— Eu fiz pipoca! — me sentei ao seu lado. — Escolheu o filme?
— Sim, o que acha desse?
— O fabuloso destino de Amélie Poulain — abro um pequeno sorriso, me lembrando que era o filme favorito de mamãe. — É muito bom.
— Então vou colocar.
Ele se afastou para se levantar, colocou o filme para rodar e voltou.
Alain se apoiou em meu braço e eu o abracei, enquanto comíamos a pipoca, esperando o filme começar.— Que bom que conseguimos, geralmente a sala fica lotada com as crianças mais novas assistindo programas infantis.
— Ainda bem que a Senhora Dubois decidiu leva-lós para o parque.
— Sim, agora temos uma sala só para nós.
Rocei meu nariz em sua bochecha, o fazendo corar e rir.
— Assistindo filmes, rapazes?
Olhei por trás do meu ombro e odeie o que vi.
— Ou talvez não tenhamos uma sala só para nós. — sussurrei, enquanto apertava Alain mais forte.
Ele se sentou em outro sofá na sala.— Qual é o filme?
— Não é da sua conta, não era nem para você está aqui, Adrien.
Ele bufou e continuo sentando ali.
— Relaxe, tente pensar que ele não está aqui — Alain pegou na minha mão. — Sou apenas eu e você.
Sorri.
— Eu e você. — dei um beijo na sua testa e não larguei sua mão.
Senti o olhar estranho de Adrien sobre nós, mas tentei ignorar. Como Alain disse, sou apenas eu e ele.O filme chegou ao fim.
Sorri, ao relembrar cade pedacinho dele, quando eu assistia com a minha mãe.
Alain tirou o CD e guardou em seu devido lugar.— Vou levar esse pote para cozinha. — avisei à Alain e ele concordou.
Caminhei até a cozinha, deixando o pote sujo com a nossa cozinheira.
Saindo da cozinha, dei de cara com Adrien. Sua posição com os braços cruzados mostrava que ele estava me esperando.— O que você quer, Adrien?
— Admita, você e o Alain estão juntos, não estão?
— Não, não estamos.
Infelizmente.
— Por favor, vocês não sabem nem disfarça! — ele apontou um dedo para mim. — Vocês não desgrudaram nem um segundo do filme, aposto que estão namorando, até porque ele é gay, e você nunca disse nada sobre sua sexualidade ou sobre garotas.
— Olha aqui, Adrien, nós não estamos namorando. E se tivéssemos, isso não séria da sua conta.
— Isso porque você passou sua vida inteira dizendo que o amor não existe.
— E você disse que eu era homofóbico, mas parece que invertemos os papéis.
— Não estou sendo homofóbico!
— Sim, claro.
Ele tinha mais o que falar, mas eu sai andando para me encontrar com Alain. Não vou desperdiçar meu precioso tempo.
— Voltei.
Alain sorriu.
Ah, que sorriso maldito!Ele começou a brincar com os dedos, demostrado seu nervosismo.
— Relaxa, vai dar tudo certo no primeiro dia de aula. — disse, colocando a mão sobre seu ombro.
— Eu espero que sim.
— Crianças, vamos! — a Senhora Dubois avisou e todos começaram a entrar dentro da van do orfanato para irmos à escola.
Eu e Alain escolhemos um lugar no fundo e sentamos juntos. Quando chegamos na sala de aula, não foi muito diferente. Escolhemos um lugar no fundo e sentamos o mais perto possível.
Graças aos céus ficamos na mesma sala.— Queridos, temos um novo aluno, ele foi transferido recentemente — ela jogou seu olhar para Alain. — Poderia se apresentar?
Suas bochechas ficaram vermelhas.
Dei um chute de leve por de baixo da sua cadeira e ele olhou para mim.— Vai lá. — sussurrei.
Ele hesitou por um tempo mas se levantou, e do seu jeitinho desajeitado que eu tanto amo ele se apresentou.— Muito obrigada, Alain. Eu sou a professora de francês, que você seja muito bem-vindo — ele se sentou de volta na cadeira. — Muito bem, então vamos começar a nossa aula.
— Não está sendo nenhum monstro de sete cabeças até agora.
— Por que eles ainda não descobriram que eu sou gay e/ou depressivo?
— Bem, mas sabem que você é órfão — me sentei na mesa e ele fez o mesmo. Pela primeira vez eu não estava sentando sozinho. — As pessoas não são muito legais quando você é órfão, você é meu único amigo, percebeu?
Ele olhou em volta e depois encolheu os ombros.
— Você também é meu único amigo.
— Mas sabe, algumas coisas foi porque eu quis.
— Como assim?
— Eu nunca deixei ninguém me aproximar depois que eu cheguei no orfanato.
— Por quê?
— Não quero sentir o amor, Adrien só estava certo nisso, eu acho o amor uma droga.
— Acha? — ele parecia decepcionado. — Então você nunca vai tentar viver um amor com alguém?
— Não — menti, porque ele não faz ideia de que eu quero viver um amor com ele. — Eu só estou dando uma chance ao amor da amizade.
— Entendi... mas por quê?
— É complicado.
— Tudo bem se não quiser falar.
— Não, eu quero falar, mas não aqui, podemos chegar no orfanato primeiro?
Ele assentiu, voltando a comer um pouco da sua comida, ainda parecendo triste e desapontado.
Foi algo de errado que eu disse?— Alain, está tudo bem?
— Sim, tudo bem.
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A cidade do amor
RomanceÀs vezes eu me pergunto, o que pode ser pior do que viver em Paris, a cidade do amor, mas não conseguir acreditar nele?