Capítulo 7

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— Por que você foi ao psicólogo? — perguntou Adrien, dando uma garfada na sua carne que foi preparada para o jantar.

— Bem, eu... — peguei na sua mão por de baixo da mesa, fazendo ele parar de falar.

— Não precisa responder se não quiser, Alain.

— Maurice, não se intrometa!

Levantei o dedo do meio, o que fez com que ele se irritasse mais.
Deixei um sorriso vitorioso escapar.

— Desculpa, Adrien, mas ele está certo. Eu não quero te responder.

Esse é o meu garoto!
Adrien fechou a cara mais que o normal e voltou a comer, tentando ignorar o tapa na cara que tinha acabado de receber.

— O que você tem, em, Maurice?

— Como assim?

— Você sempre achou todo mundo insuportável, tanto aqui na escola como aqui no orfanato.

— E daí?

— E daí? — ele sorriu. — Por que com Alain é diferente? Você tem pena dele?

Senti Alain afastar sua mão da minha e voltar a comer seu jantar. Por isso, a guardei no bolso do meu moletom, mesmo querendo passar mais tempo de mãos dadas.

— Eu tenho pena é de você!

— De mim?

— É, inferno! De você! Eu odiaria ser você.

— Por quê?

— Primeiro, que além de feio você tenta se fazer de anjo, quando na verdade é o pobre diabo em pessoa.

— Por favor, não inverta os papéis.

— Eu sou quem eu sou, não finjo nada para ninguém.

— Então não precisa andar com o Alain para lá e para cá por pena.

Alain travou ao meu lado, quase derrubando seu prato no chão.
Entendi, Adrien está brincando comigo, usando Alain ao seu favor.
Desgraçado!

— Eu não tenho pena dele, somos amigos!

— Amigos? — seu sorriso ficou maior. — Mas amizade é um tipo de amor.

— Foda-se.

— Foda-se? Você sempre disse que o amor é uma droga, que não existe, que jamais cairia nisso.

— Eu posso ter mudado!

— Sei... pare de usar o Alain, ele não precisa da sua pena, e sim de amigos como eu.

— Ninguém precisa de um amigo falso e chato.

— Sim, por isso ele não precisa de você.

— Eu não estou sendo falso e nem chato, diferente de você, Adrien.

— Meninos, já chega! — a Senhora Dubois bateu a mão na mesa, quase derrubando nossos pratos no chão. — Eu não suporto vocês brigando todo dia!

— Sinto muito, Senhora Dubois, não é minha culpa, você deve saber como o Maurice é. — disse Adrien, forçando a sua famosa voz inocente.

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