Me sentei em um banco de frente a torre eiffel, o mesmo banco aonde eu tinha chorado por Alain ter ido embora. Mas agora estou feliz e Alain está bem ao meu lado, segurando minha mão.
— Alain.
Ele olhou para mim.
— Sim?
Sorri, um pouco nervoso. Já faz tanto tempo.
Peguei em sua mão e beijei a ponta de cada dedo seu.— Eu ainda te amo muito.
— Eu também.
— Quer namorar comigo?
Logo, senti os lábios de Alain contra os meus. Me surpreendi mas não demorou para que eu respondesse ao seu beijo.
— Isso responde a sua pergunta?
— Eu realmente quero ouvir um sim.
— Sim — ele sorriu. — É óbvio que eu aceito, bobo.
De repente, ele começou a chorar.
— Alain, o que foi? — perguntei preocupado e ele apenas me abraçou.
— Eu senti tanta a sua falta.
— Eu também, amor. Eu também senti.
Ele se afastou, para me beijar outra vez.
— Eu te amo, Maurice.
— Eu também te amo.
— Eu amo mais! — exclamou e se levantou.
Também me levantei.— Que grande mentira! Eu que te amo mais!
— Nem fudendo! Eu amo mais!
— Olha essa boca! E eu que amo mais!
— Eu amo mais porque não fiquei com nenhum tal de Louis.
— Ora, seu... cale a boca!
— Vem calar.
Eu sorri.
— Pode deixar.
O puxei pela cintura e ele começou a rir. O beijei.
— Oh, me calou direitinho.
Sinto um grande vento bater e encaro o céu.
— Está nevando. — sussurrei, enquanto senti Alain se afastar de mim.
Observei o céu por um tempo e logo senti algo contra minha barriga.
Dou um grito e escuto a risada de Alain. O encaro e percebo que ele tinha feito uma bolinha de neve e me atacado.— É assim? — perguntei, preparando uma bolinha de neve.
— É! — ele gritou, de longe, animado. Quase se parecia com uma criança.
Taquei uma bolinha de neve em sua perna e ele gargalhou alto.
Me agachei para fazer outra e ele fez o mesmo.
Em um piscar de olhos, estamos em uma guerra de bolinha de neve.
Sinceramente, já fazia um tempo que eu não me sentia tão feliz assim.Me ajoelhei ao túmulo de mamãe, com um sorriso.
Eu estou sozinho. Ficou muito mais frio e mandei Alain ir para casa, que eu me encontraria com ele mais tarde. Afinal, ele é meu vizinho, mas estamos tentando mudar isso, para moramos juntos.— Desculpa por vim de mãos vazias, você sabe como é difícil trazer flores quando está nevando.
Tirei um pouco da neve que caia no túmulo com as mãos.
— Alain voltou, mamãe, ele finalmente é meu namorado, estou tão feliz!
Penso se mamãe está feliz por mim. Provavelmente não.
— Talvez, mãe... talvez eu tenha cometido um erro mas eu o amo tanto! E essa felicidade que sinto é inexplicável. Mas eu gosto de tudo isso.
Tremo um pouco.
— Realmente está ficando frio, é melhor eu ir — digo, me levantando do chão. — Fique sabendo, papai ainda está na cadeia, quem sabe já até apodreceu lá. Estou muito seguro e muito feliz com Alain, então fique em paz.
Sinto uma lágrima descer, mas é uma lágrima de felicidade. A limpo e dou um pequeno sorriso.
— Tchau, mamãe. Eu te amo.
Sai do cemitério, com passos rápidos, pois quero chegar logo para me esquentar, está tão frio!
Coloquei um pouco de chá na xícara e levei para Alain, que está sentando em meu sofá cheio de cobertas.
— Alguém pediu chá?
Ele sorriu e pegou a xícara, bebendo um gole.
Me sentei ao seu lado e também me cobri com as cobertas.— Obrigado.
— De nada — respondi. — Afinal, por que voltou para Paris?
— Eu fiz 18 anos — ele explicou. — Achei uma faculdade e trabalho aqui, então me mudei, mas fiz tudo isso de propósito.
— Por quê?
— Pensei que teria uma chance de te ver outra vez.
— Mesmo depois daquela carta horrível?
— Acho que no fundo eu sabia que não tinha sido você quem escreveu.
Dei um pequeno sorriso e beijei sua bochecha.
— Que bom que voltou, porque realmente me encontrou de novo.
— Eu nunca mais vou embora, prometo.
— E a sua família?
— Eu irie visitá-la às vezes, você poderia ir comigo, não?
— Claro que vou, assim posso conhecer minhas sogras e a pequena Charlotte.
— Elas vão te adorar.
— Eu sei que vão.
— Convencido!
O beijei.
— Sou mesmo!
Ele riu.
— Coloca algo para a gente assistir.
— Ok.
Peguei o controle da televisão e fui passando os canais.
Realmente não está passando nada de interessante, mas tudo bem, a companhia de Alain de volta é tudo que eu preciso pra me sentir feliz outra vez.
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A cidade do amor
RomanceÀs vezes eu me pergunto, o que pode ser pior do que viver em Paris, a cidade do amor, mas não conseguir acreditar nele?