Capítulo 18

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— Você viu o Alain? — perguntei, um pouco ansioso, para Adrien, que revirou os olhos.

— Não, não sei aonde está seu namorado.

— Olha, se tudo der certo ele realmente vai ser meu namorado.

Adrien arregalou os olhos e suas sobrancelhas se levantaram. Não preciso nem dizer que ele está surpreso.

— O que?!

— Me deseje boa sorte, idiota. — eu disse, mostrando o dedo do meio para ele enquanto saia. Adrien devolveu o dedo para mim. Mas não me importei, sai feliz.
Já se passaram alguns dias desde que planejei pedir Alain em namoro e será perfeito.
Eu comprei suas flores favoritas, girassóis. Passei seu poema favorito para uma folha junto com algumas palavras que eu quero dizer, antes de pergunta "Quer namorar comigo?" e eu pretendo fazer tudo isso de frente para a torre eiffel. Agora, eu só preciso encontrá-lo.
Vou rapidamente até a sala, pensando que ele estaria lá. Mas nenhum sinal dele.
Suspiro fundo e me sento no sofá, um pouco perdido. Por que ele sumiu de repente?
Aonde você está?
Escuto a porta principal sendo aberta. Sem muita animação, olho por cima do meu ombro. E então, minha animação volta.

— Alain!

Ele olha para mim e logo solta um sorriso.

— Oi, Maurice.

Caminho até ele e pego rapidamente em suas mãos. Estou tão ansioso. Acho que ele pode perceber como minhas mãos estão suando, mesmo que em Paris não faça muito calor.

— Será que podemos sair?

— Quando?

— Agora!

Seu sorriso some e ele afasta sua mão da minha. Fico um pouco sem entender e isso me deixa mais ansioso.

— Desculpa, Maurice, mas não vai dar.

— Por quê?

— Eu vou embora.

Ergo uma sobrancelha, confuso. O que ele quer dizer com isso?

— Como assim embora?

— Vem comigo.

Ele me puxou pela mão e subimos a escada, até chegar ao corredor que dava ao nosso quarto.
Assim que chegamos lá ele pegou sua mala e começou a jogar algumas coisas lá dentro.
Eu me sentei na cama, ainda confuso.
Ele parou por um tempo o que estava fazendo e olhou para mim.

— Eu estou sendo adotado.

Então, a minha ficha caiu.
Claro, ele vai embora porque está sendo adotado.

— Se lembra do casal lésbico? — ele perguntou e eu apenas concordei com a cabeça, ainda um pouco deslocado. — Elas que vão me adotar. Eu até já cheguei a visitar a casa delas.

— Mas Alain, e eu?

Ele mordeu o lábio inferior e se aproximou de mim.

— Não se preocupe com isso, eu só vou embora do orfanato — ele disse, pegando na minha mão. — Podemos manter contato por telefone e você pode me visitar às vezes. 

Solto a mão dele da minha e a coloco sobre meus olhos. Também abaixo a cabeça e, quando menos espero, estou chorando.

— Maurice, não chore! — ele tirou minha mão dos meus olhos e segurou meu rosto. — Não é um adeus.

— Você realmente quer ir com elas?

— Eu quero — ele respondeu. — Eu sinto falta de ter uma família e elas até tem uma filha mais nova, o que significa que eu terei uma irmã e eu sempre quis ter uma irmã ou irmão.

Afasto meu rosto de suas mãos e seco minhas lágrimas. Ele tem razão, não é um adeus e, eu não posso impedi-ló se ele quer ir.

— Você realmente não pode sair agora? — perguntei, ainda com uma pontada de esperança. Eu quero pedi-ló em namoro ainda.

— Não, desculpe, eu tenho que ir para minha nova casa — ele se levantou. — Mas podemos marca outro dia.

— Tudo bem.

Ele voltou a arrumar as suas coisas e ficamos em silêncio. Um silêncio que para mim não era nada confortável. Não quero que ele vá embora. Podemos até manter contato, mas quem garante quando ele vai poder dormir nos meus braços outra vez? Quem garante que posso vê-lo todos os dias? Quem garante que eu estarei lá quando ele precisar de mim? Quem?

— Olha pelo lado bom — Alain disse. — Você vai ter um quarto só para você agora.

Dei um sorriso forçado.
Ele não entende que prefiro esse quarto na presença dele do que vazio.
Alain fechou sua mala e a colocou nas costas.

— Bem, tchau — ele sussurrou, caminhando até a porta. — Eu te ligo mais tarde, prometo manter contato.

Ele abriu a porta.

— Espera!

Alain olhou para mim e caminhei até ele com pressa.
O segurei pela cintura e o puxei até mim.

— Alain, eu te amo muito, nunca se esqueça disso.

Ele sorriu.

— Eu também te amo.

Então o beijei, com cuidado, com medo de que esse seja nosso último beijo. Com medo de que seja a última vez que o vejo. Com medo de que seja a última vez. Com medo. Eu estou com tanto medo!
Meu Deus, quem mandou você se arriscar no amor?
Quando nos afastamos, vi seu rosto corado com um sorriso enorme. E então ele foi embora sem dizer mais nada.

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