo menos não dá gente. – Eu não entendia do que ele estava falando, mas aquela situação me preocupava, isso nunca havia acontecido antes desde então. – Tenho que admitir que não foi fácil de achar, mas se você der uma quantidade de dinheiro para a pessoa certa, você consegue o que quiser. – Ele tira uma foto de dentro do envelope e me mostra, eu rapidamente entendo do que ele estava falando. – Ela é linda, meus parabéns.

- SEU DESGRAÇADO!!!! COMO CONSEGUIU ESSA FOTO???!!!!

Eu avanço para cima dele, mas a corrente que estava em meu pescoço me trava antes mesmo que eu pudesse encostar nele, e sou puxado para trás pela força da física. Começo a tossir muito, pois a corrente havia apertado o meu pescoço, e fico caído de quatro no chão, com uma dar mãos levadas a minha garganta.

- Quem diria que você teria uma bela filhinha morando no Japão com a mãe dela. – O vejo encarar a foto da minha filha que ainda tinha seis anos. – Ela não parece japonesa, muito menos a mãe dela.

- Porque não são... – Eu ainda tossia um pouco.

- As mandou pra lá para protege-las, imagino. Até poderia dar certo se não tivesse mexido com pessoas como nós. Por acaso conhece a Yakuza?

- Todo mundo sabe quem são.

- Sim. Uma máfia japonesa do pior tipo, são responsáveis por diversas atrocidades, mas ajudam muito no mercado japonês. Somos amigos deles, e se eu quiser que eles peguem sua filha, pode ter certeza que existem muitos caras que daria tudo para terem em mãos uma garotinha tão inocente quanto essa. Ainda mais com sua dignidade intacta.

- Como tem coragem de algo assim?? Você é insano!! Um monstro!!

- Eu?? Fazer algo assim?? Jamais! Não é a minha praia, mas eu conheço muitos caras que curtem esse tipo de coisas, então você escolhe.

- O que você quer? Eu faço qualquer coisa!

- Eu preciso voltar para o Canadá para resolver uns assuntos urgentes, mas soube que sua irmã está lá investigando nosso caso. Recebi um alerta de que aquela mulher é insistente demais, então pode nos causar problemas.

Amor Mortal - Vol. IIOnde histórias criam vida. Descubra agora