— Acordem!
Me levantei, um pouco assustado da cama. Olhei para o lado e vi que Alain quase chegou a cair por conta do susto.
Encarei a porta e vi a Senhora Dubois, eu sei que era costume dela gritar e eu já me acostumei com isso, mas hoje ela pareceu fazer isso melhor.— Meninos, se arrumem adequadamente, porque hoje temos visita.
— Visita? — Alain perguntou, confuso, enquanto coçava os olhos preguiçosamente.
Eu entendi o que ela queria dizer com "temos visita", significa que um casal veio adotar.— Sim, visita, um casal está procurando adotar um filho ou filha.
— Ah. — foi a resposta de Alain, ele não parecia muito animado. Eu também não estou. Ninguém adota um adolescente de 17 anos, eles querem as crianças mais novas, para curtir a vida com elas. E por mim, tudo bem, porque eu realmente não quero ser adotado. Nunca quis e agora que eu tenho Alain, não quero mais ainda.
A Senhora Dubois ordenou mais uma vez para que nos arrumássemos adequadamente e logo saiu do quarto.— Animado? — perguntei, dando um beijo em sua bochecha.
— Não — ele deu de ombros. — Ninguém adota um garoto de 17 anos.
— Mas você queria ser adotado?
— Eu acho que sim, sinto falta de ter uma família — ele respondeu. — Você sente?
— Eu só sinto falta da minha mãe e, nenhuma mulher que me adotasse podia me fazê-la ama-lá, como eu amei a minha mãe.
Ele deu um pequeno sorriso.
— É lindo o que você disse.
Também sorri e lhe dei um beijo rápido.
— Sabe o que é mais lindo?
— O que?
— Você.
Suas bochechas ficaram coradas, como eu esperava.
Me levantei da cama, comecei a me vestir. E, enquanto eu fazia isso, não conseguia parar de pensar no fato de que eu preciso pedir o Alain em namoro. De uma forma romântica, que eu sei que ele vai gostar. Pode ser clichê como nos filmes, mas moramos em Paris, que culpa eu tenho disso?O casal que chegou ao orfanato, não são nada menos do que um casal lésbico. O que fez Adrien surta um pouco, pois ele quer muito ser adotado, mas não por um casal gay, é claro. Sem falar que Adrien criou muitas esperanças dessa vez, já que a Senhora Dubois deixou bem claro que elas estão afim das crianças mais velhas.
Apesar disso, Alain se deu muito bem com elas. E eu esperava, até porque ele é um gay assumido. Mas não acho que as duas queiram adotar ele. Alain já tem 17 anos, assim como eu. Assim que fizer 18 provavelmente não vai durar mais nem um pouco em casa.— Elas são tão legais! — Alain exclamou, assim que entramos no quarto, depois do casal ter ido embora.
— Verdade — eu concordei. — Oh, você viu a cara do Adrien?
— O Adrien?
— É, quando a Senhora Dubois anunciou que o casal estava procurando por crianças mais velhas ele ficou todo feliz, mas quando viu que o casal eram duas mulheres...
— Ele é realmente um loiro idiota. — Alain disse, com um sorriso enorme.
Me sentei na cama e observei Alain por um tempo. A ideia de o pedir em namoro ainda está intacta, porém, eu quero que seja perfeito, então tenho que planejar tudo com muito cuidado.— Vem cá — o chamei e ele se sentou do meu lado. — Você gosta de poesia, não gosta? — perguntei, apontado para seus livros.
— Sim!
— Tem alguma preferida?
— Claro!
— Me mostre?
Ele se levantou, pegou um dos seus livros que sempre ficam no chão e voltou até mim.
Alain revirou algumas páginas, até achar o que finalmente queria.— Aqui — ele apontou para a página e li o poema. É um lindo poema. — Por que quer saber?
Fechei o livro e devolvi para ele.
— Nada demais.
Ele deu de ombros e colocou o livro no lugar que estava antes.
— Alain.
— Eu? — ele olhou sobre seu ombro.
— Vem me dá uns beijinhos.
Alain corou, porém sorriu. Ele voltou para perto de mim e me beijou.
Eu segurei sua cintura, para joga-ló na cama, e então o beijei mais.
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A cidade do amor
RomanceÀs vezes eu me pergunto, o que pode ser pior do que viver em Paris, a cidade do amor, mas não conseguir acreditar nele?