Capítulo 08

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Nota do autor: Desejo a todos um feliz ano novo e uma boa leitura!

A leve brisa da mudança de estação esvoaçava os longos cabelos de Daniel e, por conta da posição em que o sol se encontrava, o loiro de suas madeixas brilhava quase em branco, tornando-o facilmente notável para o brasileiro, que jogava bola a algu...

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A leve brisa da mudança de estação esvoaçava os longos cabelos de Daniel e, por conta da posição em que o sol se encontrava, o loiro de suas madeixas brilhava quase em branco, tornando-o facilmente notável para o brasileiro, que jogava bola a alguns metros de distância. Diferentemente de suas amigas, que assistiam atentamente à partida de futebol, ele fingia mexer em seu celular para não parecer óbvio que admirava Pedro de longe.

A presença do garoto, mesmo distante, provocava um surto de adrenalina repentina em seu corpo, causando tremor em suas mãos e rubor em suas bochechas. Daniel sentia raiva por não conseguir controlar seus hormônios perto do rapaz e agradeceu aos céus que o jogo logo acabou, cessando seus sintomas.

Respirando fundo, tentou se concentrar no que Maryn dizia, mas sua mente distraía-se com a figura sem camisa de Pedro indo em direção ao vestiário. O modo como seu rosto sempre se abria em sorrisos brilhantes ao falar com outras pessoas aquecia o coração de quem estivesse ao redor, porém, vendo que não era o único a receber galanteios do brasileiro, Daniel sentia-se bobo.

Chacoalhou a cabeça a fim de afastar Pedro de seus pensamentos e escutou Anya falar alguma coisa sobre seu cargo administrativo no grupo e sua metodologia para escolher as participantes. Nada daquela conversa o interessava, levando-o ao completo tédio em questão de segundos. Então, apoiou o queixo em uma de suas mãos e, no ato, viu Pedro gesticulando para que se aproximasse. Primeiramente, achou que estivesse alucinando, mas concluiu que era real após o rapaz apontar para o vestiário e lançar uma piscadela em sua direção.

"Daniel, estás a se sentir bem?" Emily sussurrou discretamente próximo ao seu ouvido quando viu o amigo petrificado, olhando fixamente para perto do vestiário, onde o brasileiro esteve a segundos atrás.

"Acredito que estou a alucinar." Balbuciou, piscando algumas vezes como forma de se desprender do transe em que se encontrava.

"Talvez devesse se encontrar com um médico." Daniel se surpreendeu com a preocupação presente na voz de Emily. "Anya pediu para que lhe devolvesse isso, mas não sei se devo depois de sua afirmação." Abriu a mão para que ele visse as gramas de maconha envolvidas num pequeno pacote de plástico.

"Está tudo bem. A erva é do Faraji." Esboçou um sorriso leve e guardou o objeto no bolso. "Agradeça Anya por mim." Foram as últimas palavras proferidas antes de ele sorrateiramente deixar o recinto.

Com o coração tomado de ansiedade, Daniel seguiu para dentro da escola, especificamente para perto da porta do vestiário masculino. Não sabia o porquê de Pedro o ter chamado, mas a voz de seu subconsciente dizia que o garoto correspondia a atração que assolava sua alma. No entanto, tentava ao máximo afastar a tal voz, pois seu maior desejo era não se iludir com outro garoto.

E, enquanto seu ser era tomado pela dicotomia, batia o pé constantemente contra o chão e o único som audível a seus ouvidos eram as batidas ritmadas de seu músculo estriado cardíaco, tornando-o completamente alheio ao que estava acontecendo a sua volta. Por conseguinte, assustou-se com seu nome sendo clamado detrás de si, ressoando algumas vezes no corredor vazio. Virou-se rapidamente na direção da origem do ruído, avistando Aaron, Faraji, Henry, uma garota desconhecida e, para seu desgosto, Amber.

