— Por que você foi ao psicólogo? — perguntou Adrien, dando uma garfada na sua carne que foi preparada para o jantar.
— Bem, eu... — peguei na sua mão por de baixo da mesa, fazendo ele parar de falar.
— Não precisa responder se não quiser, Alain.
— Maurice, não se intrometa!
Levantei o dedo do meio, o que fez com que ele se irritasse mais.
Deixei um sorriso vitorioso escapar.— Desculpa, Adrien, mas ele está certo. Eu não quero te responder.
Esse é o meu garoto!
Adrien fechou a cara mais que o normal e voltou a comer, tentando ignorar o tapa na cara que tinha acabado de receber.— O que você tem, em, Maurice?
— Como assim?
— Você sempre achou todo mundo insuportável, tanto aqui na escola como aqui no orfanato.
— E daí?
— E daí? — ele sorriu. — Por que com Alain é diferente? Você tem pena dele?
Senti Alain afastar sua mão da minha e voltar a comer seu jantar. Por isso, a guardei no bolso do meu moletom, mesmo querendo passar mais tempo de mãos dadas.
— Eu tenho pena é de você!
— De mim?
— É, inferno! De você! Eu odiaria ser você.
— Por quê?
— Primeiro, que além de feio você tenta se fazer de anjo, quando na verdade é o pobre diabo em pessoa.
— Por favor, não inverta os papéis.
— Eu sou quem eu sou, não finjo nada para ninguém.
— Então não precisa andar com o Alain para lá e para cá por pena.
Alain travou ao meu lado, quase derrubando seu prato no chão.
Entendi, Adrien está brincando comigo, usando Alain ao seu favor.
Desgraçado!— Eu não tenho pena dele, somos amigos!
— Amigos? — seu sorriso ficou maior. — Mas amizade é um tipo de amor.
— Foda-se.
— Foda-se? Você sempre disse que o amor é uma droga, que não existe, que jamais cairia nisso.
— Eu posso ter mudado!
— Sei... pare de usar o Alain, ele não precisa da sua pena, e sim de amigos como eu.
— Ninguém precisa de um amigo falso e chato.
— Sim, por isso ele não precisa de você.
— Eu não estou sendo falso e nem chato, diferente de você, Adrien.
— Meninos, já chega! — a Senhora Dubois bateu a mão na mesa, quase derrubando nossos pratos no chão. — Eu não suporto vocês brigando todo dia!
— Sinto muito, Senhora Dubois, não é minha culpa, você deve saber como o Maurice é. — disse Adrien, forçando a sua famosa voz inocente.
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A cidade do amor
RomanceÀs vezes eu me pergunto, o que pode ser pior do que viver em Paris, a cidade do amor, mas não conseguir acreditar nele?