Capítulo 21

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Nota do autor: Este é o capítulo mais longo que eu já escrevi em Itapoga. Feliz dia dos namorados! POR FAVOR, ESCUTE UMA MÚSICA BONITINHA ENQUANTO LÊ. A minha indicação é Besame Mucho - João Gilberto.

Inúmeras estrelas pintavam o escuro do céu e a iluminação acentuava a coloração de outono da vegetação ao longo da estrada, o vermelho e laranja das folhas na árvore de bordo e marrom das que forravam o chão

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Inúmeras estrelas pintavam o escuro do céu e a iluminação acentuava a coloração de outono da vegetação ao longo da estrada, o vermelho e laranja das folhas na árvore de bordo e marrom das que forravam o chão. Daniel pensou que eram lugares como esse que artistas renomados inspiravam suas obras bucólicas... Também pensou que este era possivelmente onde assassinos e sequestradores levavam suas vítimas. Questionava se algum desses pensamentos era objetivo do rapaz ao seu lado.

Seus olhos repousaram em Pedro por alguns instantes, sua mente se esforçando para desvendar suas feições e descobrir para onde estava o levando. Perdia-se na curva de seu maxilar, imaginando como seria percorrer os dedos pela sua extensão e sentir a pele quente do brasileiro sob seu toque.

As doces notas de algum sucesso da bossa nova que tocavam suavemente de fundo, o perfume de sândalo e mar que audaciosamente invadia seus sentidos, o devaneio vívido que tivera sobre senti-lo... Tudo colaborava para a sua atual conjuntura, livre de bom senso e relativamente farta de possíveis desfechos perigosos. Ignorava sua consciência, que perguntava até quando sua confiança excessiva nas pessoas não o levaria para um final trágico.

"Sei que dei-te motivos para não depositar um singelo fio de confiança em mim, mas garanto que valerá a espera. Levo-te hoje em meu lugar secreto, onde permaneço quando o mundo teima em ser cruel e as pessoas parecem uma maré de figurantes alienados." Desviou a atenção da pista para lançar um sorriso reconfortante ao loiro, que tinha olhos levemente inchados e os cílios ainda úmidos de tanto chorar.

Pedro sabia que ele não havia chorado inconsolavelmente apenas pelas palavras insensíveis de Pamela, que aquele era um colapso de alguém que guardou mágoas e preocupações por tempo demais. Era excruciante vê-lo daquela forma, como se já carregasse o peso da humanidade apesar de estar no ápice da adolescência. E esta é uma suposição póstera deste que vos fala, concluída a partir do silêncio que dominava o porsche e de uma leitura da face contraída do brasileiro.

Rodavam por um rumo desconhecido por mais de uma hora, uma estrada fora da cidade sem algum ponto de referência. Qualquer outro indivíduo teria a inquietude pesando a barriga e o medo instalado na garganta, mas Daniel estava de juízo dormente e confiou no rapaz para distrair sua mente taciturna, levando-o para onde tivesse vontade. E assim o fez.

"Daniel, apresento-te ao meu esconderijo." A doce e aveludada voz do brasileiro o tirou de seus devaneios pesarosos e, logo, a visão de Dan foi agraciada por uma... Praia?

Continuou confuso enquanto Pedro estacionava o veículo. Conhecia a hidrografia que banhava o país como a palma da mão, pois era o destino mais óbvio durante o verão, mas não conhecia aquela parte específica. Era uma praia inabitada, iluminada apenas pela grande lua e as estrelas, que deixavam seus rastros sobre o verde esmeralda da água. Porém, a dúvida se deu pelo fato de estarem lá durante o outono, quando a temperatura estava beirando os 10 ºC.

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