Me ajoelhei de frente para o túmulo da minha mãe, uma das poucas pessoas que consegui amar, e o mesmo amor a tirou de mim. Agora está acontecendo de novo, mas de uma forma diferente. Porque, pelo menos, Alain ainda está vivo.
Balanço a cabeça para lá e para cá. Alain apenas mudou de cidade, isso não significa que ele vai me esquecer, ele vai me mandar mensagens e ele pode vim me visitar durante as férias.
Mas e se ele esquecer você? É o amor que está em jogo aqui, querido.— Eu sei que girassóis não são suas flores favoritas — eu disse, colocando o buquê de girassóis sobre seu túmulo. — Mas eu não queria jogar esse buquê no lixo.
Abro um pequeno sorriso, no meio da minha vontade de chorar, quando vejo que o girassol que Alain deu à minha mãe ainda está lá.
— Eu iria pedi-ló em namoro, mamãe — sussurrei. — E eu sei, foi uma péssima ideia e eu menti para você, porque prometi que nunca me apaixonaria.
Abaixo a cabeça e começo chorar.
— Desculpa, mamãe.
Quando me acalmo, me despeço de minha mãe. Vou saindo do cemitério, pensando que eu devo ser mais positivo. Ele apenas mudou de cidade, não é o fim do mundo. Alain iria mesmo me deixar aqui e esquecer que um dia tivemos algo? Mesmo que eu não tenha o pedido em namoro a tempo, isso não significa que não estávamos apaixonados. Porque sentimos os lábios um dos outros, cada abraço foi sincero, eu disse "eu te amo" e ele disse "eu também te amo". Não pode terminar assim. Eu sou importante para ele, não sou?
Retiro meu celular do bolso. A mensagem que mandei à Alain, nem ao menos chegou a ser enviada. Tentei enviar outras, mas logo desisti. Tento ligar, mas caiu na caixa postal em todas as minhas tentativas.
Penso em voltar para o orfanato, talvez ele me responda mais tarde.
Então, me dirijo de volta para o orfanato, tentando não me preocupar tanto.Abro a porta principal, entrando direto na sala do orfanato.
Adrien e Louis estão aqui, sentados no sofá e assistindo a TV.
Bato a porta um tanto forte e os dois se viram para mim.
Adrien pausa ao filme que eles estavam assistindo e pergunta:— Então, deu certo? Está namorando com ele?
O encarei e pensei em ignora-ló como sempre faço. Mas me sinto tão quebrado que não faz diferença alguma.
— Alain foi embora.
— Como assim? — Adrien soltou uma risada. — Ele saiu correndo quando você o pediu em namoro?
— Não, ele realmente foi embora.
— Cara, explica direito.
Abaixo a cabeça e quando menos espero, estou chorando de novo.
Louis e Adrien ficaram surpreso, até porque a única vez que me viram chorar foi quando eu tinha apenas 10 anos e cheguei ao orfanato. Eu estava arrasado porque uma pessoa que eu amava tinha sido tirada de mim. Está acontecendo de novo então estou chorando outra vez para o mundo inteiro ouvir.
Sinto braços ao me redor. Abro meus olhos e percebo que é Louis.
Quanto mais vou me acalmando, mais ele se afasta. Então, pegando na minha mão, ele me faz sentar no sofá. Agora, estou frente a frente com Louis e Adrien.— Explique direito — Adrien disse. — Eu não deveria me preocupar, mas se você chorou é porque isso é realmente sério.
Passo a mão entre meu cabelo e penso em ir embora. Porém, mais uma vez estou quebrado demais para fazer isso.
— Ele mudou de cidade e nem ao menos me avisou — expliquei. — tentei mandar algumas mensagens, tentei ligar mas nada dele.
— Olha, relaxe, tudo bem? — Louis disse dessa vez. Ele parecia preocupado, diferente de Adrien que está aqui apenas por curiosidade. — Espere mais um pouco, alguma hora ele vai ler a mensagem, ele não vai simplesmente te abandonar aqui.
— É, eu também pensei nisso.
— Então, o melhor a se fazer é esperar.
— Eu queria ter pelo menos me despedido dele — admiti. — Por que ele não me avisou que iria embora?
Adrien deu de ombros e Louis tentou me confortar, dizendo que talvez as coisas tenham acontecido muito em cima da hora e não tenha dado tempo. E, mais uma vez, disse que o melhor que eu posso fazer é esperar.
Agradeci a Louis e subi para meu quarto, aonde eu me sentiria muito pior, porque o cheiro dele ainda está lá e parece que não vai ir embora muito cedo.
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A cidade do amor
RomanceÀs vezes eu me pergunto, o que pode ser pior do que viver em Paris, a cidade do amor, mas não conseguir acreditar nele?