Capítulo 20

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Nota do autor: Este é um dos capítulos que necessitam da música de fundo. Peço que leiam escutando a música indicada, que é "Guys my age" de Hey Violet. Informo novamente que vocês podem escutar essa e outras músicas na playlist "Itapoga" no spotify, disponível no link da minha biografia do wattpad. Boa leitura! P.S.: Peguei a música da Fortu Natty :) 

Um misto de laranja, vermelho e marrom tomava a enorme quadra poliesportiva da escola em que estudavam

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Um misto de laranja, vermelho e marrom tomava a enorme quadra poliesportiva da escola em que estudavam. A ornamentação festiva embebia os inúmeros jovens que ali estavam, suas roupas exuberantes à mostra. Uma música dissonante, tocada por um DJ contratado, era tudo que conseguiam ouvir, incoerente aos ouvidos de Daniel.

Tinha uma carranca engessada em seu rosto e uma bela moça em cada braço. As duas loiras a enfeitar os lados de seu corpo eram Maryn e Barbra, que exibiam lindamente vestidos de grife como modelos de passarela. Os braços firmemente entrelaçados nos de Dan garantiam que ele permanecesse no baile de outono e isto explica o porquê de estar com cara de poucos amigos.

Sua intenção inicial era passar o fim de semana a estudar para a avaliação de biologia. Todavia, quando percebeu, Misaki, Maryn e Barbra estavam lançando roupas para fora de seu closet à procura de algo pomposo suficiente para comparecer ao evento. Logo após, notou que se encontrava na maldita festa que tanto evitara, vestindo terno marrom feito sob medida e gravata escura. Uma visão um tanto caricata, pois as roupas extravagantes divergiam da sua figura pessoal, que tinha piercing no lábio, alargador na orelha e cabelos longos.

"Anime-se, caro amigo." Barbra tentou fazer sua voz ser mais perceptível que o barulho ensurdecedor. "Os acontecimentos do baile de outono permanecem no baile de outono." As palavras eram de conforto, mas não atingiram seu objetivo instantaneamente. Ao longo da noite, verá a veracidade do dito acima.

"Se as formosas donzelas me derem licença, vou ao banheiro." A entonação do garoto era repleta de sarcasmo e rispidez.

Desvencilhou-se de suas amigas e saiu do ginásio interno, seus pés o levando para os corredores. Buscava o toalete mais distante de todo aquele ambiente, que sobrecarregava seus sentidos, sendo o motivo de sua fuga a curiosidade acerca de sua aparência física. Não tinha costume de usar trajes formais, quiçá sapatos tão desconfortáveis e de solado vermelho.

A música havia se tornado apenas um ruído abafado ao alcançar o cômodo desejado. Quando empurrou a porta, pensava apenas em como seus pés estariam calejados ao raiar da manhã seguinte. Assim que levantou os olhos para finalmente adentrar, viu Pedro inclinado sobre a pia a arrumar os fios rebeldes de seu cabelo castanho.

Não estava habituado a vê-lo depois do desaparecer do sol, portanto, o efeito que a luz tênue das lâmpadas dava em sua imagem causava certa estranheza no loiro. Estava ali com a pele bem menos dourada, sem parecer que tinha sido beijada pelos raios solares. Continuava dono de uma beleza descomunal, mas era definitivamente diferente.

Parecia bem mais velho com a barba rala perfeitamente aparada, o cabelo jogado para trás e um terno justo, que abraçava seu corpo nos lugares certos. Dan teve que engolir a saliva que se formou ao contemplar o rapaz em roupas que o faziam parecer James Bond ou Ethan Hunt. Concluiu que ficava lindo de vermelho bordeaux e que os botões abertos da camisa social combinavam com sua personalidade despojada.

"Confesso que, apesar de sempre te achar possuidor de exímia beleza, está deslumbrante esta noite." Pedro quebrou o silêncio, seu cheiro de sândalo e mar bem mais próximo de Dan do que ele lembrava segundos atrás. O brasileiro adorava invadir seu espaço pessoal e ele não podia se importar menos, mas, desta vez, deu um passo para longe daquela tentação ambulante.

"Palavras vazias de um galanteador medíocre." Com o olhar firme em suas íris de cor âmbar, mentia descaradamente. Seu coração batia apaixonado contra a caixa torácica, e, a fim de conter um sorriso, o receptor do diálogo mordeu o lábio. "Terá de me impressionar mais se pretende me convencer." Mantinha a voz estável e o corpo a tremer de nervoso.

Fez menção de que deixaria sua posição contra a porta para ir até os espelhos, entretanto, Pedro foi veloz e o segurou pelo braço. Logo, os dois pares de olhos fumegantes se encontraram e o rapaz mais velho deslizou lentamente os dedos pelo tecido acetinado do blazer marrom do outro garoto, parando em sua mão.

Daniel estava completamente sem reação, a boca entreaberta em um questionamento silencioso sobre o que ele iria fazer. Seu corpo o traía, fervendo debaixo de toda aquela roupa e formigando onde Pedro havia tocado. Sentia que entraria em combustão espontânea a qualquer segundo, especialmente depois do ato que veio a seguir.

O brasileiro conduziu sua mão gentilmente para perto de si, na altura de seu queixo. As batidas aceleradas do coração de Dan chegavam a doer e frio tomava seu estômago. Permaneciam com os olhos fixos um no outro quando seus lábios macios entraram em contato com as juntas dos dedos do loiro.

"Beijo teus pés se for esta a tua vontade." A forma como pronunciou cada termo da oração era deliciosamente demorada, a voz mais grave e aveludada que o usual.

Incapaz de retaliar, Dan recolheu a mão e se retirou do banheiro. O mundo inteiro girava, seus pulmões haviam desaprendido a respirar e seus joelhos falhavam na obrigação de mantê-lo de pé. Tinha a certeza que Pedro era fogo e, toda vez que se aproximavam, sentia-se compelido a deixar-se incendiar também.

Assim que saiu, viu Pamela. Estava surpresa de vê-lo ali, suado e eufórico. A confusão rapidamente se tornou uma expressão indecifrável e a razão deste fato era Pedro, que se fazia presente no corredor agora. O torso do rapaz estava a milímetros das costas de Dan, que não estava entendendo a situação até ela iniciar o diálogo.

"Conheço-te como nenhum outro indivíduo jamais ousou, Pedro. Sabia que teria achado uma presa para prover teu entretenimento." A euforia do loiro foi substituída por arrepios, consequência do tom seco que ela usava para se comunicar. "Tua vítima é razoável." Devorou-o com os olhos e ele quis vomitar. Sentiu raiva borbulhar seu sangue, os punhos fechando em reflexo. "Talvez queira dividi-lo." Daniel estava perplexo com tamanho ultraje. "Porém, não se deixe enganar, viadinho, Pedro sempre volta para mim." Lançou-lhe uma piscadela.

Enfurecido, Dan voltou-se para o brasileiro, esperando que ele o defendesse, insultasse-a ou qualquer outra coisa. Pedro estava boquiaberto, em choque com o que tinha acabado de ouvir. Vendo que ele não reagiria, Daniel saiu marchando, enrubescido de raiva.

Se antes fervia em tentação; agora, em cólera. Os ouvidos zumbiam e não escutou a resposta de Pedro a namorada, apenas o barulho de seus sapatos a bater no chão depressa a fim de alcançá-lo e sua voz a chamar pelo seu nome. Lágrimas corriam furiosamente seu rosto, intensificando sua ira. Odiava-se por chorar toda vez que estava enraivecido.

Situavam-se no estacionamento da escola quando Pedro finalmente conseguiu parar a pilha de nervos que era o loiro.

"Peço perdão pelos péssimos modos de Pamela." A frase saiu entre arfadas e, apenas neste momento, Dan percebeu que ele havia deixado a namorada para ir ao seu encontro. "Eu nunca a vi dizendo tal coisa. Eu sinto muito por ter escutado aquilo." Hesitante, Pedro colocou a mão em seu ombro, que tremia compulsivamente enquanto chorava. "Meu coração se parte em milhões de pedaços ao ver-te assim, aos prantos."

Sem levantar a cabeça, Dan atirou-se em Pedro, abraçando-o. Demorou alguns instantes para que o contato físico fosse retribuído, mas, quando sentiu os braços fortes do outro a envolvê-lo, o garoto sentiu-se consolado. O perfume de sândalo e mar era inebriante para seu nariz, que estava enterrado em seu pescoço. Seu toque era quente e confortável como havia imaginado que seria.

"Tenho a ideia perfeita para tirar este semblante soturno de tua bela face." Proferiu depois de um tempo. "Confia em mim para levar-te no melhor lugar de todo o mundo?"

Nota do autor: O que sentiram ao ler este capítulo? Porque eu tive todas as emoções possíveis, ainda mais sabendo que capítulo que vem o beijo acontece! Pedro está devidamente perdoado? Querem que Deus elimine Pamela? Haha Não esqueçam de comentar e votar neste capítulo para que eu tenha a certeza de que vocês gostam desta obra ;) 

Itapoga (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora