Capítulo 13

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— Uma floricultura? — Alain perguntou, assim que entramos.

— Olá, meninos! — uma mulher loira se aproximou, com um sorriso no rosto. — O que desejam?

— Eu queria ver as margaridas, por favor.

— Me sigam.

Então, começamos a caminhar atrás da moça. Ela nós levou até um canto com apenas margaridas, as flores favoritas de mamãe.

— Eu quero um buquê delas.

— Pode deixar! — exclamou e logo saiu, nos deixando sozinhos.

— Por que você quer um buquê de margaridas?

— São as flores favoritas da minha mãe — ele ficou um silêncio. — Qual a sua flor favorita?

— Girassol.

A moça com o cabelo loiro voltou, com o buquê de margaridas em mãos.

— Pode me ver um girassol também?

Ela assentiu e saiu.

— E por que o girassol?

— Já explico.

A mulher voltou com o girassol e eu a paguei em dinheiro. Sendo assim, sai da floricultura com Alain.

— Um girassol para outro girassol. — eu disse, entregando a flor para ele.

— Maurice, não precisava.

— Precisava sim!

— Obrigado. — ele sussurrou, com as bochechas coradas.
Dei um beijo na sua testa e o puxei pela mão.

Entramos pelo portão negro, observando vários túmulos cheio de flores. O cemitério está vazio essa noite.

— Você veio ver sua mãe, não foi? — Alain perguntou, de repente.

— Sim, é o aniversário dela.

Caminhamos mais um pouco até chegamos ao túmulo de minha mãe. E, quando chegamos, me sentei na grama molhada, sem me importa se minhas roupas poderiam ficar sujas mais tarde.
Coloquei o buquê de margaridas sobre seu túmulo e senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Sem medo algum, me deixei chorar.

— Feliz aniversário, mamãe — sussurrei. — Trouxe suas flores favoritas, espero que tenha gostado, é o meu presente.

— Feliz aniversário — escutei Alain sussurrar também, enquanto se sentava ao meu lado e deixou o girassol sobre o túmulo. — Um girassol para outro girassol.

— Alain, o girassol é para você.

— Não, por favor, deixe que fique com ela.

Dei um sorriso e voltei minha atenção para mamãe.

— O papai ainda está na cadeia e eu continuo seguro no orfanato — peguei na mão de Alain e deixei que ele ficasse mais perto de mim e da minha mãe. — Esse aqui é o Alain, um amigo. Queria que você tivesse conhecido ele. Alain é muito especial para mim, mamãe. Muito mesmo. Eu o amo. Desculpa por ter caído no amor.

Me afastei de Alain, me aproximando mais de mamãe. Sussurrei o mais baixo possível um "estou apaixonado por ele", para que Alain não escutasse e ele realmente não escutou.
Me levantei e sequei minhas lágrimas. Não quero que mamãe me veja triste, não mais.

— Vem comigo?

Ele se levantou do chão.

— Para aonde?

— Só vamos caminhar por Paris.

— Tudo bem.

Peguei em sua mão e saímos do cemitério. Não soltarei sua mão por nada essa noite. E também, estou me despedindo de mamãe. A Senhora Dubois tem razão, isso só vai me fazer mal. Preciso deixar ela descansar em paz e aproveitar alguém que esteja vivo. Preciso aproveitar Alain. Ama-ló com todas as minhas forças, porque o amor não é uma droga, o amor é lindo quando se encontra a pessoa certa e Alain é a minha pessoa certa. Admito isso, sem mais medo. Eu o amo pra caralho e fico feliz em viver em Paris, na cidade do amor.
Estamos frente a frente para a torre eiffel, de mãos dadas. Outros casais cercam a torre, muito felizes.

— Alain.

— Sim?

— Eu realmente amo você.

Suas bochechas coraram.

— Eu também amo você.

— Não, você não está entendendo.

— O que?

— Eu estou apaixonado por você — ele ficou mais vermelho e com os olhos arregalados. — Eu sei que você está apaixonado por outro cara, mas eu não posso mais esconder isso de você, eu...

Alain me interrompeu, com um beijo. O beijo que eu jamais pensei que conseguiria.

— Você é o cara por quem eu estou apaixonado, bobo.

— Sério?

Não consegui conter o sorriso em meu rosto.

— É claro que sim.

Sem pensar, o beijei mais uma vez.
Apenas nos afastamos quando senti uma gota de água cair sobre meu rosto.
A chuva ficou mais forte.
Agora estávamos encharcados, mas eu não me importava e Alain também não parecia se importa.
Ele me puxou para um outro beijo, agora um beijo molhado. Quando nos afastamos começamos a correr por Paris toda, dando risada e aproveitando a chuva.

— Vamos pegar um resfriado, não vamos? — perguntei, com um sorriso.
Ele sorriu de volta para mim.

— Sim, mas vai ser por uma boa causa! — exclamou e pulou em uma poça de água que tinha se formado no chão, jogando mais água por cima de mim.

— Porra Alain! — ele gargalhou alto e a visão dele molhado e rindo é com certeza a visão mais bela que eu já tive. — Vem aqui, idiota.

O puxei para perto e o beijei mais uma vez. Nunca vou me cansar do gosto dos seus lábios.

— Eu te amo. — ele disse, com um sorriso e um brilho em seus olhos verdes.
Senti minhas bochechas queimarem e minhas pernas bambearem. É incrível como ele tira meu ar e me deixa sem jeito.

— Eu também te amo.

O puxei para mais um beijo, um mais demorado dessa vez.
Depois disso, saímos andando sem presa pela chuva, caminhando até o orfanato. Sem nós importa se estávamos encharcados, ou se já era tarde. Apenas nós importamos com a companhia um do outro, com o nosso amor.

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