Nota do autor: Estou de volta :) e minha meta é postar 4 capítulos nesse mês de junho. Boa leitura!
Os pés de Daniel tinham a memória exata do caminho do trem até em casa, desde a contagem de postes de luz até as falhas no cimento que sustentavam a calçada. Era grato por isso, pois a exaustão tinha feito seus sentidos dormentes. Não bastava Barbra impulsionando-o a performar os movimentos de ginástica com maestria, a terapeuta sobrecarregava sua mente conturbada com assuntos que ele preferia esquecer.
"Terapia nem sempre é confortável, Daniel." A voz dela permanecia clara em seus ouvidos, pois disse a sentença acima em todas as sessões, especialmente quando o garoto se recolhia no assento e se calava no intuito de cessar o tópico da conversa.
Ele suspirou, o ar gélido de outono ardendo em seus pulmões. Pensava apenas que não queria pensar. Nem em Pedro, nem em seus pais, nem em Aaron... Em absolutamente nada. E, para isso, carregava um baseado no bolso, havia o usurpado anteriormente da mochila de Henry. Talvez o universo estivesse enfim conspirando para seu plano dar certo, pois seus três colegas de quarto avisaram que sairiam naquela noite.
Entretanto, ao concluir a travessia até o prédio e impacientemente esperar vinte andares de elevador, viu Vincent dançando em frente ao espelho da sala assim que abriu a porta. Talvez o universo não pudesse colaborar tanto assim para seus planos darem certo e ele teria que se esforçar caso quisesse realmente paz.
"Daniel!" A voz de Vincent subiu uma oitava e ele tinha certeza que era para irritá-lo. "Ajude-me a escolher uma sombra que combine com minhas vestes." Sorriu.
Daniel acreditava que todos os sorrisos do britânico eram maléficos, porque acreditava que ele na verdade uma má pessoa. Porém, não tinha neurônios suficiente para contrariar o indivíduo imprevisível que, há pouco mais de duas semanas, decidiu em minutos dar-lhe um novo corte de cabelo. Se ele aprontasse algo do gênero, não teria forças para protestar.
"Azul." Foi a única palavra que seu cérebro conseguiu produzir antes de ele colapsar no grande sofá cinza que decorava o ambiente.
Estava tão cansado e, de certa forma, acostumado com a situação que nem se espantou ao ver Vincent usando apenas uma calça rosa berrante e nada mais; também não se espantaria se ele saísse de casa assim, mesmo os termostatos anunciando 10 ºC.
"Descobri de onde conheço teu amante." Isso definitivamente espantava Dan. Tanto o surpreendia que seu cérebro resolveu raciocinar além da exaustão, pois ele nunca havia dito que conhecia Pedro. E algumas informações na boca de Vincent sempre poderiam se tornar perigosas, ainda mais quando dita informação era proferida com tranquilidade enquanto o idiota britânico continuava a passar sombra nos olhos despretensiosamente. "Pamela também faz artes cênicas, então acabei esbarrando nele em algumas festas da faculdade. Conheço apenas a garota, ela é um charme." Não conseguiu impedir seus olhos de revirarem em ironia. Eram cobras da mesma laia, claro que se conheciam.
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Itapoga (Romance gay)
RomanceGostaria de possuir um dom que me permitisse resumir essa obra em breves palavras, porém, não sou capaz. Seria de natureza impossível mostrar toda a profundidade psicológica do personagem principal, Daniel, nesse parágrafo; assim como é inviável dim...