Capítulo 14

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Nota do autor: A música acima é All the time - Jeremih. (Existe uma playlist no spotify com todas as músicas que apresento ao longo da narrativa. Procure por 'Itapoga' ou acesse o link da minha biografia).

Os dedos de Barbra deslizavam sobre a pálida pele do rosto de Daniel, deixando-o desconfortável com o líquido neon que formava uma listra fluorescente em sua bochecha

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Os dedos de Barbra deslizavam sobre a pálida pele do rosto de Daniel, deixando-o desconfortável com o líquido neon que formava uma listra fluorescente em sua bochecha. Ela era ótima na arte de convencer as pessoas a fazerem o que desejava.

A música era absurdamente alta e o grave fazia tremer os corpos dançantes que ocupavam todo o apartamento. A luz negra realçava a pintura neon que estava presente na maioria dos convidados e, em alguns casos, viravam borrões coloridos ao se mexerem rápido demais. Por último, menciono que, apesar de ser uma recepção aos novos integrantes do time de líder de torcida e futebol, havia jovens que não pertenciam aos esportes acima citados.

"Estás deslumbrante." Amber riu da expressão facial de desgosto que Daniel fez ao abrir a câmera do celular e checar o que a amiga havia feito em seu rosto. "Rosa choque é a sua cor." Continuou elogiando o garoto de forma jocosa.

"Concordo." Barbra disse antes de beijá-lo na bochecha como forma de se desculpar e sumir na multidão.

A fim de esquecer o quão ridículo se sentia, bebeu o copo de vodca que tinha em mãos em um só gole e arrependeu-se instantaneamente. A bebida desceu queimando seu trato digestivo e deixou sua visão turva por alguns segundos. Agradeceu aos céus por estar sentado, pois acreditava que teria ido ao chão com a sensação.

"Adoro esta música!" Amber declarou ao ouvir alguma música eletrônica que Daniel era incapaz de identificar. Para ele, todas soavam iguais. "Gostas de dubstep?"

"Não." Franziu o cenho, pois acreditava que era óbvio seu gênero musical favorito pelo seu estilo de se vestir. "Escuto metal apesar de estar fissurado em jazz brasileiro ultimamente."

"Não conheço." Disse apenas, porque teve a atenção roubada por algo atrás do garoto. Ele jurava que havia presenciado ela ficar boquiaberta e com um brilho nos olhos nunca visto antes.

Repentinamente, virou parte do corpo em direção ao fascínio de Amber e se deparou com Pedro. Cumprimentava Barbra e, pelo o que julgou dos gestos que fazia, apresentou a namorada a ela. Pamela, que ficava naturalmente linda de braços entrelaçados com o garoto que Daniel estava perdidamente apaixonado, sorria e deixava Barbra cobrir parte de seu rosto com a maldita tinta neon.

Não querendo admitir que sentia inveja da atual posição da linda moça que Pedro exibia com tanta alegria, voltou a sua posição inicial no sofá, porém, uma carranca estampava seu rosto. Por dentro, o pesar de seu coração cheio de ressentimento substituiu o efeito que a vodca estava fazendo em seu corpo.

"Precisarei de outra bebida se pretendo estender minha estadia até o final deste evento." Manifestou seu pensamento e a garota ali ao seu lado saiu do pequeno transe em que se encontrava graças ao aparecimento dos brasileiros.

"Providenciarei, pois acho que sair deste ambiente me fará bem." Sua mente turva de pensamentos era clara para o jovem que deixara sentado e sozinho.

Daniel fechou os olhos por um segundo e suspirou. Odiava o que sentia pelo rapaz, mas sabia que levaria um tempo para superar essa paixão adolescente. Ainda de olhos fechados, deixou a raiva de si mesmo e a tristeza de ter visto o casal dominar seus pensamentos. Estava cansado de reprimir seus sentimentos e a leve embriaguez ajudava a não se importar com autocontrole.