Estava completamente sem reação. Na cabeça ingênua e paranóica de Daniel, se seus amigos descobrissem que estava aguardando o brasileiro sair do vestiário, seria o fim de seu disfarce. Neste exato ponto dessa infame história, atrevo-me a dizer que Daniel estava prestes a colapsar: a forte atração por Pedro e o medo de se assumir juntavam-se e os sentimentos o sufocavam.

"Por onde esteve?! Estivemos a te telefonar e cogitamos a possibilidade de um sequestro." Aaron bronqueou e Daniel recobrou os sentidos, sua mente concentrando-se em arrumar uma desculpa convincente.

Por fora, seus amigos viam olhos levemente arregalados e boca entreaberta atrás de um rosto parcialmente coberto por cabelo. Se os olhos de Aaron fossem espelhos, o garoto se assustaria com o quanto aparentava semelhança com a sua completamente insana mãe.

"Estive em uma reunião de líderes de torcida." Deu de ombros. Sentia-se envergonhado toda vez que contava para as pessoas que participava de um grupo de animadores de torcida. Como consequência, não quis encarar diretamente nenhum de seus amigos, mirando o olhar em seus all stars sujos.

"Isso não importa agora. Hoje é aniversário de Ama!" Aaron continuou como se não tivesse escutado uma palavra sequer que saíra da boca de seu melhor amigo. Daniel fingiu não se importar, desviando o olhar para Henry, que abraçou a moça, até então desconhecida, que ele julgou ser a tal Ama. "Então, planejamos uma pequena festa, estilo árcade. Seria algo um pouco privado na casa de Amber. Estávamos à sua procura para partirmos." O modo equívoco como seus amigos se consideravam árcades fazia Daniel questionar a finalidade de suas amizades.

Daniel abriu a boca à procura de alguma desculpa que fosse convincente o suficiente, mas sabia que era terrível na arte da embromação. Portanto, a figura petrificada e de boca levemente aberta de Daniel perdurou alguns segundos antes que fosse salvo pelo estrondo que a porta do vestiário fez ao se abrir e revelar Pedro, atraentemente molhado e envolto por uma bruma vaporosa.

"Ele não pode. Prometeu-me auxílio na atividade de sociologia." A voz grave e melódica do brasileiro era tudo o que se podia ouvir pelos vazios e reverberantes corredores.

Daniel conteve-se para não suspirar aliviado, dando uma olhada de relance para seus amigos. Se não conhecesse seu melhor amigo, Aaron, há tanto tempo, diria que ele parecia indiferente, mas, no fundo, sabia que estava chateado e, pela primeira vez em seus plenos 16 anos, Dan não desfez seus planos para agradá-lo. Era libertador a mudança de hábitos.

"Estamos de saída." Pedro acenou brevemente para os indivíduos ali presentes, que deram suas devidas saudações e, logo, pegou Daniel pelo braço, guiando-o até a porta da escola.

O toque dos dedos ásperos do garoto contra a fina pele do braço de Daniel fez com que rubor atingisse suas bochechas e pescoço rapidamente, seu corpo esquentando como resposta. Tentou ao máximo afastar a timidez e o nervosismo que tomava conta de todo o seu ser para andar sem que seus joelhos tremessem e seu coração batesse descompassado, porém, era um trabalho árduo.

Em uma manobra de auto-sabotagem, sua mente aumentava a aflição com questionamentos. Gostaria de saber se o rapaz estava sendo amigável ou flertando, mas era incapaz de distinguir as intenções do brasileiro. Óbvio que, para você que lê essa história, a intenção de Pedro é claramente amorosa, mas não julguemos o pobre menino.

"Para onde iremos?" Daniel tentou afastar os pensamentos e a ansiedade conversando com ele. Como já haviam passado os portões da escola, era seguro trocarem palavras sem serem pegos na mentira pelos amigos de Dan.

"Verás." Arqueou as sobrancelhas por um instante e abriu um sorriso largo, com covinhas e rugas nos cantos dos olhos.

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Itapoga (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora