Nota do autor: Talvez esse seja o capítulo mais esperado de Itapoga - o hot. Vim aqui lembrar que essa cena não é sobre pornografia, mas sobre conexão. Também vale acrescentar que claramente eu não tinha ideia do que estava escrevendo, então peguem leve no julgamento haha Boa leitura!
Última vez que estivera naquele lugar ainda tinha cabelos longos e uma timidez avassaladora perto do brasileiro. A areia artificial ainda fazia cócegas em seus pés, o vento ainda soprava ares gélidos dos Alpes e o lago também era o mesmo; mas Daniel havia mudado e tudo ao redor teve um novo significado.
Confiou no garoto dourado para levá-lo onde tinha vontade e lá estava ele de novo em Pregny-Chambésy. Não esperava estar ali uma segunda vez, especialmente em tal companhia, porém, esta era uma surpresa reconfortante. Era bom estar alheio ao mundo em uma praia particular depois de passar o dia corroendo-se em ansiedade, tendo agora apenas o alívio a embalá-lo no mesmo ritmo da correnteza da água.
Fazia tempo que não sentia tranquilidade. Era uma pilha de nervos, sempre sufocando-se em um armário sem frestas e, de repente, este esconderijo não existia mais. Seus amigos sabiam e, descobriu no pós-jogo, que eles aprovavam seu relacionamento; sua mãe sabia e o fez prometer antes de partirem um encontro formal para conhecê-los melhor; suas amigas sabiam e torciam para eles darem certo. Finalmente estava em paz.
"Andei fazendo algumas pesquisas sobre a religião iorubá e descobri que não foi Iemanjá, deusa dos mares, que nos abençoou quando entramos no lago naquela noite." Pedro reapareceu ao seu lado com duas taças de espumante, oferecendo uma ao loiro antes de sentar junto dele na areia. Dan aceitou e permaneceu olhando-o a fim de que continuasse a contar sua descoberta. "Oxum é senhora das águas doces e orixá do amor puro e verdadeiro. Foi ela que garantiu que não morrêssemos de hipotermia para vivermos este amor puro e verdadeiro." Dan sorriu em resposta, pensando que o universo finalmente estava conspirando a seu favor.
"Brindemos a ela então." Ergueu sua taça e logo ouviu o clique dos cristais colidindo suavemente. Bebeu em seguida para garantir a sorte e encostou parte do rosto no joelho, observando Pedro distraído ao saborear a bebida de qualidade.
A brisa trazia o cheiro de sândalo e mar para debaixo do seu nariz e o aroma conseguia ser mais entorpecente que qualquer gota de álcool que consumira até ali. E a visão que tinha de seus cabelos bagunçados, de seu casaco caído no ombro e seu rosto parcialmente iluminado pelas lâmpadas da varanda da casa que estavam era melhor que qualquer viagem alucinógena.
"Moro aqui desde o nascimento e nunca tinha notado a beleza deste local." Era maravilhado também pela água escura brilhando debaixo de um lindo céu estrelado e uma enorme lua cheia. "Uma tarde de verão na Plage du Reposoir é incomparável à vista que os diplomatas têm do lago o ano inteiro."
"E isto é ainda incomparável ao formoso oceano atlântico agitando as lindas praias de todo o estado do Rio de Janeiro." Fechou os olhos um instante, respirando fundo em saudade. "Como não posso cruzar o mapa para mostrar-lhe as ondas de lá, que também possuem o compasso e o manejo da música nativa, escolhi este lugar para trazê-lo." Olhou de volta para o receptor do diálogo e eles permaneceram assim por um tempo, observando um ao outro sem dizer nada.
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Itapoga (Romance gay)
RomanceGostaria de possuir um dom que me permitisse resumir essa obra em breves palavras, porém, não sou capaz. Seria de natureza impossível mostrar toda a profundidade psicológica do personagem principal, Daniel, nesse parágrafo; assim como é inviável dim...