O ruído de alguém sentando próximo a ele no sofá o fez sair de seus devaneios. Tinha certeza de que era Amber voltando da cozinha com as bebidas que havia prometido e não teve vontade de abrir os olhos. Sabia que os diálogos com a menina não eram produtivos, pois nenhum dos envolvidos flertava.

"Estás dormindo?" A voz grave e os lábios pressionados contra a orelha de Daniel o fizeram voltar a consciência em um sobressalto. Esperava qualquer um sentar naquele estofado, exceto Pedro. "Olá." Abriu um sorriso de canto de boca quando as íris azuis do loiro encontraram as suas próprias.

Daniel estava sem reação ao vê-lo. Tinha tinta neon nas bochechas e nos braços como todos naquele apartamento, porém, diferente de si mesmo, ficava lindo de rosa fluorescente.

"Não deverias aprisionar teus cabelos no alto da cabeça." Permaneceu paralisado enquanto o brasileiro puxava o elástico que mantinha o coque, fazendo com que as longas madeixas caíssem pelos seus ombros e se aninhassem ao seu torso. "Prefiro teus cabelos ao vento." O rosto do garoto ficou corado como resposta.

Pedro levantou e foi até a namorada, que dançava sozinha na multidão de pessoas que ocupavam a sala. Gostava de provocar e Daniel tinha a impressão de que não era o único a ser objeto de seus incitamentos, o que voltou a deixá-lo enfurecido. Consequentemente, decidiu que precisava esquecer os lábios do outro rapaz acariciando seu lóbulo auricular enquanto escutava sua voz aveludada se juntar ao grave da música.

"Deveríamos dançar." Foram as primeiras palavras que dirigiu a Amber assim que retornara com dois copos plásticos.

"Adoraria." Sorriu para Daniel antes de brindarem e beberem vodca de uma só vez.

Os sintomas de embriaguez invadiam os dois jovens. Os olhos pesados, a consciência leve e a tontura fazia com que seus movimentos de dança se tornassem incrivelmente toscos, mas era correspondente ao que os outros adolescentes performavam.

Dançavam perto um do outro, mas não perto suficiente para pensarem que eram um casal. Diferentemente do loiro e sua amiga canadense, Pedro e Pamela produziam uma cena quase obscena de tão próximos que estavam. Ele passava as mãos por toda a extensão de suas curvas e ela retribuía friccionando o quadril contra o dele.

Impossível de ignorar, sentiu a cólera percorrer seu sangue alcoolizado e, como consequência, beijou Amber impulsivamente. Ela, surpresa, demorou alguns segundos para retribuir, mas não o rejeitou. Trocaram saliva e carícias desajeitadas ao som de alguma música genérica e libertina. Ambos tinham conhecimento que o beijo não possuía paixão, nem mesmo um pouco de atração, entretanto, continuavam.

Teve vontade de abrir os olhos para ver se Pedro o assistia e assim o fez ainda entrelaçando sua língua com a da garota. Avistou imediatamente os brasileiros em amassos imorais, porém, para seu espanto, o rapaz o encarava de volta. Seus olhos eram penetrantes e pareciam transpassar as camadas de tecido epitelial que formavam sua pele, causando arrepios e estímulos a sua libido.

Daniel experimentava pela primeira vez um calor incessante que tomava seu corpo por completo, deixando-o com a sensação de que queimava em brasa viva. Desejava tanto os lábios de Pedro contra si mesmo que conseguia sentir seu perfume de sândalo e, pela intensidade do olhar que recebia dele, era quase certo que havia reciprocidade.

O fim da música trouxeram os dois de volta ao plano de realidade que viviam, onde a atração que sentiam era apenas parte de suas imaginações. Confuso com o ocorrido, desvencilhou-se de Amber e disse a ela que iria à cozinha buscar bebida. Até a sua caminhada em direção ao cômodo que prometeu estar era incerta e desequilibrada.

Escorou-se em um dos armários da cozinha e a cena anterior passou em sua mente, a memória vívida. Pedro era um enigma com seus sinais sinuosos, concluiu.

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Itapoga (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora