Capítulo 30

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Nota do autor: Dois capítulos em duas semanas, esse é o meu recorde haha Boa leitura! 

O céu já não possuía a mesma coloração alaranjada de quando o sol se punha no início da estação; e a grama ficava mais áspera a cada dia, perdendo o verde vibrante que o lembrava da primeira vez que estivera ali numa tarde de verão

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O céu já não possuía a mesma coloração alaranjada de quando o sol se punha no início da estação; e a grama ficava mais áspera a cada dia, perdendo o verde vibrante que o lembrava da primeira vez que estivera ali numa tarde de verão. Suspirou, pensando em que momento de sua vida passou a odiar o sol ameno do outono e lembrar do calor escaldante do verão como algo bom.

Odiava ser pessimista, mas o que havia dito mais cedo para o diretor era verdade. Não sabia quem era. Não possuía mais cabelos longos, escutava bossa nova, adorava o verão. Talvez mudanças radicais faziam parte de seu crescimento adolescente... Ou Pedro era o culpado de tudo o que estava acontecendo em sua vida, pensou enraivecido.

Não duvidaria se isso fosse real, pois nunca demonstrou traços de uma personalidade violenta e, mesmo assim, foi capaz de acertar-lhe o rosto de forma tão brutal. Olhou para própria mão, ferida do acontecimento, e questionou por que não conseguiu conter o impulso de atingi-lo. Sabia que queria feri-lo, pois não era justo ser o único a sofrer, mas seu senso de moral havia o impedido de fazer tal coisa no passado. Perguntou a si mesmo se estava despido de autocontrole e o próximo passo era aparecer nos veículos de comunicação como mais novo autor de crime passional. Esperava que não.

De pernas bambas e sentidos dormentes, concluiu a travessia pelo campo até o vestiário. Os treinos estavam se tornando cada vez mais cansativos, ainda mais pela vontade incessante de Barbra de fazê-lo abrir um espacate perfeito antes do grande jogo que se aproximava. Seus músculos clamavam por misericórdia e água fria para diminuir a dor.

Porém, neste universo, seu destino era diferente. Teria de enfrentar Pedro, porque o mesmo se encontrava sozinho no vestiário, provavelmente a espera do loiro. Respirou fundo a fim de conter sua vontade de chorar. Não queria ter que se desculpar, mas sentiu remorso ao ver o perfeito nariz do brasileiro inchado, ocupando parte de seu rosto como um intruso. Também não queria ter que lembrar da cena do fim de semana, ainda tão nítida e dolorosa em sua mente. Porém, a terapeuta disse na única sessão que tiveram que ele precisava enfrentar seus problemas de frente e era exatamente isso que ele iria fazer.

"Fico feliz de meu nariz não ser o único a parecer que saiu de uma guerra." Seus olhos miravam sua mão machucada. "Tens uma força impressionante, Rocky Balboa." Pedro optou por humor como forma de quebrar o silêncio, mas Daniel não esboçou reação alguma. "Vim apenas conversar, então, por favor, não acerte-me outro soco." Levantou do banco que estava sentado e aproximou-se do loiro cuidadosamente.

"Gostaria que não ficasse me lembrando do meu ato de insensatez." Daniel fechou os olhos por um instante, tentando não se sentir afetado pela presença dele. "Não acredito que há o que conversar." Abriu os olhos, mas não se permitiu encará-lo, então falava para a parede além do ombro do garoto. Sua parte irracional clamava pelo conforto das íris âmbar dele, mas sabia que seria muito difícil não permitir uma outra ilusão se o olhasse. "Tivemos uma noite incrível, trocamos segredos sobre o universo e, repentinamente, esteve a desaparecer por uma semana inteira. Se quisesse apenas meu corpo, poderia ter falado antes de eu me apaixonar." Seu lábio se contorceu num sorriso desgostoso. "Eu acreditei que o que tínhamos era real. Você deu aval para eu continuar a cair neste abismo que é te amar, tudo isso para destruir-me ao atingir o chão." Seus olhos estavam marejados outra vez, mas não derramaria outra lágrima por alguém que não valia a pena.

"Eu gostaria muito de contar-lhe o porquê de ter sumido, mas não é algo que estou pronto para dizer, portanto, preciso que confie em mim." Repousou a mão em seu braço, afagando-o. Daniel travava uma batalha interna entre a vontade de tirar a mão dele dali e deleitar-se em seu contato. "Este sou eu, desapareço quando sou sufocado pelos meus próprios sentimentos. Preferi poupar-lhe da mágoa que minhas palavras te causariam, apenas enquanto me recompunha."

"Poupe-me de suas meias desculpas." Daniel o interrompeu repentinamente colérico,  revirando os olhos. "Pedro, eu te vi nos braços de Pamela e Amber!" Desvencilhou-se da mão que o acariciava, uma lágrima fugitiva descendo quente em sua bochecha. A ênfase no nome da colega de torcida foi acompanhado de muito ultraje. "Não sei em que mundo vive, mas, no meu mundo, as pessoas não declaram amor eterno a alguém e, logo após, ressurgem em amassos imorais com outras duas pessoas." Daniel teve que se afastar do rapaz, pois seu sangue fervia em ódio novamente e sentia uma tremenda vontade de deformar permanentemente aquele maldito rosto perfeito.

"É exatamente sobre isso que vim falar. Naquele dia, Pamela colocou algum entorpecente em minha bebida. Nem lembro de ter ido à festa, nem de ter me relacionado com alguma delas. Recordo-me apenas de ter acordado grogue na manhã seguinte, acompanhado de Pamela de um lado e Amber de outro. No entanto, não tenho um álibi confiável para confirmar meu estado de inconsciência." Cessou seu pequeno monólogo para tocá-lo novamente. Desta vez, posicionou um dos dedos abaixo do queixo de Dan no intuito de seus olhos se encontrarem. "Parte meu coração te ver tão magoado, porque, apesar de tua incredulidade, a paixão que sentes é recíproca."

Era nítido a reação corpórea que aquele simples conjunto de palavras tinha em Daniel, porque logo seu rosto tratou de enrubescer. No impulso do furor, acabou confessando estar apaixonado pelo brasileiro sem perceber. Ao menos não foi o único a dizer tal coisa ou carregaria o embaraço até o fim de seus dias.

"Perdoe-me." O rosto de Pedro estava mais perto que anteriormente, o nariz arroxeado a milímetros dele.

Pensar se tornou uma tarefa impossível com o calor que irradiava da pele de Pedro, aquecendo-o; o perfume de sândalo e mar tão forte em seu olfato que o desorientava. Ele sabia do efeito que tinha sobre Daniel, mas não poderia cantar vitória tão cedo, porque o menino estava obstinado a considerar o próprio bem-estar primeiro.

"Quero um tempo para refletir sobre o que pode possivelmente ocorrer entre nós no futuro." Suspirou em meia derrota. Não quis se desprender de suas mãos quentes ou da proximidade confortável, então sua sentença saiu trêmula e incerta. "Levarei em consideração tudo o que disse, mas não pretendo esquecer o seu desaparecimento, porque acredito que não será o último. Então, preciso pensar."

"Tudo bem." Acenou positivamente e, rapidamente, acabou com a distância entre eles para selar seus lábios em um beijo breve. "Quanto tempo?"

"Duas semanas, até o jogo."

Nota do autor: E aí, ficaram com dó do Pedro depois dessa? Eu fiquei haha Dani é dramático, né? Fez aquela cena inteira para descobrir que nem foi totalmente culpa do Pedro. Não esqueçam de VOTAR e COMENTAR para me motivar a continuar <3

Itapoga (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora