Capítulo 9

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— Eu fiz pipoca! — me sentei ao seu lado. — Escolheu o filme?

— Sim, o que acha desse?

— O fabuloso destino de Amélie Poulain — abro um pequeno sorriso, me lembrando que era o filme favorito de mamãe. — É muito bom.

— Então vou colocar.

Ele se afastou para se levantar, colocou o filme para rodar e voltou.
Alain se apoiou em meu braço e eu o abracei, enquanto comíamos a pipoca, esperando o filme começar.

— Que bom que conseguimos, geralmente a sala fica lotada com as crianças mais novas assistindo programas infantis.

— Ainda bem que a Senhora Dubois decidiu leva-lós para o parque.

— Sim, agora temos uma sala só para nós.

Rocei meu nariz em sua bochecha, o fazendo corar e rir.

— Assistindo filmes, rapazes?

Olhei por trás do meu ombro e odeie o que vi.

— Ou talvez não tenhamos uma sala só para nós. — sussurrei, enquanto apertava Alain mais forte. 
Ele se sentou em outro sofá na sala.

— Qual é o filme?

— Não é da sua conta, não era nem para você está aqui, Adrien.

Ele bufou e continuo sentando ali.

— Relaxe, tente pensar que ele não está aqui — Alain pegou na minha mão. — Sou apenas eu e você.

Sorri.

— Eu e você. — dei um beijo na sua testa e não larguei sua mão.
Senti o olhar estranho de Adrien sobre nós, mas tentei ignorar. Como Alain disse, sou apenas eu e ele.

O filme chegou ao fim.
Sorri, ao relembrar cade pedacinho dele, quando eu assistia com a minha mãe.
Alain tirou o CD e guardou em seu devido lugar.

— Vou levar esse pote para cozinha. — avisei à Alain e ele concordou.
Caminhei até a cozinha, deixando o pote sujo com a nossa cozinheira.
Saindo da cozinha, dei de cara com Adrien. Sua posição com os braços cruzados mostrava que ele estava me esperando.

— O que você quer, Adrien?

— Admita, você e o Alain estão juntos, não estão?

— Não, não estamos.

Infelizmente.

— Por favor, vocês não sabem nem disfarça! — ele apontou um dedo para mim. — Vocês não desgrudaram nem um segundo do filme, aposto que estão namorando, até porque ele é gay, e você nunca disse nada sobre sua sexualidade ou sobre garotas.

— Olha aqui, Adrien, nós não estamos namorando. E se tivéssemos, isso não séria da sua conta.

— Isso porque você passou sua vida inteira dizendo que o amor não existe.

— E você disse que eu era homofóbico, mas parece que invertemos os papéis.

— Não estou sendo homofóbico!

— Sim, claro.

Ele tinha mais o que falar, mas eu sai andando para me encontrar com Alain. Não vou desperdiçar meu precioso tempo.

— Voltei.

Alain sorriu.
Ah, que sorriso maldito!

Ele começou a brincar com os dedos, demostrado seu nervosismo.

— Relaxa, vai dar tudo certo no primeiro dia de aula. — disse, colocando a mão sobre seu ombro.

— Eu espero que sim.

— Crianças, vamos! — a Senhora Dubois avisou e todos começaram a entrar dentro da van do orfanato para irmos à escola.
Eu e Alain escolhemos um lugar no fundo e sentamos juntos. Quando chegamos na sala de aula, não foi muito diferente. Escolhemos um lugar no fundo e sentamos o mais perto possível.
Graças aos céus ficamos na mesma sala.

— Queridos, temos um novo aluno, ele foi transferido recentemente — ela jogou seu olhar para Alain. — Poderia se apresentar?

Suas bochechas ficaram vermelhas.
Dei um chute de leve por de baixo da sua cadeira e ele olhou para mim.

— Vai lá. — sussurrei.
Ele hesitou por um tempo mas se levantou, e do seu jeitinho desajeitado que eu tanto amo ele se apresentou.

— Muito obrigada, Alain. Eu sou a professora de francês, que você seja muito bem-vindo — ele se sentou de volta na cadeira. — Muito bem, então vamos começar a nossa aula.

— Não está sendo nenhum monstro de sete cabeças até agora.

— Por que eles ainda não descobriram que eu sou gay e/ou depressivo?

— Bem, mas sabem que você é órfão — me sentei na mesa e ele fez o mesmo. Pela primeira vez eu não estava sentando sozinho. — As pessoas não são muito legais quando você é órfão, você é meu único amigo, percebeu?

Ele olhou em volta e depois encolheu os ombros.

— Você também é meu único amigo.

— Mas sabe, algumas coisas foi porque eu quis.

— Como assim?

— Eu nunca deixei ninguém me aproximar depois que eu cheguei no orfanato.

— Por quê?

— Não quero sentir o amor, Adrien só estava certo nisso, eu acho o amor uma droga.

— Acha? — ele parecia decepcionado. — Então você nunca vai tentar viver um amor com alguém?

— Não — menti, porque ele não faz ideia de que eu quero viver um amor com ele. — Eu só estou dando uma chance ao amor da amizade.

— Entendi... mas por quê?

— É complicado.

— Tudo bem se não quiser falar.

— Não, eu quero falar, mas não aqui, podemos chegar no orfanato primeiro?

Ele assentiu, voltando a comer um pouco da sua comida, ainda parecendo triste e desapontado.
Foi algo de errado que eu disse?

— Alain, está tudo bem?

— Sim, tudo bem.

A cidade do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora